Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

A insana, desumana e inaceitável politização da pandemia, amedronta a  maioria dos brasileiros – que assiste tudo sem saber exatamente o que realmente ocorre e ao agravamento do quadro sem ter idéia de quem está certo ou errado - é um mal que pode ter provocado mortes e outros problemas, e tem de ser esclarecido. Pouco se conhece sobre a Covid 19 e existem informes para todo gosto, inclusive de que o “fica em casa”, patrocinado pelos governadores e prefeitos com o apoio do Supremo Tribunal Federal, fez mais mal do que bem. O professor Michael Levitt, da Universidade de Stanford (Califórnia - EUA), vencedor de um prêmio Nobel de química em 2013, adverte que o lockdown, fechamento do comércio e outras restrições como meio de combater o coronavírus é uma perda de tempo e pode matar mais pessoas. Uma carta assinada por 3 mil pesquisadores, 4 mil médicos e 65 mil pessoas, divulgada internacionalmente no começo do mês, prega o isolamento apenas de idosos e pessoas do grupo de risco para a Covid-19.

Agora surge outra rusga. O governador João Dória insiste em comprar as vacinas da China e o presidente Jair Bolsonaro desautoriza a compra (que seria com dinheiro federal), sob o argumento de que ainda não há nenhuma vacina em condições de ser aplicada à população. Mas o pior pode ainda acontecer. Governadores, prefeitos e partidos adversários do presidente pretendem ir ao STF para, da mesma forma que conseguiram apoio para a quarentena, reivindicar autoridade a estados e municípios para obrigar suas populações a se vacinar, com o que Bolsonaro não concorda. Independente de posições e interesses políticos, partidários, econômicos ou ideológicos, é bom todos considerarem que, por mais força que tenha, não cabe ao STF decidir sobre a questão. Qualquer vacina, para ser aplicada no Brasil, tem de receber o laudo e a autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que, com suas atribuições e credenciais técnicas e burocráticas, é a ultima instância no setor, uma espécie de “STF dos medicamentos”. Sem sua chancela, não!

É preciso cautela. Além de esclarecer técnica e cientificamente as dúvidas sobre o já praticado isolamento da população e suspensão das atividades, há de se ter clara a situação em que se encontram as vacinas e quando elas estarão disponíveis com a devida segurança. E essa decisão só pode vir da Anvisa. Não de governos, de governantes ou mesmo do Judiciário, que são incompetentes para tal. Antes de se falar em vacinação (obrigatoria ou facultativa) é necessário ter a vacina e saber detalhes até hoje desconhecidos de sua ação. O povo jamais poderá ser feito de cobaia.

A política é necessária para a solução dos problemas da sociedade e jamais poderá ser confundida com politicalha. Seus praticantes têm o dever de discutir clara e racionalmente até encontrar a melhor solução. Infelizmente, na questão da Covid 19, o que vemos é a irracionalidade. Não deveriam o presidente, os governadores e os partidos políticos entrar em rota de colizão a ponto de não poderem sentar ao redor de uma mesma mesa e buscar o ponto de equilíbrio. O povo, grande prejudicado nessa queda de braços, terá a oportunidade, quiçá o dever, de manifestar sua opinião nas eleições de prefeito que ocorrerão nos dias 15 e 29 de novembro. Se concorda com o que seus prefeitos hoje candidatos à reeleição vêm fazendo, votar nele; mas se tiver dúvidas ou discordar, chegou a hora de dar um grande “não” para evitar que o errante continue fazendo o que a população não aceita. E que esse comportamento seja repetido em 2022, quando o presidente da República e os governadores estiverem pedindo os votos de reeleição. Os eleitos têm respeitar a opinião do povo ou, então, pagar o preço da impopularidade.

Apenas para concluir. Tratar politicamente e eleitoralmente esse problema, que já adoeceu 5,3 milhões e custou a vida de mais de 155 mil brasileiros, além de dolosa, é uma grande irresponsabilidade.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br 

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.