Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

Enquanto os dias escoam para o mês de outubro, olho para o Senado e percebo que o Senado não olha para mim. Nem para você, leitor. O Senado olha para os senadores e estes só atentam para si mesmos. Com a mais generosa boa vontade, entre os 81, as exceções a esse quadro egocêntrico não chegam a vinte.

Eis uma das grandes missões da ação política em favor do Brasil ao longo deste ano eleitoral. Vinte e sete senadores serão escolhidos pelos eleitores no primeiro domingo de outubro. Cada estado deve passar um pente fino na atuação dos que se apresentarem buscando renovar os mandatos. É preciso conhecer e tornar conhecidas, entre outras, as respectivas posições em relação ao pacote anticrime, à CPI da Lava Toga, à CPI da Covid, à prisão após condenação em segunda instância e à governabilidade do país.

A rigor, toda a insegurança jurídica causada por excessos monocráticos e colegiados do STF, apontados por Marco Aurélio Mello quando ministro, podem ser atribuídos ao desequilíbrio causado pelas décadas em que coube à esquerda política (mais precisamente a José Dirceu) apontar ao Senado os ocupantes dessas cadeiras. Agora, é o que temos, um poder de estado fazendo política sem voto.

Para o Senado porém, diferentemente do Supremo, a vida segue outro curso. Nossa Câmara Alta é um poder cujos membros se submetem à manifestação periódica de seus eleitores. Então, em outubro, sela-se o destino de 27 senadores. Salvem-se os raros bons e renovação já! Os restantes 54 entram na contagem regressiva para 2026. Também a estes deve ir o recado dos cidadãos de seus Estados. É a hora da cobrança, da revisão de vida, do respeito ao eleitor, da transparência das condutas. Hora de compreender que dirigir é servir.

Vale o mesmo para a Câmara dos Deputados. Antes de reeleger alguém, informe-se sobre como esse seu representante votou na autorização para o processo contra o deputado Daniel Silveira, como se posicionou (ou não!) sobre o voto impresso, o fim do foro privilegiado (que o Senado aprovou por unanimidade na legislatura anterior, ciente de que a Câmara jamais aprovaria aquela PEC). Maliciosamente, os senadores de então sabiam que o interesse próprio dos deputados prevaleceria e a matéria jamais iria à votação. Assim, salvaram-se todos, senadores e deputados, para os arquivos mortos da impunidade e da prescrição. Procure saber o que pensa seu candidato sobre reformas institucionais que limitem os ensaios tirânicos e o uso do poder de Estado como arma de guerra cultural e política.

Durante décadas, os construtores de narrativas foram muito bem sucedidos. Especialmente no tempo das velhas “cartilhas”. Os ativistas de esquerda eram nacional e uniformemente abastecidos de construções retóricas, esfarrapadas desculpas e grotescas acusações que, reiteradas além dos limites da náusea, tinham, pela repetição, aquele indigesto e conhecido poder de convencimento estudado por Goebbels. Pois esse tempo acabou, rápido e a muito baixo custo com as antagonizadas redes sociais. Os dias escoam em direção ao mês de outubro. Pegue sua vassoura.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. puggina@puggina.org

* Os textos (artigos) aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do GRUcom -  Grupo União de Comunicação.

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.