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Colegiado vai ter representantes de toda a cadeia produtiva e debaterá as demandas do setor, como criação de linhas de financiamento e acesso a mercados internacionais

A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) instalou ontem (30) a Câmara da Cerveja, setor que vem crescendo no Brasil e é o terceiro maior do mundo. O colegiado irá debater medidas para atender as demandas do setor e fomentar a produção nacional.

Na instalação da câmara, a ministra disse que, assim como pesquisa novas variedades de trigo, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) poderá desenvolver novas cultivares de lúpulo e cevada para diversificar a produção nacional de cerveja. "Vamos trabalhar para termos uma cadeia produtiva mais organizada e ativa no Brasil", afirmou Tereza Cristina, acrescentando que o Mapa dará atenção especial aos pequenos cervejeiros.

"Precisamos agora consolidar os cervejeiros artesanais, as pequenas cervejarias, facilitando a vida deles. Vocês não são concorrentes, vocês são complementares", disse a ministra. Nos Estados Unidos, as cervejarias artesanais movimentam US$ 27 bilhões por ano. No Brasil, não há dados específicos sobre a economia das empresas artesanais, a não ser os dados do próprio Ministério a partir do registro formal de novas fábricas.

O secretário de Política Agrícola do Mapa, Eduardo Sampaio, destacou que o país ainda não consegue produzir matéria-prima da cerveja para exportação. Para ele, a câmara vai organizar a cadeia produtiva permitindo conciliar a demanda com a oferta de produtos.

O diretor do Departamento de Estudos e Prospecção do Mapa, Luís Eduardo Rangel, disse que a criação da câmara era uma antiga reivindicação do setor. "Há muito anos o setor clamava por um fórum como este". A expectativa, segundo o diretor, é que as reuniões técnicas tragam propostas para a alavancagem do setor.

A câmara será composta por representantes de toda a cadeia produtiva: Associação Brasileira da Cerveja Artesanal (Abracerva), a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil) e o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv).

Os debates serão em torno dos seguintes aspectos: política agrícola, defesa agropecuária, estruturação e fomento da cadeia produtiva, pesquisa e inovação, mercados interno e externo e assuntos fundiários.

A agenda estratégica traz ações para o período de 2020 a 2025. Em política agrícola, as metas são a criação de seguro para produtores de cevada que abastecem o setor cervejeiro, implantação de crédito para plantação de cevada, maltarias, lúpulos e adjuntos cervejeiros dos pequenos empreendedores, além de recursos para instalação e ampliação de pequenas e médias cervejarias. Outro assunto é a criação de linhas de financiamento para a importação de máquinas, compra de insumos e estoques.

Dentro da defesa agropecuária, as ações serão voltadas para unificação, padronização e ampliação do serviço de inspeção do Ministério, buscando adequar às metodologias de fiscalização em cervejarias. Serão debatidos os conceitos de cerveja, produção e comercialização, com ênfase para a cerveja artesanal e caseira, assim como regulamentação da produção, concursos, rotulagem e transporte.

A câmara prevê ainda discussões sobre a estrutura da cadeia, com o objetivo de elevar a produção e a competitividade. O desenvolvimento de insumos regionais está na pauta, a partir da integração da produção de malte em pequena escala (micromaltarias), produtores de lúpulo e de insumos do bioma brasileiro que possam ser utilizados como adjuntos na bebida (frutas, ervas).

A qualificação das pequenas cervejarias está entre as metas prioritárias. A agenda de trabalho prevê ações para o acesso a mercados externos, como promoção da cerveja brasileira em feiras e eventos e capacitação das cervejarias para exportação. O setor cervejeiro brasileiro já é o terceiro maior do mundo, com mais de 1.190 empresas registradas e produção de 14 bilhões de litros por ano. A produção representa cerca de 2% do PIB (Produto Interno Bruto), com faturamento de R$ 100 bilhões por ano e geração de 2,7 milhões de empregos.

O setor já contou com uma câmara anterior: a Câmara da Cevada, que funcionou de 1990 a 1995 e era focada no insumo. Desta vez, a nova câmara envolverá toda a indústria. Até hoje, o Mapa tinha duas câmaras exclusivas para bebidas: a de Viticultura, Vinhos e Derivados e a da Cachaça.

Participaram do lançamento nesta quarta-feira o presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, deputado federal Alceu Moreira (MDB-RS), o deputado Celso Maldaner (MDB-SC), representante da Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria Brasileira de Bebidas; e integrantes do setor cervejeiro.

Asimp/Mapa

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