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A Igreja Católica promove a Campanha da Fraternidade como forma de desenvolver a espiritualidade quaresmal. O tema escolhido a cada ano busca contribuir para uma mudança de vida, à luz do Evangelho de Cristo. Mudança que provoca desdobramentos significativos no âmbito das instituições e da vida do povo. As reações vão desde pedir perdão até a unir forças na construção de uma sociedade nova e criativa.

A Campanha da Fraternidade tem como finalidade realçar o amor redentor de Cristo no presente. Nesse sentido, tem um aspecto pascal genuíno, que é levar a sociedade a viver “pequenas” ressurreições, como prefiguração da Ressurreição final.

Os Bispos do Brasil, em 2022, convidam-nos a refletir sobre a importância da educação. São cônscios de que ela é indispensável para a construção de um mundo mais justo e fraterno. No horizonte cinza que a pandemia desenhou, marcado por omissões, tensões, incertezas, crises econômica, política, sanitária e social — outrora instaladas, mas que a Covid-19 agravou —, a educação aparece como fundamental para a ressurreição da esperança.

A educação abrange toda a totalidade do ser

A CNBB vê a educação como caminho para o desenvolvimento integral da pessoa, capaz de formá-la para a vida fraterna, espiritual e cidadã. A educação não é um ato isolado, mas como encontro no qual todos são educadores e educandos. É urgente alargar a compreensão de educação, que não pode mais ser entendida como mero ato escolar de transmissão de conteúdos, restrita ao ambiente de uma instituição, mas como um processo integral que abrange a totalidade do ser, que envolve vários atores educativos: pessoa, família, escola, Igreja e sociedade.

É preciso garantir aos educadores e educandos uma verdadeira mudança de mentalidade, reorientação de vida e revisão de atitudes. Existe um provérbio africano a gosto do Papa Francisco que garante: “é preciso uma aldeia para educar uma criança”.

Em tempos de polarizações, agressões de sorte, distanciamentos e construções de muros, é preciso educar fundados na ética cristã do cuidado, da escuta, da tolerância, do diálogo, do silêncio, da inclusão, enfim, do amor e do perdão. Sendo a educação um ato humano, os valores cristãos e humanos devem aparecer como conteúdos inegociáveis no processo educativo. Ademais, existe em cada pessoa uma profunda sede de aprender e ensinar. À luz, diria, de uma pedagogia judaico-cristã, é possível identificar a educação como ação divina.

Deus é o educador por excelência

Basta olhar a Bíblia e perceber um Deus educador que não abre mão de caminhar com seu povo, compreendendo suas fragilidades, respeitando etapas e alertando diante dos erros. Olhando para Jesus Cristo, nos Evangelhos, podemos identificar a figura de um grande educador. Seu jeito atencioso, suas palavras respeitosas, suas atitudes de escuta e cuidado, a valorização do cotidiano e da realidade de cada pessoa e a dinâmica da reciprocidade e do diálogo tolerante, elabora um projeto educativo.

Na perspectiva de Cristo educador e considerando a realidade pandêmica que agride o mundo, a Campanha da Fraternidade propõe uma pedagogia da escuta: escutar a realidade histórica e fazer um esforço pedagógico para aprender com as lições cotidianas e crises. É ensinar a passar pelas crises para enfrentar futuras versões de forma mais qualificada. Em poucas palavras, educar é preparar para o futuro. Ensinar a “ser um eterno aprendiz”.

Padre Antonio Camilo de Paiva - Mestre em Ciências da Comunicação pela Pontifícia Universidade Salesiana de Roma - Vice-Reitor do Seminário Arquidiocesano Santo Antônio de Juiz de Fora Coordenador e Professor do Curso de Teologia do UniAcademia e Seminário Santo Antônio Vigário Episcopal para a Educação e Cultura

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