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O registro foi concedido para os municípios de Ribeirão Claro e Carlópolis e contou com o apoio do Sebrae; com cultivo de 20 a 30 toneladas da fruta por mês, área concentra a maior produção da fruta da América Latina

No mercado internacional, muitos produtos são caracterizados não apenas pela sua marca, mas, principalmente, pela qualidade, especificidade de produção ou por ser proveniente de uma determinada região geográfica. Essa indicação traz reputação, valor agregado e identidade própria que os distinguem dos concorrentes. No Brasil, essa tendência começa a ganhar força, e o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) concede o registro de Indicação Geográfica (IG), assinalando diferenciais de qualidade e origem de determinados produtos.

Em maio, a região do Norte Pioneiro do Paraná alcançou seu segundo registro de indicação geográfica. Depois dos produtores de cafés especiais, que conquistaram a indicação de procedência em 2012, agora os fruticultores que se dedicam à cultura da goiaba na região de Carlópolis e Ribeirão Claro também terão um diferencial competitivo com a chancela do INPI. A Associação dos Olericultores e Fruticultores de Carlópolis (APC), que propôs a indicação, contou com o apoio do Sebrae/PR, Emater, Unesp e da Prefeitura de Carlópolis na conquista.

“A indicação geográfica reconhece e distingue a produção de goiaba de Carlópolis e Ribeirão Claro por sua qualidade. Além disso, é um fator para a agregação de valor ao produto do território, contribuindo para a competitividade e valorização no mercado”, analisa Julio Cezar Agostini, diretor de Operações do Sebrae/PR.

O projeto realizado pelas entidades junto à APC é ancorado na prática do associativismo e visa a melhoria do ambiente de negócios e o fortalecimento dos fruticultores. Foi a união dos produtores em torno da associação que contribuiu com a transformação dos municípios nos maiores produtores de goiabas de mesa da América Latina, com o cultivo de 20 a 30 toneladas da fruta por mês.

Segundo Odemir Capello, consultor do Sebrae/PR, o processo de registro de IG começou em 2014 e foi protocolado junto ao INPI em outubro de 2015. Na opinião dele, o registro é um meio e não um fim. “É fruto de todo um trabalho de governança e desenvolvimento local, realizado pelo Sebrae/PR, prefeituras e outras entidades parceiras, junto às propriedades. Além disso, o registro não é individual, ele identifica produtores de um determinado território. Por essa razão, o capital social e a governança são primordiais para a conquista da IG”, destaca Capello.

O consultor acrescenta que o projeto caminha “de vento em polpa” e a expectativa é muito boa em torno do registro, que coloca os produtores dos municípios num patamar diferenciado. “Agora eles fazem parte grupo de fruticultores reconhecidos por sua reputação, valor intrínseco e identidade própria”, diz Capello. O consultor do Sebrae/PR relata, ainda, que a IG é apenas o primeiro passo rumo à ampliação de mercado, inclusive externo. Os produtores da APC já estão de olho na Global Gap, uma certificação internacional que ajuda a abrir portas no mercado de exportações.

Diferenciação

De agora em diante, os produtores que desejarem utilizar o signo distintivo relacionado ao registro de indicação de procedência deverão cumprir normas relacionadas ao regulamento de uso e mecanismos de controle da indicação geográfica, que tem como conselho regulador produtores e instituições vinculadas ao proponente.

O fruticultor Noriaki Akaamatso está envolvido com a cultura da goiaba desde 1987 e se diz bastante otimista com a conquista da IG. “Nosso produto será diferenciado, terá rastreabilidade e vamos usar defensivos conforme as normas. A segurança alimentar é uma garantia de venda e acredito que nós teremos a preferência do consumidor por conta desse selo”, afirma.

Para o engenheiro agrônomo e produtor de goiabas Rodrigo da Silva Viana, o registro é um grande passo. “Estamos acompanhando o mercado, focado no consumidor, que está cada vez mais exigente. Ele quer um produto melhor, nem que tenha que pagar mais caro por isso. A IG veio para somar e melhorar a qualidade do nosso trabalho e será um grande diferencial mercadológico. Quando o consumidor compra um produto de origem, esse produto é mais apreciado e possui um valor agregado”, avalia.

Para a coordenadora estadual do agronegócio do Sebrae/PR, Andréia Claudino, os produtores de Carlópolis e Ribeirão Claro entram em uma nova fase com a indicação geográfica. “O reconhecimento, que antes só existia nos grandes centros em relação à IG, já está se espalhando para todo o Brasil. Essa é uma tendência e hoje os próprios consumidores já reconhecem o valor dos produtos com a indicação. Eles têm curiosidade em experimentar esses produtos e estão dispostos a pagar mais caro por isso”, analisa.

Ela ressalta que o processo traz vantagens mercadológicas para o mercado interno e externo. “Quanto mais credibilidade tiver um produto, mais aptidão terá para o mercado de exportação. E o mercado interno também está exigindo cada vez mais qualidade. A IG é um importante passo e um marco histórico para os produtores de Carlópolis e Ribeirão Claro. Os desafios a partir de agora serão maiores, mas, sem dúvida, este é um caminho de sucesso para o diferencial de mercado”, conclui Andréia.

Asimp/Sebrae/PR

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