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A quaresmeira, um tipo de jacatirão que tem esse nome porque floresce na quaresma, está em plena florescência, desta vez para compensar, quem sabe, os tempos tão cinzentos que vivemos. Como será a Páscoa, com tantas pessoas doentes e outras morrendo? Haverão quaresmeiras suficientes para colorir tempos tão escuros? Esta Páscoa, infelizmente, está marcando, no Brasil, o auge da pandemia de covid 19. Chegamos a quase mil mortos por dia e os especialistas dizem que poderemos chegar a cinco mil. São dias tenebrosos. E o pior é que, na comemoração da Páscoa, haverá mais aglomeração, menos cuidados e uma ou duas semanas depois o resultado aparece, como sempre, em grandes festas: o número de infectados dispara e o número de mortes também.

Mas elas, as flores da Páscoa estão aí para nos lembrarmos que a vida continua, Que precisamos cuidar para que a vida não sucumba à pandemia, para nos lembrarmos de um Menino que nasceu para nos trazer esperança e fé e que essa esperança e essa fé é que podem nos dar alento para enfrentar o que nos fere. Nas regiões onde não há quaresmeiras, o jacatirão de inverno, o manacá-da-serra, ainda floresce, fora de época, para lembrar do Menino feito homem que se foi para dar um pouco de esperança aos homens.

A quaresmeira, um dos tipos da família do jacatirão que floresce no outono, tem as flores menores do que o jacatirão nativo, que floresce na primavera/verão, mas é mais colorido, tem cores mais vivas, mais vibrantes. Então não dá pra não notar uma quaresmeira fechada de flores. O manacá-da-serra, o jacatirão que floresce no inverno, é mais parecido com o nativo.

Fico encantado com as manchas vermelhas que as quaresmeiras deixam na mata, nos jardins, nas beiras das estradas. Mas não é um encantamento comum, simples, é um encantamento mágico, pois meus olhos míopes são atraídos pelas cores das pétalas vermelhas e lilazes, no meio do verde, e meu olhar flutua em direção a elas, como se minha alma seguisse com ele em direção às cores. E então meus olhos brilham, como faróis, e o raio de luz é o canal de ligação com meu coração.

É assim que me sinto encantado com a generosidade das flores do jacatirão, encantamento que envolve meu olhar, minha alma, meu coração. Assustado com este tempo de pandemia que vivemos, nutro-me do encantamento das cores do jacatirão de Páscoa. E encantamento fortalece a minha fé.

E parte deste encantamento, ainda, é o porquê de eu chamar a quaresmeira de “flor da Páscoa”. Acho que ela é a flor de Cristo, também, porque o jacatirão nativo está florescido em dezembro, quando nasce o Menino Jesus para todos nós. E uma variedade desse mesmo jacatirão, a quaresmeira, está florescida na Páscoa, quando aquele Menino, feito homem, é cruscificado e sobe aos céus. O jacatirão está presente tanto na chegada quanto na partida do Menino, filho do Pai. Não é uma flor divina?

Páscoa, então, é renascimento, renovação, a festa da libertação. Época de repensar a vida e renová-la, de refletir sobre o Menino que se tornou homem, morreu e ressuscitou, elevando-se ao céu, provando aos homens que há uma força divina, maior, regendo nossos destinos.

De maneira que Páscoa é fé em uma força maior que rege nossos destinos e é  também jacatirão, a flor que anuncia o Natal e enfeita a Páscoa, que anuncia a chegada e a elevação do Menino filho de Deus. Então vivamos a Páscoa, pois estamos vivendo um renascimento, que pode ser a libertação daquilo que nos abate. Que tenhamos cuidado e que a vacinação se complete para que nos libertemos do coronavírus, essa praga que parou o mundo todo e ceifou a vida de muitos.

Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completou 40 anos em 2020. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br  -  lcaescritor@gmail.com

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