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O Paraná aposta na consolidação da diversificação da produção na pequena e média propriedade. Como resultado desse trabalho, que envolve pesquisa agronômica, assistência técnica no campo, capacitação de técnicos e produtores, parceria pública e privada e coordenação de políticas públicas, a fruticultura e produção de leite se destacam em um cenário predominantemente de grãos e despontam como setores importantes na geração de renda nas propriedades rurais.

Segundo o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, o Paraná trabalha em opções de ganhos sustentáveis aos agricultores, com o desenvolvimento de programas como fruticultura na região Noroeste e, recentemente, com a produção de abacaxi e maracujá. E investe em parcerias com a iniciativa privada para intensificar o treinamento dos produtores de leite, para eles aumentarem a eficiência na pequena e média propriedade rural.

De acordo com Francisco Simioni, diretor do Departamento de Economia Rural (Deral) da secretaria, a intensificação da produção de frutas e leite no Noroeste paranaense é favorecida pelo clima. Além disso, há mercados consumidores próximos, como o de Cascavel, Toledo, Foz do Iguaçu e de estados vizinhos, como Mato Grosso do Sul e São Paulo, onde podem ser comercializados parte da produção de forma agregada.

Segundo Simioni, com um sistema de produção bem planejado, espera-se que ocorra o crescimento a curto e médio prazo. “Os produtores estão cientes de que precisam diversificar as atividades nas pequenas e médias propriedades para geração de renda”, disse Siminoni. “Somente produzindo grãos eles não sobrevivem mais diante de um processo intensivo de modernização e ganhos de escala, como forma de driblar e amenizar os elevados custos de produção”, disse Simioni.

Laranja

A produção de frutas no Estado ocupa uma área de 62.700 hectares, que proporciona um volume de 1,7 milhão de toneladas por ano e movimenta R$ 1,4 bilhão em faturamento bruto pago diretamente aos produtores.

A laranja é a principal fruta cultivada no Paraná, respondendo por 54% da produção total do setor, e corresponde a uma movimentação de R$ 315 milhões anuais, brutos.

A produção de laranja é concentrada na região Noroeste, onde estão instaladas duas fábricas de suco que absorvem a oferta da fruta na região, e cerca de 600 produtores vinculados aos projetos agroindustriais. Recentemente outro polo produtor se formou no município de Uraí, no Norte Pioneiro, onde está instalada a terceira fábrica de suco concentrado de laranja no Estado.

A produção de suco no Estado supera 50 mil toneladas por ano e é quase toda destinada a países da Europa, aos Estados Unidos e a uma pequena parte para o Oriente Médio, informou o engenheiro agrônomo Paulo Andrade, do Deral.

Segundo Andrade, o parque industrial e os pomares estão com estrutura consolidada. Porém o setor enfrenta as adversidades do mercado externo, como qualquer outra comoditie. Por causa disso, a laranja também sofreu os revezes do mercado internacional, em que o preço do suco caiu muito por conta de elevação dos estoques mundiais e da queda no consumo.

Com isso, a área total dos pomares comerciais, que era de 24,7 mil hectares, deverá ser readequada para 21,5 mil hectares neste ano. Porém, a sinalização de menor oferta da fruta já provocou reações no mercado, que está favorecendo o produtor, analisou Andrade.

Com a redução de área plantada, a projeção de produção também é menor neste ano. A colheita começou, com 40% da área plantada já colhida, e a estimativa é chegar 811 mil toneladas, cerca de 100 mil toneladas a menos que no ano passado, uma queda de 11%.

Além da área plantada menor, os pomares sofreram com o excesso de chuvas de maio a junho deste ano. Com expectativa de redução na oferta, o produtor está recebendo neste início de safra cerca de R$ 15,00 por caixa, uma reação de 50% em relação ao ano passado, quando recebeu R$ 10,50.

O Paraná tem um diferencial em relação aos demais estados, que é a produtividade elevada. O Noroeste paranaense, onde se concentra a produção de laranja, é uma região de transição climática, próxima ao trópico de Capricórnio, com temperaturas altas de dia e amenas à noite, o que confere cor e sabor intensos para a fruta. Esse diferencial faz o suco de laranja produzido no Paraná ser disputado no mercado externo.

No Brasil, colhe-se, em média, 553 caixas de 40,8 quilos por hectare, e em São Paulo, maior estado produtor, uma média de 625 caixas por hectare. Já no Noroeste do Paraná essa produtividade é de 923 caixas por hectare, tendo alguns pomares que chegam a colher 2.000 caixas por hectare, informou Andrade.

De acordo com o agrônomo, a produção de laranja no Noroeste do Estado passou a ser importante após a superação de restrições sanitárias que eram impostas em função do cancro cítrico, uma doença que ataca os pomares.

Graças à pesquisa no Iapar e à Agência de Desenvolvimento da Agropecuária (Adapar), que orienta o produtor a um manejo adequado de controle da doença de Greening, o produtor paranaense mantem os níveis de elevada produtividade.

Leite

O leite também ganha espaço. O Paraná obteve 4,7 bilhões de litros no ano passado e quase encostou no Rio Grande do Sul, segundo estado que mais produz leite no País. O primeiro produtor é Minas Gerais.

A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento e as empresas vinculadas Emater e Iapar concentram esforços no desenvolvimento de programas de fomento, como Leite Sudoeste, Leite Arenito e no Norte Pioneiro, para formação de polos de produção nessas regiões. Apesar disso, a região campeã em qualidade do leite continua sendo a dos Campos Gerais.

Segundo Fábio Mezadri, médico veterinário do Deral, a região Sudoeste se destaca como a maior bacia leiteira no Estado em volume de produção, graças às políticas públicas executadas nos últimos cinco anos.

Neste ano, a atividade leiteira proporcionou uma elevação de 44% no preço recebido pelo produtor, mas essa reação foi acompanhada na mesma proporção pelo custo de produção, que em algumas propriedades subiu até 50%, salientou Mezadri.

Segundo ele, o produtor foi surpreendido pela elevação no custo dos equipamentos e medicamentos, muitos cotados em dólar, moeda que se manteve valorizada no primeiro semestre. Para agravar a situação, o custo da ração também aumentou, com a elevação de 67% nos preços do milho, um dos principais insumos utilizado na alimentação dos animais. E as áreas de pastagens de inverno, também usadas na alimentação dos animais, não tiveram bom desenvolvimento por causa das chuvas excessivas seguidas após o plantio.

Em julho deste ano, o produtor recebeu R$ 1,40 por litro de leite entregue, enquanto no mesmo período do ano passado recebeu R$ 0,97 por litro. Por outro lado, pagou R$ 34,69 a saca de milho para alimentação dos animais, enquanto no mesmo mês do ano passado pagou R$ 20,74 a saca.

Segundo o Deral, a tendência daqui para frente é que os preços baixem, porque os fatores que influenciaram na alta do produto estão mais amenos. O câmbio se acomodou e o clima começa a favorecer o desenvolvimento das pastagens de verão.

A tendência é fortalecer ainda mais a cadeia produtiva do leite. O Paraná é um dos integrantes da Aliança Láctea, formada há dois anos com Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os três estados possuem características semelhantes de produção e buscam a formação de um polo diferenciado de leite no Brasil, com volume e qualidade, visando a exportação.

Juntos já produzem mais de 11 bilhões de litros de leite por ano, superando a produção da Argentina. Eles estão buscando se igualar nos aspectos de sanidade e qualidade da produção, tributários e de remuneração ao produtor.

Segundo Mezadri, esse é um desafio que, se vencido, vai influenciar no aumento da produção e na queda dos custos, além de atrair indústrias de elevada tecnologia para processamento.

AEN

#JornalUnião

Foto Arnaldo Alves - SECS

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