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A primeira metade de 2020 foi atípica e, em muitos aspectos, assustadora para a maior parte do mercado, mas serviu como um bom teste de resistência para os orgânicos brasileiros e, consequentemente, para a Organis. O setor, que vinha de um crescimento de 15% em 2019, viu-se, repentinamente, desafiado a responder a uma crise sem precedentes, com o advento da pandemia do coronavírus.

Em tempos de quarentena e distanciamento social, para surpresa de quem não acompanha a área de perto, o que se viu foi uma bela colheita, resultado do consistente trabalho de valorização da marca orgânicos. Na contramão dos demais setores, os orgânicos ganharam ainda mais mercado no período. E esse crescimento tem relação direta com os esforços de consolidação de sua imagem, ligada a conceitos como saúde, boa alimentação, boas práticas de produção, cuidado com as pessoas e o meio ambiente, cuja popularização é um dos principais objetivos da Organis.

O consumidor está consolidando o entendimento do valor agregado do orgânico e dispondo a pagar pelo seu preço, que, aliás, não é tão maior assim, se computadas as muitas vantagens da escolha. Outra importante constatação é a de que, além de ser uma decisão pessoal, pesa também o aspecto social na hora de optar pela cultura orgânica, pois os cientistas vêm alertando que o desequilíbrio ambiental é um dos grandes fatores de risco para a disseminação de organismos tão ou mais perigosos que o coronavírus no futuro”.

Outro efeito direto do aumento do interesse das pessoas foi o notável salto do número de visitas e contatos nos diversos canais de comunicação da Organis. O portal da associação rompeu a barreira de 20 mil visitas/mês e cresce diariamente, não apenas do público consumidor, mas, também, de produtores buscando informações sobre certificação e varejistas desejando entrar ou evoluir nesse mercado. Para se ter uma ideia, o número de e-mails superou a média de mil por mês no portal da Organis e a busca de interação deu um salto em todas as redes sociais. Outro sinal positivo foi o número de internautas baixando o e-book “O que é produto orgânico?”, assim como o significativo incremento no setor do portal dedicado a produtos e produtores.

Atender a essa demanda foi um desafio à parte. Sítios orgânicos mais estruturados chegaram a triplicar a produção, as entregas de cestas orgânicas mais que duplicaram, pois as vendas online e delivery tiveram uma alta expressiva. Alguns produtos orgânicos prontos para consumo chegaram a crescer mais de 50% no varejo e o setor teve de rever processos e logística para atender a essa procura.

Um dos mais bem-vindos indicativos dessa expansão está no aumento do contato de lojistas querendo produtos para distribuir e um número muito expressivo deles fora dos grandes centros, que tradicionalmente concentram a oferta e a procura. A expansão geográfica do consumo é um excelente sinal, pois mostra que o movimento dos orgânicos está rompendo a barreira da distribuição e ampliando presença.

Outro importante avanço observado nesse semestre foi o aumento na percepção da importância dos insumos biológicos pelos produtores em geral, orgânicos e convencionais, gerando um incremento de receita que acaba por dinamizar toda a cadeia.

Resumindo, o primeiro semestre de 2020 entra para a história dos orgânicos como o período em que a sua capacidade produtiva e seus valores foram colocados à prova e passaram no teste. E a Organis, nesse contexto, foi fundamental na consolidação da imagem dos orgânicos junto a esse novo público que, segundo apontam os indicativos, chegou para ficar.

O próximo semestre, certamente, trará novos desafios para todos os envolvidos no setor orgânico, uma marca coletiva cada vez mais valiosa e que faz questão de crescer em divulgação, presença e consumo, sem deixar de lado os seus valores.

Clauber Cobi Cruz é diretor da Organis, associação de promoção dos orgânicos – www.organis.org.br

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