Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

A lei que reduz o Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis, energia elétrica e serviços de comunicação, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, poderá ter efeito positivo no combate à inflação, se confirmada a projeção apresentada pelos parlamentares: queda média de R$ 0,76 no litro do diesel e R$ 1,65 na gasolina. Diminuição do valor desta em São Paulo, primeiro estado a adotar a medida, está estimada em R$ 0,48 para os consumidores. Considerando o impacto em cascata nos custos da produção industrial e agrícola, fretes, serviços, transporte individual e público, haverá um alívio nos preços gerais da economia.

A nova lei limita em 18% a alíquota do ICMS incidente sobre combustíveis, ao defini-los como bens essenciais e indispensáveis. Os governos estaduais não podem mais cobrar taxa superior a esse teto. É importante entender que a redução do imposto estadual é uma forma de baratear os combustíveis, contornando a impossibilidade de diminuir os preços básicos dos derivados de petróleo, que são uma comodity e, portanto, regulados internacionalmente em dólares. A lei representa um exemplo positivo do jeitinho brasileiro, desta vez aplicado de modo oportuno, numa conjuntura peculiar, ainda marcada pela pandemia e agravada pela guerra no Leste da Europa.

No entanto, não devemos tornar uma prática corriqueira a tentativa de controlar a inflação por meio de mecanismos provisórios e artificiais. Com o tempo, independentemente da presente redução do ICMS, a lei da oferta e da procura, implacável e irrevogável, irá encarregar-se de determinar os patamares de preços pagos pelos consumidores finais.

O controle inflacionário passa por medidas mais amplas de estabilização da economia. Nesse sentido, as prioridades atuais são concluir as reformas estruturais, principalmente a tributária e a administrativa, realizar política industrial eficaz, que aumente a produtividade e os investimentos voltados a multiplicar e diversificar as linhas de produtos, e a modernização da infraestrutura de transportes e logística. Dados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) dão a dimensão exata deste último aspecto: a despesa no Brasil para levar soja até o porto é 80% maior do que na média dos outros países. Precisamos, ainda, de um equilíbrio nas taxas de câmbio e nos juros.

Cabe lembrar, também, que nossa atual inflação é de oferta, como ocorre globalmente. Decorre dos problemas internacionais, como a pandemia e conflitos bélicos, que provocaram retenção de estoques de produtos e insumos em muitos países, dificuldades de fretes marítimos e consequente elevação de preços.

Fica muito clara, como já estão fazendo muitas nações, a prioridade de fortalecer a indústria e aumentar sua produção e produtividade, para que tenhamos grande oferta de bons produtos, com preços acessíveis e estáveis e excedentes exportáveis, gerando mais divisas no comércio exterior. O diagnóstico é muito claro. Ou seja, é preciso adotar as medidas necessárias para que o Brasil aproveite mais essa oportunidade que a História lhe proporciona.

Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) - (Adriana Matiuzo | imprensa@ciesp.com.br)

* Os textos (artigos) aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do GRUcom -  Grupo União de Comunicação.

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.