Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

Evento começa às 19h e contará com a presença do escritor Kandiero, autor da obra; narrativa aborda temas como o racismo e as desigualdades do Paraná e do Brasil

Nesta sexta-feira (5), das 19h às 21h, a Biblioteca Pública Municipal (Avenida Rio de Janeiro, 413, Centro) receberá o lançamento do livro “O Bispo Negro, os Homens Bons e a Santa Eugenia Curitibana”, do escritor e ativista Adegmar da Silva, mais conhecido como Kandiero. O evento é aberto ao público e contará com sessão de autógrafos.

O livro custa R$ 53 e pode ser comprado pelo site da Editora Humaitá (clique aqui) e retirado no dia do evento.

“O Bispo Negro” narra um diálogo durante uma vigília religiosa em uma igreja, em que são apresentados os questionamentos de um bispo sobre mitos e símbolos presentes na história de Curitiba. Além de tratar da religião, a obra critica ideologias eugenistas, aborda questões sociais, morais, históricas e políticas do Brasil, e reflete sobre o passado escravocrata do país.

Um dos temas abordados na narrativa é o Paranismo, um movimento cultural criado para buscar uma identidade regional paranaense. O livro expõe a relação entre esse movimento, o racismo científico e a eugenia, e aponta a forma como ele exclui as culturas negra e indígena da história do Paraná.

Residente em Curitiba, Kandiero é ativista do movimento negro e apontou que a obra está em sintonia com sua trajetória. “Eu penso que o homem negro e a mulher negra, quando escrevem, escrevem muito com a alma deles. É isso que nós chamamos de ‘escrevivência’, a gente escreve muito o que a gente vive”, pontuou. Além de escritor, Kandiero é professor, pesquisador, mestre de capoeira e presidente fundador do Centro Cultural Humaitá – Centro de Estudo e Pesquisa da Arte e Cultura Afro-brasileira.

O livro é um lançamento da Editora Humaitá, que busca valorizar a presença negra e a herança cultural afrodescendente no Paraná. Kandiero é um dos proprietários da editora e já publicou diversos livros e textos em coletâneas. Algumas das obras são “Tempo é Rei em Curitiba” e “Mulheres de Axé”, ambas escritas em parceira com Melissa Reinehr, que também é proprietária da editora.

De acordo com Kandiero, “O Bispo Negro” vem como uma resposta à invisibilidade e à negação da cultura negra no estado. “Nós pesquisamos a presença negra no Paraná há mais de 10 anos, junto com o Centro Cultural Humaitá. Estamos antenados a tudo o que está acontecendo na nossa cidade, no nosso estado, no Brasil e no mundo”, relatou.

Segundo o autor, a escrita do livro levou cerca de dois anos, mas é fruto de todo o seu período de pesquisa sobre o assunto. Ele afirmou que também realiza o projeto Linha Preta, que é um percurso turístico feito no centro histórico de Curitiba, buscando dar visibilidade à contribuição negra para a construção física e social da capital paranaense. “A gente conta histórias que a história não conta”, apontou.

O livro já foi lançado em Curitiba e também tem um lançamento previsto em Paranaguá.

Kandiero afirmou que pretende levar “O Bispo Negro” para outras cidades do Paraná. Dessa forma, busca ser conhecido em outros lugares e conhecer novos escritores. “Se faz importante furar as bolhas. Tem trabalhos muito bons sendo feitos, mas que não saem da cidade”, destacou.

Fernanda Ortenzi/NCPML

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.