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No primeiro trimestre deste ano, 445 motociclistas perderam a vida em acidentes no Estado de São Paulo. O número é 5% maior do que no mesmo período de 2021. Atribui-se essa elevação letal ao maior número de motos em circulação – inclusive a explosão dos serviços de entrega – no reaquecimento das atividades econômicas pós-pandemia. Para buscar a proteção dos profissionais atuantes na área, o Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito) têm, desde setembro de 2020, o programa Motofretista Seguro, que já formou 500 profissionais e hoje dispõe de 25 mil vagas na capital e interior. Os interessados têm à disposição 25 horas de aulas teóricas – no processo EAD (E nsino à Distância) – e 5 horas de aulas práticas onde recebem as orientações sobre a forma mais segura de cumprir a missão sobre duas rodas. Ao concluírem, receberão uma bolsa no valor de R$ 210, forma de compensar o tempo despendido e, consequentemente, não trabalhado.

Embora a atividade de motofretista esteja regulamentada em São Paulo desde 2012 e exija que o participante tenha 21 anos ou mais, CNH específica e preencha outros requisitos, ainda é grande o conflito entre estes – e outros – motoqueiros com os condutores de automóveis, caminhões e outros veículos maiores no trânsito de São Paulo e de suas principais cidades. É recorrente a pressa do motoqueiro – que justifica a exigência de rapidez nas entregas exigida por seus empregadores ou clientes, e a disputa por espaço nas vias públicas. Não é raro a troca de insultos e até o desforço físico, tornando o trânsito violento. Há, ainda, a observação do diretor da Abraciclo (Associaçã o Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas e Similares), Paulo Takeuchi, de que apenas 15% dos acidentes envolvem motofretistas profissionais e os outros 85% são com motoqueiros comuns, inclusive os entregadores de aplicativos, que não são regulamentados.

O ideal seria a inclusão dos servidores aos aplicativos e até dos simples usuários das motocicletas para evitar que – como a parte mais frágil da relação de trânsito – continuem perdendo a saúde e a vida de maneira, muitas vezes, estúpida. É preciso conscientizar todos os condutores de veículos automotores de que essas máquinas são de extrema utilidade, mas quando utilizadas esportivamente ou fora de padrões de razoabilidade, tornam-se perigosas armas É fundamental incutir o raciocínio de que mais importante do que a rapidez e a disputa de espaço é chegar íntegro ao destino. Sem isso, de nada valem o investimento e a tecnologia desenvolvida nos veículos, nas vias públicas e ao redor de on de trafegamos.

Com a disparada do preço dos combustíveis, a motocicleta – por consumir menos e já haver muitas disponíveis no mercado com tração elétrica – é uma grande alternativa. Desde que elas se massificaram na nossa população – a partir dos anos 70 – os acidentes têm ocorrido em níveis preocupantes. Oxalá a iniciativa do Detran-SP frutifique e se alastre por todo o país e, finalmente, se estabeleça a paz entre condutores dos diferentes tipos de veículos e isso contribua para uma mobilização urbana mais humana e prestativa.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

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