Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

Venho de um tempo em que a autoridade e a representação pública eram absolutamente respeitadas. O mandato chegava a ser reverenciado como delegação divina. Talvez venha dai a afirmação de que a voz do povo (que vota nas eleições) é a voz de Deus. Os clássicos esquerdistas de então - perseguidos porque o Partido Comunista estava na ilegalidade - tinham como maior objetivo chegar ao poder pelo voto. Pouquíssimos eram os simpáticos à linha guerrilheira de Mao Tsé-Tung e a outras formas violentas de conquista.

Com o tempo, a reprimida esquerda brasileira se fragmentou e cresceu a ambição do poder pela força. Jovens despreparados foram levados a pegar em armas na vã tentativa de derrubar o governo, muitos deles fascinados pela propaganda e ajuda  cubana. Só não foram informados das diferenças de Brasil, China e Cuba daquele tempo. Foram vencidos.

Após 21 anos no poder, assumido a pedido do povo (temeroso da decantada ameaça comunista) e de atuar sob o rótulo democrático, os militares de 64 devolveram o poder aos civis. Os proscritos voltaram do exílio carregados de teorias e novas utopias. Embebedaram o povo de uma discutível idéia democrática. Sucederam-se governos ditos social-democratas onde floresceram as culturas de gênero, dos direitos sem deveres, negação do direito de propriedade, desobediência civil e da contestação sistemática da autoridade. O resultado só poderia ser a crise político-social que nos atingiu.

Afastados ouj terminados governos, processados e encarcerados ex-governantes, ministros, parlamentares e executivos públicos e privados, ainda vivemos grandes controvérsias. O antagonismo político-social atua em permanente rebelião. A desconstrução da autoridade parece ser o objetivo primordial. Presidente da República, governadores, prefeitos, parlamentares e ministros – inclusive os das cortes superiores de Justiça - são diuturnamente atacados e ferozmente adjetivados. Grupos pedem a intervenção militar, outros pregam o impeachment de autoridades, artistas exacerbam em declarações ideológicas e o povo, atônito, não sabe no que e em quem acreditar.

O país precisa baixar a bola. Os eleitos ou nomeados têm missões a cumprir. É impatriótica e letal à Nacão a tática de mantê-los sob pressão. Em vez de tentar fabricar crises e potencializá-las no movimento de massa, quem souber de algo irregular ou criminoso praticado pelos eleitos ou detentores de funções públicas tem o dever de denunciá-los no foro adequado. E os membros dessas instituições - legislativo, corregedorias e assemelhados - a obrigação de apurar para sanar dúvidas e, se for o caso, encaminhar providências.

Todo titular de mandato ou cargo é juridicamente capaz de exercer-los pois, para assumir, cumpriu extenso rol de exigências. Para as instituições poderem cumprir as finalidades, seus titulares e membros têm de voltar a ser acatados e respeitados, inclusive pelos adversários que, se quiserem, têm a possibilidade de concorrer nas eleições seguintes ou pleitear nomeação quando os cargos estiverem disponíveis. O calendário eleitoral estabelece claramente a época de campanha. Realizá-la fora daquele período, assim como insuflar o povo contra a autoridade e o poder constituído, é crime...

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves - dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo) - aspomilpm@terra.com.br

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.