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O período eleitoral é, sem dúvida, o momento em que a Nação fica com os nervos à flor da pele. Nele desfilam as diferentes teses – umas possíveis, outras fantasiosas ou até estúpidas – com as quais os candidatos tentam obter o voto. Muitos deles como agem como verdadeiros mágicos, expondo à sociedade um mundinho idealizado e irreal. Mas, com isso, ganham o voto e garantem mais um mandato ou, na pior das hipóteses, fazem base para eleições futuras. O ideal seria que, passadas as votações e a posse dos eleitos, o ambiente voltasse à sobriedade onde cada qual pudesse cuidar de suas obrigações pura e simplesmente. Mas, o que temos no momento é a sequência do clima de campeonato, onde uns falam mal dos outros e o povo sofre as consequências.

Direitistas e esquerdistas digladiam-se e tratam tudo como escândalo. Uns e outros pregam o endurecimento de regras, a intervenção militar, o fim da lava-jato, a libertação do ex-presidente condenado e outras teses que têm repercussão, mas em nada contribuem para a restauração do país ou a melhora da condição de vida do povo. O clima de disputa, mesmo não havendo o que disputar, toma conta da opinião pública e cria dificuldade para o avanço das reformas – previdenciária, tributária, política, social – que tanto o governo quanto aos congressistas têm a obrigação de construir para enfrentar a crise.

O momento é de transição. A Nova República, implantada em 1985, quando os militares devolveram o poder aos civis, desaguou na falência do modelo. Bolsonaro foi eleito com a proposta de mudança e precisa de espaço para implantá-la. Não poderá simplesmente  reeditar os tempos dos governos militares;  seus adversários têm, também, de reconhecer que não dá mais para continuar posando de social-democrata e, principalmente, convivendo com os maus procedimentos que geraram os escândalos político-administrativos. Cada tempo tem suas especificidades. O clima internacional de hoje não é o mesmo dos anos 60, que disseminou regimes fortes e ditaduras. E também não é mais aquele em que cabem as utopias da esquerda. Governo, parlamento e sociedade, por suas lideranças, precisam encontrar o caminho compatível às exigências do momento.

Parem com a disputa de cunho ideológico-eleitoral! O país precisa de racionalidade e trabalho competente para eliminar os desequilíbrios resultantes de tantos anos de demagogia, irresponsabilidade e corrupção. Há de se compreender que a crise brasileira não se restringe ao viés ideológico. Ela vem de décadas, em que se editou leis temerárias, sem observar as fontes de recursos para sua execução. Cada direito demagogicamente criado sem a correspondente parcela de obrigação torna-se um novo buraco que afunda a sociedade e o país. As reformas são requisitos do momento e não admitem tratamento ideológico ou partidário. Sem elas o país quebra, e poderá, também, quebrar o sistema político. Alguns estados e municípios já quebraram, outros logo quebrarão e, se o socorro demorar, quebra a federação. E o mais perigoso: se os eleitos, não a fizerem, o povo poderá fazer a reforma ao seu modo, com os inevitáveis riscos da ruptura...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

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