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Garantir aos alunos de escolas estaduais alimentos de qualidade, seguros e nutritivos e, além disso, contribuir para o desenvolvimento local de forma sustentável. Esses são os objetivos do programa de compra de alimentos de agricultores familiares para compor a alimentação escolar. No Paraná, mais de 18.100 famílias de pequenos agricultores entregam atualmente produtos para a alimentação dos estudantes, por meio de associações e cooperativas.

O Paraná é destaque nacional no que se refere à valorização da agricultura familiar. Em 2017, o Estado recebeu o prêmio Boas Práticas de Agricultura Familiar no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). “Somos referência neste quesito”, afirma a nutricionista do Programa de Alimentação Escolar do Fundepar, Andrea Bruginski.

O PNAE transfere recursos federais para o Estado para compra de produtos destinados à alimentação escolar. Há obrigatoriedade de que no mínimo 30% dos recursos sejam gastos com compra da agricultura familiar. O Paraná ampliou muito a compra de produtos deste segmento. Neste ano, destinará 80% dos recursos para comprar produtos da agricultura. Além disso, 26% dos alimentos são orgânicos. “Esse é o maior percentual que o Paraná destinará à agricultura familiar, desde 2010”, informa Andrea.

Fonte De Renda

Neste ano, o Governo do Estado assinou 150 contratos, com 144 cooperativas participantes da Chamada Pública da Agricultura Familiar, que representa R$ 68 milhões. Para o diretor-presidente da Fundepar, José Roberto Ruiz, a iniciativa garante alimento saudável e nutritivo aos alunos, reconhecendo, assim, a diversidade de culturas alimentares. “Isso reflete na qualidade da alimentação dos alunos e na formação de hábitos alimentares mais saudáveis, já que os alimentos são frescos e naturais. O objetivo é ter 100% da alimentação escolar com produtos orgânicos”, diz Ruiz.

São frutas, verduras, legumes, raízes, tubérculos. Nesse sistema uma família detentora de terra tem a atividade agropecuária como principal fonte de renda. “Assim é possível gerar emprego e renda, fixar o homem no campo e valorizar a produção local. Isso funciona, já que a própria produção vendida nas escolas vai alimentar, inclusive, o filho do agricultor”, afirma o diretor.

Valorização local

Os agricultores do Assentamento 8 de junho, em Laranjeiras do Sul (Centro Sul), participam do programa desde 2011. Com isso, eles conseguiram ampliar a produção e se especializar, inclusive, com a criação de agroindústria para a fabricação de pães, bolos, doces e geleias. No local moram cerca de 60 famílias, destes, 20 cooperados participam do programa de entrega de alimentos para 13 escolas da rede estadual, além de outros projetos que beneficiam mais 20 colégios municipais e creches.

O produtor Ivandro Gomes de Amorim, 33 anos, mora com sua família no assentamento. Ele é um dos agricultores que entrega para as escolas semanalmente e, destaca, a importância de políticas públicas para fortalecer as comunidades. “As famílias conseguem se organizar coletivamente, você sabe que vai conseguir receber pelo que produziu. Ficamos um ano sem participar do projeto e as escolas sentiram falta dos nossos alimentos, isso demonstra a aceitação”, diz.

A família do agricultor e os integrantes da cooperativa entregam semanalmente, entre outras unidades, na Escola Estadual José Marcondes Sobrinho, em Laranjeiras, onde estudam 349 alunos educação básica (fundamental e médio), nos turnos da manhã, tarde e noite. “A qualidade dos alimentos é muito boa, são frutas e verduras frescos que garantem uma alimentação completa e diversificada aos nossos alunos. Além disso, por se tratar dos agricultores daqui, podemos preservar a cultura alimentar da região”, afirma o diretor da escola.

Comunidades Tradicionais

A Associação dos Remanescentes de Quilombo do Bairro João Surá, de Adrianópolis, no Vale do Ribeira, é a primeira comunidade quilombola do Estado a participar da chamada pública para ofertar alimentos à alimentação escolar. Cerca de 50 famílias residem no local, sendo que 10 agricultores entregam semanalmente alimentos orgânicos para quatro escolas da região.

“Conseguir vender esses alimentos foi uma vitória para a nossa comunidade. Com o programa estamos conseguindo estruturar a produção, organizar transporte e fornecer os alimentos por um preço melhor”, ressalta a agricultora e coordenadora técnica da comunidade, Carla Fernanda Galvão, 23 anos.

Ela explica que os técnicos da Fundepar orientaram os produtores na elaboração do projeto, documentação e toda a parte burocrática exigida pelo PNAE. Carla destaca a importância do Estado para garantir e valorizar a produção e a economia nas comunidades. “É essencial que os projetos institucionais continuem, porque eles garantem a sobrevivência do pequeno agricultor, principalmente nas comunidades tradicionais”, afirma.

AEN

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