Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

A Covid 19 trouxe mais do que se poderia chamar de cuidados nas relações entre as pessoas e instituições. Evitar a promiscuidade – sem qualquer conotação rasteira ao termo – é algo que sempre nos foi aconselhado desde a mais tenra idade. Também já eram conhecidas na pré-pandemia as questões trabalhistas e sociais que, diante do risco de iminente infestação, tornaram-se prioritárias. É por isso que uma série de comportamentos adquiridos durante ou em paralelo à quarentena, lockdowns e demais restrições sanitárias jamais serão revertidos. Teremos de com eles conviver por anos e, em alguns casos, para sempre, queiram ou não os cultores das políticas sociais e trabalhistas que fizeram do Brasil um dos mais mastodônticos países na área.

Os empresários de todos os setores descobriram que é mais barato manter parte da equipe em home-office. Comerciantes e até industriais encontraram no comércio virtual a alternativa de custo e problemas menores do que as vendas presenciais. As escolas, apesar de todas as dificuldades de adaptação, também acharam o formato das aulas à distância que podem chegar ao aluno pelo computador, tablet, celular ou smarttv ou que, ainda, ser distribuídas por  prendrives e cartões. Essa e outras modernidades apressadas pela impossibilidade da presença de trabalhadores e clientes nos locais de prestação dos serviços – queiram ou não os imobilistas e saudosistas – vieram para ficar. Se não ficarem por bem, ficarão por mal, mas ficarão.

Terminada a pandemia, cada setor vai se acomodar da melhor e mais econômica forma. Quem trabalha em casa, por exemplo, contabillizará a vantagem de não gastar e nem perder tempo em transporte, não precisar de uniformes e roupas sociais sofisticadas e outras e tomar conta da casa e dos filhos. Os estabelecimentos ocuparão menor área construída e consequentemente diminuirão os gastos com eletricidade, aluguéis e serviços estruturais. Até as cidades lucrarão porque com menos gente e veículos circulando, baixarão os congestionamentos e outros problemas urbanos. No serviço público também haverá mudanças, uma vez incorporada a tecnologia. Os bancos já deram formidável exemplo de mudança de como eram suas agências há alguns anos e de como são hoje e, ainda, como serão a partir da implantação do PIX, o sistema de transferência de valores do Banco Central, que começa a operar em 16 de novembro.

Com toda essa modernização, devemos nos preparar. Especialmente os trabalhadores que já não podem mais contar com o paternalismo trabalhista que, mercê das verbas públicas, fez florescer mais de 16 mil sindicatos pelo país. Hoje, para sobreviver, o sindicato tem de prestar serviços que motivem o trabalhador a pagar a mensalidade. Mas existem coisas antigas que ainda continuam atuais e, para o bem geral, devem ser observadas. A principal delas é o conselho que ouvi, anda jovenzinho, do chefe do meu primeiro emprego: Não falte ao trabalho, porque o patrão poderá chegar à conclusão de que você não faz falta.

Professores e outros servidores públicos e privados que têm feito o máximo, inclusive recorrido à Justiça, para se manter em quarentena, precisam pensar nisso. Se a máxima do meu primeiro chefe for lembrada, eles poderão, mercê do avanço tecnológico, ter problemas, sérios problemas... Mais sérios do que podem imaginar...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.