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A cantora Anitta – há quem goste dela e quem não gosta, mas ninguém pode negar o seu sucesso – meteu-se numa enrascada ao declarar apoio a Lula sob o impacto da morte do petista de Foz do Iguaçu (PR), que a polícia até agora diz não ter sido crime político. Ao ver-se arrebatada pelo furacão partidário em busca de térmica eleitoral, bradou no último sábado: “Eu não sou uma apoiadora do PT e não sou petista. Não autorizo o uso da minha imagem para promover este partido e seus candidatos”. Anitta, na verdade, tem Marina Silva – hoje inviável – como a presidente dos seus sonhos.

A imprudência no momento de um crime que as correntes em disputa tentam politizar e, se possível, dele tirar proveito eleitoral, deve ter pregado um grande susto na cantora. É o preço que todo profissional ou líder de diferentes áreas paga quando declara apoio a candidato ou partido político. Se não corre para recolocar as coisas nos devidos lugares, acaba perdendo credibilidade e até amargando prejuízos. É o que, certamente, Anitta está fazendo. Se tentou “tirar uma casquinha” do crime de Foz, acabou “descascada” pela ação do PT por térmica de apoiadores ou simpatizantes de peso e popularidade.

Mesmo sendo simpatizante de partido ou candidato, o artista, padre, pastor, jogador de futebol e outros portadores de nomes públicos, deveriam se acautelar. Considerar que o público consumidor de sua arte, seguidor de sua ação religiosa ou torcedor do seu esporte, é composto por simpatizantes de todas as correntes políticas e ideológicas. No momento em que declara apoio a uma delas, ganha a antipatia das demais e pode perdê-las. É difícil ocorrer o contrário e levá-las a apoiarem o candidato ou partido de sua preferência.

Conhecemos casos de artistas e religiosos que perderam considerável parte do seu público depois de terem se pronunciado politicamente. Principalmente nos últimos tempos em que a atividade política ganhou contornos de inimizade em polarização absoluta. Talvez seja por isso que, quando assumiram o poder, partidos políticos que se beneficiaram da militância de nomes da música, teatro, televisão e outros meios empenharam-se em criar mecanismos para a destinação de dinheiro público a seus apoiadores. É uma sucessão de inconveniências, começando pela declaração de apoio de quem com isso pode perder prestigio e renda no seu neg&oa cute;cio e terminando com o “escorregar” do sagrado dinheiro público para sustentar artistas, outros profissionais e até religiosos militantes. O dinheiro público tem de ser empregado em serviços que beneficiem o povo, seu legitimo dono. Quando é empregado em atividades artísticas, deve ser para ajudar na decolagem de artistas principiantes promissores, jamais para compensar grandes nomes que, por imprevidência, perderam a bilheteria.

A propósito, não é só nesse ítem que o dinheiro público é malbaratado. Os fundos partidário e eleitoral – que investem milhões no sustento dos partidos políticos e custeio das campanhas eleitorais – deveriam ser extintos. Os partidos deveriam existir e ser sustentados pela contribuição dos filiados, como se fossem clubes ou associações. Já a campanha eleitoral, deveria ser sustentada pelos partidos, mediante arrecadação entre os filiados e apoiadores, mas nunca diretamente pelo dinheiro arrecadado em impostos. Fosse dessa formam funconariam mais modestamente e não adquirindo carros de luxo, sedes suntuosas, fretando jatinhos e em outros luxos que hoje só acessam porque o pagamento é feito com o farto dinheiro recebido dos cofres públicos. O único dinheiro público que deveria ser aplicado em eleições é o custeio da Justiça eleitoral, encarregada de operacionalizar as eleições. Nada mais.
Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br  

* Os textos (artigos) aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do GRUcom -  Grupo União de Comunicação.

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