Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.

Não é de hoje o desapreço do ministro da economia Paulo Guedes aos servidores públicos brasileiros. Após o infeliz episódio em que o ministro definiu os profissionais do serviço público como parasitas, ele agora quer desvalorizar o funcionalismo com uma nova proposta de corte de salários.

Segundo divulgações na imprensa, a proposta agora é insistir no corte do salários mesmo após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de vetar a medida. Como a redutibilidade de salário é inconstitucional, a ideia de Paulo Guedes é promover a redução por meio de Projeto de Emenda à Constituição (PEC), com o pretexto de auxiliar no combate à crise econômica no país, provocada pela pandemia.

Essa iniciativa do ministro ajuda a reforçar a imagem negativa que boa parte da sociedade tem a respeito do servidor público. É preciso derrubar esse estigma dos servidores como algo que onera o Estado. Assim como tantos profissionais, eles cumprem papel essencial na sociedade, e não seria diferente em tempos de pandemia. Afinal, médicos, policiais e bombeiros, entre outros, estão na linha de frente da crise sanitária.

Será mesmo que o grande problema para o ajuste de contas públicas está no funcionalismo público, como insiste o ministro da economia? Levantamento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico(OCDE) e do Banco Mundial mostram que não. Segundo o estudo, no Brasil, os servidores representam 12,1% da população ocupada, enquanto na média dos países desenvolvidos da OCDE o percentual sobe para 18%.

A alta remuneração dos servidores, prometidas em início de carreira, também podem ser excluídas das preocupações do ministro Guedes. Entre julho de 2010 e dezembro de 2019, a defasagem salarial dos servidores foi de 32,6%, como mostra estudo do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal).

Senhor ministro, por favor, mude o foco da sua preocupação. É inegável que daqui para a frente teremos problemas de arrecadação. Então, porque não pensar em ações concretas de desenvolvimento econômico, como a reforma tributária, por exemplo, ou até mesmo a taxação de grandes fortunas, prevista há anos pela Constituição Federal. A democracia se fortalece com o respeito às leis. Querer mudar a regra do jogo em um momento tão delicado como esse torna toda essa questão ilegal e, porque não dizer, imoral.

Antonio Tuccílio, presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP)

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.