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Glauber Silveira, que estará no Fórum do Agronegócio 2019, defende investimentos privados no setor de infraestrutura

“A logística é e será sempre um grande desafio para qualquer país exportador. Mesmo os EUA, que têm uma logística excelente, a todo momento falam na necessidade de se investir mais”, afirma o vice-presidente da Associação Brasileira de Produtores de Milho  (ABRAMILHO), Glauber Silveira. Ele é um dos convidados do Fórum do Agronegócio 2019, que acontece dia 8 de abril, a partir das 13 horas, no Recinto Horácio Sabino Coimbra, no Parque Ney Braga, durante a ExpoLondrina. Com o tema “Potencializar o Agro: da infraestrutura à agregação de valor. Soluções?”, o evento é uma realização da Sociedade Rural do Paraná (SRP).

Silveira participa do painel “Agro: mercado interno e externo e suas perspectivas para agregação de valor”, que terá como moderador o jornalista e economista Ricardo Amorim. O painel contará ainda com a presença de Péricles Salazar, da Associação Brasileira de Frigoríficos (ABRAFRIGO), e Bartolomeu Braz Pereira, presidente da Associação Brasileira de Produtores de Soja (APROSOJABrasil).

Segundo Silveira, no Brasil, embora a pauta logística esteja sempre presente a cada novo governo, o assunto pouco avança. “Cada vez que muda o governo, as expectativas são renovadas e, com o atual, não é diferente. Ele nos dá sinais de boa vontade mas, infelizmente, o País esbarra em falta de recursos. Quando se quer fazer, falta dinheiro”, diz.

De acordo com ele, o Brasil tem crescido baseado nas exportações, principalmente de commodities. “Mas, segundo dados do Ministério do Transporte, ao contrário de outros países exportadores que fazem parte dos BRICS (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), nós somos o país que menos investe em transportes”, aponta.

Segundo Silveira, o Brasil investe apenas 0,42% do seu PIB em transportes, enquanto China investe 10,6%, Índia 8% e Rússia 7%. “O Departamento de Competitividade e Tecnologia da FIESP apontou que a situação caótica de portos e estradas impõe perdas anuais de US$ 4 bilhões à agricultura e de US$ 17 bilhões à indústria. No total, o Brasil tem um prejuízo de US$ 23 bilhões com isso”, afirma.

De acordo com vice-presidente da ABRAMILHO, o problema é agravado pela matriz de transporte brasileira, composta por 61% de rodovias, 21% de ferrovias e 14% de hidrovias. “Temos que mudar esta matriz. Ao menos 60% dela tem que ser ancorada em ferrovias e hidrovias. Essa mudança ajudaria a cortar em 41% o consumo de combustíveis fósseis. Para transportar uma tonelada de alimento em um trecho de 1 mil km, gasta-se 56 litros de combustível em rodovias, 10 litros por ferrovia e apenas 5 litros em hidrovias”, explica.

Silveira adianta que, para um país exportador como o Brasil, a logística é o ponto-chave para a competitividade. “O atual governo fala em abrir para os mercados externos, se mostra mais liberal, porém como garantir que a nossa produção possa competir com o da China, onde o transporte custa 20% do nosso? Quando temos custos altíssimos de impostos, energia, combustíveis e de um transporte precário baseado em rodovias, à mercê de um tabelamento?”

Segundo ele, se no Paraná há portos e estradas relativamente bem conservadas, é porque teve uma evolução nos últimos anos. “O Porto de Paranaguá é, atualmente, o mais eficiente apesar de perder ainda em níveis internacionais. Mas o Estado ainda enfrenta um alto valor de frete, qualquer percurso maior que 300 km reduz muito a competitividade. Em outros estados, a situação é caótica. Santa Catarina, por exemplo, é um estado exportador cuja única BR duplicada é a que margeia as praias, um absurdo. As BRs do Mato Grosso que dão acesso aos portos são extremamente precárias. A BR163 nem é totalmente asfaltada”, aponta.

Para Silveira, é preciso priorizar os recursos, já que há um déficit de investimentos de R$400 bilhões. “Tudo é prioritário. E quando o governo investir este recurso, já serão necessários outros R$ 400 bilhões. Por isso, o incentivo ao investimento privado é fundamental”, afirma. Para que o investimento venha, segundo ele, é necessário desburocratização e priorização de licenças ambientais. “O que é prioritário para o Brasil não é para as ONGs.

E me parecer que elas mandam no desenvolvimento do Brasil”, diz.

Pelo terceiro ano consecutivo, o Fórum do Agronegócio reunirá em Londrina as principais lideranças do setor para discutir temas estratégicos para o agronegócio.  Na programação constam ainda os painéis “Soluções e Desafios para Potencializar a Eficiência do Agronegócio Brasileiro” e “A Lógica para a Infraestrutura e a Logística”.

Telma Elorza/Fórum do Agronegócio

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