Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

Governistas defendem votação de projeto que regulamenta plataformas de redes sociais

Deputados da oposição subiram à tribuna para defender as declarações do empresário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), sobre o que consideram ser uma ação de censura do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes em relação a perfis de usuários da plataforma. Já deputados da base governista classificaram a atitude de Musk como afronta à soberania nacional e defenderam votação do Projeto de Lei 2630/20, para regular as plataformas das redes sociais.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) criticou a falta de clareza nas decisões de bloquear contas. “Qual parlamentar de esquerda já teve suas contas bloqueadas? Eu tive minhas contas bloqueadas logo após as eleições do ano passado e eu não sei o porquê disso. Eu não tenho acesso aos autos”, afirmou.

Para o deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), Musk foi corajoso "ao enfrentar a verdadeira censura instalada no Brasil". Bilynskyj afirmou que as contas da rede social eram suspensas sob ameaça de multa, mas a informação divulgada era a de que a suspensão ocorria por violações dos termos de uso. "A censura nunca é direta. A censura nunca é clara. Ela nunca diz: 'Vou censurar você'. A censura cria mecanismos para se disfarçar, para se esconder", disse.

O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) reconheceu a necessidade de responsabilização das plataformas de redes sociais, mas questionou o viés político da proposta em discussão na Câmara (PL 2630/20). "A quem vai interessar a regulação neste momento? O projeto de regulação das mídias digitais está isento de viés político? Claro que não", disse. O deputado afirmou que ficou por dois anos sem acesso a redes sociais. "Estamos diante de um momento desta nação em que há um Senado de cócoras, há políticos acovardados."

Soberania

Para o deputado Ivan Valente (Psol-SP), a ação de Musk fere a soberania nacional. "O que está acontecendo no Brasil é muito grave, essa interferência internacional da extrema direita", afirmou.

Também a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) criticou a posição de parlamentares a favor das ações de Musk. "Como é que um parlamentar do Brasil, que representa o povo brasileiro, pode vir a esta tribuna fazer a defesa de alguém que quer violar a democracia brasileira, que quer invadir a soberania brasileira, que quer agredir a Suprema Corte do Brasil, que agride o Ministro Alexandre de Moraes e também o Presidente Lula?"

Para o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), a ação de Musk seria tanto para fortalecer a extrema direita mundo afora, como para defender seus negócios. "Precisamos entender quais são os negócios dele, defender o Judiciário brasileiro, fazê-lo respeitar — é uma questão de soberania. Ao mesmo tempo, precisamos regulamentar as big techs para que não continuem a disseminar fake news, por meio de montagens combinadas de supostas reportagens", disse, em relação aos chamados Twitter Files, reportagem com supostas trocas de e-mails de funcionários do Twitter no Brasil que mostrariam como eles teriam reagido a pedidos feitos por autoridades brasileiras entre 2020 e 2022, antes de Musk comprar a companhia.

Entenda o caso

Nos últimos dias, o bilionário Elon Musk ameaçou descumprir decisões judiciais brasileiras e reativar perfis de usuários bloqueados. Musk também fez ataques ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, acusando-o de censura e de ameaçar prender funcionários da rede social no Brasil.

No domingo (7), Moraes determinou a investigação de Musk e incluiu o bilionário no inquérito de milícias digitais, por obstrução de Justiça e incitação ao crime e abuso de poder econômico. Caso o antigo Twitter não obedeça as decisões judiciais, Moraes determinou multa de R$ 100 mil para cada perfil que for reativado.

Os acontecimentos geraram diversas reações de políticos e autoridades nos últimos dias. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que é fundamental a regulamentação das redes sociais no Brasil. "Não é censura, não é limitação à liberdade de expressão, são regras para o uso dessas plataformas digitais que não haja captura de mentes de forma indiscriminada e possa manipular desinformações, disseminar ódio, violência, ataques às instituições", disse.

O Senado aprovou em 2020 o projeto de lei das fake news (PL 2630/20), que entrou na pauta do Plenário da Câmara em 2022 e 2023, mas não chegou a ser votado por divergências em relação ao relatório do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

Tiago Miranda/Agência Câmara de Notícias

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.