Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

Todo começo de ano presenciamos o mesmo embate sobre o emprego do dinheiro público no Carnaval. Prefeitos e governadores destinam verbas para a festa popular e setores da comunidade protestam argumentando que os valores devem ser empregados em algo de maior importância e necessidade como saúde, educação, saneamento, etc. E os administradores justificam que se trata de uma festa popular que incentiva o turismo. Nada mais insensato.

Exceto Rio de Janeiro, São Paulo e outras localidades vocacionadas, ninguém mais gera turismo e renda com o Carnaval. A maioria das cidades nem dispõe estrutura para receber visitantes em escala economicamente rentável. É uma festa restrita à população local e, mesmo assim, mobiliza apenas seus executores e uma pequena parcela da população, se comparada a todos os habitantes. Independente de questões filosóficas ou religiosas, a maioria do povo tem outras opções de lazer ou descanso.

Nada contra o Carnaval e seus aficcionados. Apenas a observação de que quem faz ou participa de uma festa deve fazê-lo às próprias custas. Brinquem à exaustão, mas paguem a conta, da mesma forma que se faz no futebol, outros esportes e nas diversões custeadas por bilheteria. Se a festa traz algum rendimento, nada mais justo que os beneficiários – hotéis, restaurantes, produtores de fantasias e até emissoras de TV - a patrocinem.

O dinheiro público, resultante da arrecadação de impostos, é sagrado e deve ser empregado em serviços públicos que atendam toda a comunidade. Não pode privilegiar parcelas e nem patrocinar eventos que podem viver de apoio comercial ou de ingressos. É, pelo menos injusto, o poder público custear festas populares ao mesmo tempo em que faltam medicamentos nos ambulatórios, leitos nos hospitais, vagas nas escolas e creches, segurança pública e outros bens e serviços, especialmente os que a Constituição define como "direitos do povo e obrigações do Estado”. É certo que existem no orçamento público verbas para a cultura e o fomento às atividades produtivas.  Devemos entender como cultura, no entanto, as atividades que levam informação e evolução ao povo e não apenas o entretenimento. A base do fomento à produção é o que se faz para a geração de empregos ou renda à população e o Carnaval, positivamente, não contempla esses atributos.

Precisamos sepultar definitivamente a cultura de que o que é do povo não tem dono. Observar que o patrimônio público tem de, obrigatoriamente, servir a todos. Jamais admitir que seja empregado em coisas desnecessárias e falte para o básico. Nem que custeie eventos ou atividades de caráter particular ou que com fins lucrativos. O máximo que o poder público deve oferecer para as festas populares, esportivas ou até religiosas é o espaço e a segurança das praças e vias onde são realizadas. Dinheiro, nunca...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.