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Durante visita a feira Show Rural Copavel, ministra participa do lançamento que trata de técnica sustentável de produção, com uso de palha e rotação de culturas

O susto com a cor vermelha do rio que corre perto de casa levou três crianças a questionarem o pai agricultor sobre o que estava acontecendo. Curiosas, elas descobriram que a vermelhidão da água foi causada pela terra arada sem proteção e levada pela chuva.
Os irmãos aprenderam com o pai que havia outra maneira de plantar sem agredir o solo e começaram um trabalho de conscientização dos produtores vizinhos. O final dessa história pode ser conhecida no livro “O Mistério do Ribeirão Vermelho”, primeira obra do país a tratar sobre a história das práticas agrícolas sustentáveis para o público infantil.
Inspirado na trajetória de Herbert Bartz, agricultor pioneiro na América Latina na adoção do que mais tarde foi chamado de sistema de plantio direto, o livro tem o objetivo de conscientizar, de forma lúdica e didática, alunos do ensino fundamental sobre o respeito à natureza e a conservação do meio ambiente.
A história de como Bartz introduziu o plantio direto na palha no início da década de 70, no interior do Paraná, foi contada na biografia “ O Brasil Possível”, escrita pelo jornalista Wilhan Santin e lançada no ano passado. Depois da boa repercussão entre os agricultores, pesquisadores e o público em geral, a obra foi adaptada pelo mesmo autor para as crianças de 5 a 12 anos e será lançada nesta sexta-feira (8), em Cascavel (PR).
“Era para ser uma cartilha, mas acabou virando um livrinho. Vemos como um marco para a educação e para mostrar o que a agricultura faz de bom”, disse Marie Bartz, bióloga e filha do pioneiro do plantio direto.
Plantio direto

Marie, que é representada por uma das crianças do livro, explica que a técnica descoberta pelo pai se baseia em três pilares, hoje reconhecidos pela Organização das Nações Unidas como princípios básicos da agricultura conservacionista: mínimo revolvimento, manutenção permanente de cobertura e a rotação de cultura atrelada à adubação.

 “Nós somos uma referência para o mundo. Quando o produtor atende a esses pilares, a gente consegue uma agricultura mais sustentável e mais resiliente, equilibrada, que não fica tão dependente das intempéries ambientais, como a seca”, explicou Marie.

Pelo sistema do plantio direito, o agricultor utiliza processos que não revolvem totalmente a terra no momento da semeadura para não degradar o solo nem atingir o lençol freático. São utilizadas palhas para manter o solo úmido, reter nutrientes e atrair a presença de minhocas, que contribuem para aumentar a fertilidade.

A técnica, considerada a primeira revolução das práticas agrícolas no Brasil, também diminui o uso de máquinas e tratores reduzindo, assim, a emissões de gases do efeito estufa na atmosfera. O plantio direto hoje é uma das principais tecnologias que integram o Plano da Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC).

O plantio direto pode ser aplicado em propriedades de pequeno, médio ou grande porte. Também há experimentos na agricultura orgânica e é adaptável a diferentes culturas, como café, cana de açúcar, hortaliças, entre outros. A Federação Brasileira de Plantio Direito e Irrigação estima que 60% dos produtores já utilizam plantio direto no Brasil.

A bióloga ressalta, no entanto, que ainda é preciso melhorar a qualidade do sistema, principalmente com relação à rotação das culturas, que nem sempre traz retorno econômico imediato ao produtor. Marie acredita que o livro pode contribuir para difundir o conceito do plantio direto, principalmente onde predomina a tradição de práticas antigas.

Parte das edições do livro será distribuída na rede de ensino de Rolândia e Londrina (PR), região onde a técnica nasceu. Depois do lançamento, a versão em PDF do livro ficará disponível para download gratuito no site da Febrapdp em português, espanhol, francês, alemão e inglês.

Segundo Marie, o objetivo é produzir no futuro novos volumes para dar continuidade à história do Ribeirão Vermelho com outros conceitos e técnicas da agricultura sustentável.

Lançamento

A produção do livro “O Mistério do Ribeirão Vermelho” contou com o apoio da Itaipu Binacional e da Federação Brasileira de Plantio Direito e Irrigação. O lançamento ocorrerá durante a programação da 31ª edição do Show Rural Coopavel e terá a participação da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina.

Acompanhada dos secretários de Agricultura Familiar e Cooperativismo, Fernando Schwanke; de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Júnior, e de autoridades locais, a ministra desembarca na manhã desta sexta-feira (8) em Cascavel para visitar a feira, acompanhar o lançamento de tecnologias da Embrapa, entre outras atividades do evento.

O Show Rural Coopavel é um dos maiores eventos de agronegócio do país que reúne centenas de empresas e entidades. A feira destaca iniciativas de inovação tecnológica, novas pesquisas sobre desenvolvimento de técnicas de produção sustentável e de saúde animal, entre outros assuntos relacionados à agropecuária.

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