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O país passa por um momento ímpar. As ruidosas claques a serviço dos dois lados ideológicos disseminam a idéia/crença de que quem não é de esquerda é de direita e vice-versa. Não disponho de pesquisas ou estatísticas confiáveis sobre o assunto, que costuma ser tratado à luz de interesses e até com o concurso da emoção (principalmente dos cooptados mais simplórios). Mas sou obrigado a considerar que quando alguém desgosta de Bolsonaro não significa que esteja com Lula ou, se não gosta de Lula, feche com Bolsonaro. Política não é a massa bipolar que os extremistas pregam em desfavor dos seus adversários. Existem muitas tendências além daquelas que polarizam e, não podemos ignorar, também há aquela parcela da população que, por diferentes razões, despreza toda a classe política.

Dentro do ambiente polarizado da política nacional, assistimos hoje os esforços de segmentos que perderam o bonde nas eleições dos últimos anos, buscando se unir a forças recém-surgidas na tentativa de se tornarem opções de centro. Governadores, parlamentares e até velhas raposas que já deram o que tinham de dar, tentam formar o bloco capaz de enfrentar e ser alternativa à direita de Bolsonaro e à  esquerda de Lula (ou algum seu preposto) nas eleições de 2022. Mas parece difícil que essa empreitada tenha sucesso, visto que a cena política brasileira da democracia pós-1985 esfacelou-se a ponto de hoje termos 33 partidos oficialmente registrados e mais de 70 criados e com seus registros em análise pela Justiça Eleitoral. Com tanto cacique desfilando, será difícil, praticamente impossível, reunir todos num dito “centrão”. São muitas vaidades e interesses a se administrar. Logo, a tendência é continuarmos, ainda por algumas eleições, assistindo a estúpida polarização que vai desde os que querem reeditado o regime de 64 até os que “lutam” pela ditadura do proletariado. Direita e esquerda, apesar do discurso extremado, também são subdivididas.

Eu e minha geração passamos décadas assistindo as aventuras e desventuras da política brasileira. Vimos o formar e exaurir de grandes lideranças. O que observamos hoje é mais do mesmo. Direita e esquerda se esgrimando pelo poder, uma massa cinzentas de opiniões divergentes entre si patinando mas sem nada poder fazer para furar o bloqueio das extremas, e o povo ora entusiasmado, mas a maior parte do tempo descrente e cada dia mais ausente das urnas (a única represália capaz de fazer aos políticos).

Goste ou não do Bolsonaro, do João Dória e dos demais eleitos para o Executivo (presidente da República, governadores estaduais e prefeitos municipais), é do interesse do cidadão-eleitor  criar condições para que o eleito governe e, principalmente, possa cumprir suas obrigações. É um tiro no próprio pé tentar inviabilizar o governo só porque não gostamos da cara do governante. Isso – que ocorre diuturnamente no Brasil – é fator de atraso que causa o sofrimento do povo. Até todos (principalmente os políticos perdedores de eleições) compreenderem que, pela ordem vigente, o vencedor governa e ao derrotado é reservada opção  de fiscalizar e fazer oposição construtiva e propositiva, não conseguiremos sair da mesmice que acomete a vida política nacional. O perdedor, se for inteligente, vai fortalecer seu partido e através dele, construir sua narrativa para se apresentar ao eleitorado como melhor opção nas próximas eleições. Simples assim...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

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