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Crise aguda do setor sucroenergético do País também afetou o Nordeste. Os fornecedores de cana tiveram que tomar uma decisão ousada para evitar a extinção do setor diante dos efeitos do fechamento das usinas. Eles formaram cooperativas e reativaram importantes unidades no NE, aplicando de forma prática o conceito de tirar oportunidades frente à crise.

A crise econômica e a permanente falta de políticas públicas para o setor canavieiro também afetaram usinas, fornecedores e cidades nordestinas. O segmento ainda enfrentou problemas das secas recorrências, inclusive a maior dos últimos 50 anos, com o fechamento de diversas unidades. A situação fez com que os fornecedores de cana se unissem e reativassem cooperativas, reabrindo três usinas, sendo duas em PE e uma em AL. A Federação dos Plantadores de Cana do Brasil (Feplana), cujo presidente foi um dos responsáveis pela reativação de uma delas, destaca a iniciatva que evitou com que os canavieiros vissem passivamente a sua produção morrer no campo sem ter para onde fornecer com as usinas fechando, podendo levar a extinção deste tradicional setor socioeconômico no NE.

Mais de dez usinas fecharam em PE nos últimos anos, com destaque a alguns parques fabris com as maiores produção, a exemplo da Pumaty, em Joaquim Nabuco (Zona da Mata Sul) e da Cruangi, em Timbaúba na Mata Norte. Com isso, centenas de fornecedores perderiam a produção. Não teriam para onde moer, já que muitas usinas fecharam. "Decidimos não ficar de braços cruzados apesar de todos os desafios da economia, clima, e da falta das políticas públicas, inclusive a suspensão do pagamento da subvenção para a cana nordestina, iniciada no governo Lula", diz Alexandre Andrade Lima, presidente da Feplana, que também preside a Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP).

"Foi então que reativamos duas cooperativas em PE (Agrocan e Coaf) e decidimos arredar, reabrir e gerir as usinas Pumaty e Cruangi a partir dos anos 2014 e 2015 respectivamente", explica Andrade Lima, que preside a Coaf - cooperativa de fornecedores de cana da Mata Norte que passou a gerir a Cruangi. A cooperativa de canavieiros da Mata Sul (Agrocan), liderada pelo Sindicato dos Cultivadores de Cana do Estado (Sindicape), ficou à frente da Usina Pumaty, que segue para a terceira safra seguida.  Ambas as unidades devem reiniciar o período de moagem em agosto.

Pernambuco é o segundo maior produtor de cana no Nordeste. O líder é o estado vizinho de Alagoas, onde também contou com outra experiência de reativação de usina para enfrentar a maior crise do setor canavieiro no País. A Cooperativa dos Produtores Rurais do Vale de Satuba (Coopvale) arrendou e retomou em 2015 a moagem da usina Uruba, em Atalaia.

Andrade Lima destaca a importância da reativação das três usinas para o setor canavieiro e para a economia das cidades envolvidas com a cadeia produtiva da cana na Zona da Mata desses estados. Milhares de postos de trabalho foram reativados, reaqueceu os mercados de máquinas e dos demais fornecedores das usinas e ainda o comercio local das cidades, além de voltar a arrecadar milhões em impostos para cidades e estados.

Mais efeitos positivos

A Feplana destaca mais pontos positivos para o setor e aos beneficiários com esta arrojada iniciativa dos canavieiros do NE, que viu oportunidades diante da crise. O primeiro é de agregar mais valor a cana do produtor. O agricultor cooperado ganha pela cana fornecida à usina reativada e ainda recebe com a comercialização do produto fabricado pela unidade fabril. Outra benfeitoria é o pagamento em dia da cana fornecida. Em muitas das outras usinas os canavieiros costumam ter problemas para receber. A valorização do fornecedor é mais outro ponto importante. As unidades passaram a valorizar seus fornecedores de cana com a existência dessas usinas dos cooperados, que acabam balizando, de certo modo, o setor.

Robério Coutinho/AFCP

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