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Prejuízos da ordem de R$ 110 milhões só na frustração das vendas e perdas de mercadorias em um dia em São Paulo, danos materiais incalculáveis a empresas, pessoas e ao poder público, mortes e transtornos múltiplos. O resultado das chuvas ocorridas no território paulista – capital e interior – nos últimos dias é algo perfeitamente previsível. Acontece todos os anos, em maior ou menor proporção, em todo o território nacional. O que falta é um plano realmente integrado e permanente que evite as surpresas porque é delas que vêm a maioria dos danos e, principalmente, a perda de vidas. É largamente conhecido o crescimento desordenado das comunidades, as ocupações irregulares especialmente nas áreas inundáveis. Mas isso existe há muito tempo e o país evoluiu tanto técnica quanto economicamente nesse período, não havendo razão para os brasileiros continuarem morrendo assim.

Já conseguimos aproveitar a eletricidade gerada pelos rios, fazer o uso múltiplo das águas (abastecimento urbano, transporte, irrigação agrícola, lazer e outros) mas ainda não somos capazes de lidar com o excesso de água, algo comum num país tropical. Em mais de um século de ocupação de áreas inundáveis, temos muito a fazer. A magnitude do problema exige comprometimento geral. Governos federal, estadual e municipal, forças da comunidade e até o cidadão individualmente. Algo como já foi feito principalmente nos Estados Unidos, onde também há excesso de água.

O ideal seria remover todas as ocupações, mas é impossível, custaria caro e demoraria muito. O o mais indicado é primeiro manter um plano de manejo integrado onde os moradores e ocupantes dessas áreas tivessem informações e consciência do momento de abandonar o local ainda em segurança. Os governos, além das obras que já realizam, poderiam providenciar casas em locais seguros e convencer a população a ocupá-las e manter um trabalho permanente de conscientização sobre os problemas decorrentes de jogar entulho, lixo e outras coisas na rede de águas pluviais e no leito dos rios. Tudo de forma a evitar que as pessoas sejam surpreendidas pela chegada da água e tenham de ser socorridas emergencialmente, o que nem sempre é possível. Já as empresas localizadas nessas áreas, se não quiserem se mudar, serem obrigadas a instalar catadores de água das chuvas tanto para controlar a vazão quando para o reuso, cuja economia pode compensar os investimentos.

Vimos nos últimos dias pelo menos cinco mortes no interior paulista, de ocupantes de veículos tragados pelas águas nas rodovias. É preciso oferecer mais segurança aos viajantes de forma a evitar que cheguem a pontos avariados. As operadoras rodoviárias, que cobram pedágio para a manutenção, têm de ser capacitadas também a inspecionar, corrigir previamente ou, pelo menos, evitar que o usuário chegue ao local passível de sinistro. A rodovia é sua responsabilidade, também durante as chuvas e outros fenômenos da natureza... 

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

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