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O inverno está chegando e meu pé de jacatirão (ou manacá-da-serra, que é como se chama essa variedade de jacatirão de inverno) só agora começou a florescer. Está atrasado, em relação aos outros, mas tem botões, muitos botões e alguns já estão abrindo. É que os outros tantos pés de jacatirão, por aí, já começaram a florir há mais de mês, por conta da desorientação das estações, que não estão muito fiéis aos seus tempos, chegando antes, chegando depois, às vezes quase não chegando. Mas o importante é que meu pé de jacatirão-manacá acabou de estrear: é sua primeira florescência. O outro pé de manacá-da-serra que eu tinha no centro do jardim morreu: eu o podei exageradamente, talvez, no ano passado e ele não brotou mais. Mas a natureza é mágica e, sem que eu plantasse, cresceu outro pé de manacá-jacatirão no jardim e ele está para estrear suas flores.

A verdade é que com o desequilíbrio climático, quase nada floresce no tempo certo, mas o meu manacá-da-serra, o meu jacatirão de jardim, não alinhou-se com os outros e parece que vai florescer na época certa. Só ele, parece, começa a florescer no inverno, como deve ser.

As primeiras duas ou três flores que desabrocharam, com suas pétalas brancas, me deixaram muito feliz, pois é como se a primavera visitasse a minha casa, em pleno inverno. E as pétalas vão ficando mais vermelhas, a cada dia, e novas brancas vão aparecendo, para passarem por um degradé e ficarem quase da cor do vinho. E o processo vai se renovando e as cores vão permanecendo.

Este ano não plantei amor-perfeito e petúnias, por isso meu jardim estava um pouco triste. Mas, por outro lado, já estou colhendo morangos, tenho bastante manjericão para temperar peixe, fazer molho pesto e defumar anchovas e tenho, também, hortelã, cana-limão, sálvia, guaco e alecrim, para fazer chá e enfrentar a gripe que vem por causa do frio. E salsinha, cebolinha, os temperinhos verdes que não podem faltar. Além de alguns pés de hibisco, que florescem fabulosamente em qualquer estação. E breve estarei colhendo maracujás doces, que o pé está carregado.

Mas ainda há tempo para plantar os amores-perfeitos e petúnias, para fazerem companhia aos jacatirões floridos e assim deixar mais colorida e feliz a minha casa. Já comprei as sementes. Dos dois pés de funcionárias que lá existiam, um ainda insiste em florescer. O outro, os mesmos bichos que comem minhas folhas de couve comeram ele todo, deixando só a raiz.

Mas nem ligo, porque meu jacatirão está cheio de botões.

Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completou 42 anos de literatura neste ano de 2022. Amorim é detentor da cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br – http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br

* Os textos (artigos) aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do GRUcom -  Grupo União de Comunicação.

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