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Há alguns dias, a Gazeta do Povo destacou entre as frases idiotas o dito por um professor de História para quem o Holodomor é “uma farsa criada por apoiadores do nazismo”. E ainda encontro por aí quem diga que “o comunismo não existe mais, já era, acabou”... Há quantos anos essas pessoas não entram numa sala de aula, nem falam com quem entre?

Certa feita, em uma palestra sobre o Holodomor, aproveitando a circunstância de ser o público formado majoritariamente por estudantes, fiz um teste sobre essas criminosas ocultações no ensino de história. As respostas que obtive dão o que pensar.

Professores que mencionaram as Cruzadas nada disseram sobre a jihad ou o expansionismo islâmico.

Professores que fizeram alusões à interferência norte-americana na contrarrevolução de 1964 não falaram sobre o que a Komintern e, depois, a KGB faziam aqui desde anos 20 do século passado.

Professores que criticaram o capitalismo não fizeram menção ao socialismo que não fosse elogiosa.

Professores que mencionaram a Igreja Católica de modo depreciativo não criticaram qualquer outra religião.

Professores que dissertaram sobre a vitória comunista contra o regime dos czares não referiram o Terror implantado pelo estado soviético, a Cheka, nem os vários genocídios que compõem a trágica história dessa revolução e do comunismo no mundo.

Temas com reflexo político ou ideológico sempre são tratados de modo parcial! Muitas páginas ficam em branco. Tem-se aí a prova provada do muito que tenho denunciado sobre manipulação da verdade e ocultação de fatos, com destapado intuito político no ensino brasileiro, que está a exigir urgente despartidarização, despolitização e desideologização. Pluralismo, ou isenção; o que temos hoje, não!

Em maio de 2015, um sindicato que representa os professores aqui no Rio Grande do Sul lançou manifesto contra Escola Sem Partido: "Retirar da Educação a função política é privá-la de sua essência" para colocá-la a serviço "da ideologia liberal conservadora", afirmava o documento. A essa ideologia, os professores de nossos filhos atribuem todas as perversidades e tragédias, das pragas do Egito ao terremoto do Chile, passando por Jack o Estripador e o naufrágio do Titanic.

Não é por acaso que nosso sistema de ensino se tornou um dos piores do mundo civilizado. Afinal, sua "essência" é ser campo de treinamento de militantes para os partidos de esquerda. Os sequestradores da educação nacional se têm como isentos do dever de ensinar e como titulares do direito de doutrinar! E creem que essa vocação política, superior a todas as demais, "essencial à Educação", encontra na sala de aula o espaço natural para seu exercício.

Se lhes for suprimida a tarefa "missionária" e lhes demandarem apenas o ensino da matéria que lhes é atribuída, esses professores entrarão em pane, talvez porque isso seja precisamente o que não sabem. Pergunto: porque não tentam fazer a cabeça de alguém do seu tamanho? A minha, por exemplo?

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.  puggina@puggina.org

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