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O deputado estadual Marcio Nunes, membro da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), se reuniu com produtores rurais, técnicos, pesquisadores, representantes de instituições públicas e entidades de classe, para debater o calendário de semeadura e colheita da soja no Paraná.

A audiência pública, com o tema “O plantio da Safrinha da Soja”, aconteceu na última terça-feira (14), no Plenarinho da Alep. O prolongamento do prazo para o plantio da cultura possibilitaria aos produtores paranaenses o cultivo da segunda safra de soja, a chamada “soja safrinha”.

O encontro foi solicitação dos produtores para a apresentação aos técnicos do Estado da experiência que adquiriram com a prática do calendário da cultura. “É um tema importante e deve ser debatido para encontrar soluções”, lembrou Nunes.

Em Santa Catarina, a Secretaria de Agricultura autoriza o plantio depois da data.

De acordo com as normativas da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), a soja pode ser plantada no Paraná apenas no período de 16 de setembro a 31 de dezembro. A lavoura precisa estar colhida ou com plantas dessecadas até 15 de maio. Também não é permitido o cultivo de soja por dois períodos consecutivos na mesma área, dentro do mesmo ano agrícola. A medida foi adotada como uma tentativa de quebrar a resistência dos fungicidas à ferrugem asiática. A doença causada pelo ataque de um fungo e transmitida pelo ar é uma das principais ameaças à cultura.

A adoção de datas específicas para o cultivo da soja é uma novidade na safra 2016/2017 e, segundo alguns produtores, inviabiliza o cultivo da segunda safra. “Essa medida está causando muitos danos à agricultura, principalmente no Sudoeste do Paraná. Ela precisa de uma flexibilização com relação às suas datas para que haja uma viabilização das pequenas propriedades, pequenos agricultores e nossos municípios. Hoje, essa medida está restringindo o plantio de uma forma abrupta em 31 de dezembro, e isso está ocasionando vários prejuízos para os nossos agricultores”, afirma Rubens Cheron, engenheiro agrônomo e representante da Comissão de Agricultores, Cooperativas e Revenas de Insumos do Sudoeste do Paraná.

A proposta apresentada pelos produtores rurais é a dilação do prazo até 15 de janeiro, permitindo dessa forma o plantio da soja em áreas antes ocupadas com a primeira safra de feijão ou com milho para silagem. A prorrogação também facilitaria um melhor planejamento dos produtores para evitar prejuízos com os imprevistos climáticos. “Entendemos que não adianta ficar discutindo sem levar ao conhecimento das nossas autoridades. Fizemos um documento que foi feito e amplamente discutido na nossa base, trouxemos para a Adapar e discutimos com seus técnicos. Entendemos que através desse diálogo vamos conseguir algum avanço”, esclareceu Ari Reisdoerfer, presidente do Sindicato Rural dos Empregadores de Clevelândia.

Na contramão da proposta apresentada pelos produtores rurais do Sudoeste do Paraná, a Federação dos Engenheiros Agrônomos do Paraná e a Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná) manifestaram publicamente o apoio às normativas da Adapar e à manutenção dos prazos já adotados. A postura está amparada em pesquisas e nos riscos que a segunda safra pode representar para a manutenção da cultura. “Um dos problemas que vemos afetando diretamente o produtor rural é o aumento do custo de produção, consequentemente, a diminuição da renda. A questão da dificuldade do controle da ferrugem asiática e, com isso, diminuindo toda a produção da cadeia da soja, é outro ponto”, ponderou Ivo Carlos Arnt, presidente da Comissão de Grãos da Faep.

Durante o debate, foram apresentados alguns dados técnicos utilizados pela diretoria da agência na tomada da decisão por adotar o calendário. De acordo com o diretor de Defesa Agropecuária da Adapar, a primeira safra de soja ocupa mais de 5 milhões de hectares no Paraná, enquanto a segunda safra está presente em apenas 150 mil hectares. O uso de agrotóxicos é até dez vezes superior na safrinha em comparação com a safra convencional. A falta de controle da ferrugem asiática poderá representar em um prejuízo de R$ 39 milhões às propriedades rurais e a extinção de 430 mil empregos.

Segundo o presidente da Adapar, Inácio Afonso Kroetz, existem áreas de pesquisa implantadas na região Sudoeste para avaliação da medida, mas que, no momento, a decisão é pela limitação no plantio da safrinha. “Esse plantio não é recomendado tecnicamente porque induz ao uso exagerado de fungicidas, e nós temos poucas moléculas hoje que realmente ainda têm ação. Em poucos anos, a eficácia do tratamento caiu de 80% para 40%, restando praticamente inútil. Isso é um risco para o futuro da soja”, alerta.

O representante do Ministério da Agricultura no evento, o auditor fiscal federal agropecuário Marco Alencar afirmou que a função do Ministério é apenas emitir instruções normativas, mas que, mesmo assim, já iniciou as tratativas com o estado de Santa Catarina para implantação de um calendário para o cultivo da soja.

Asimp/Alep

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