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Vivemos um momento sinistro com o novo Coronavírus. Famílias doentes, entes queridos falecendo, saúde pública desnudada, em condições precárias, para não dizer precaríssimas, no Brasil e no mundo.

Empresas dizimadas em virtude das quarentenas impostas pela maioria dos governos de países ricos e pobres, do desmonte dos modelos de economias capitalistas, que produziram mais de 100 milhões de desempregados em todo o mundo, sem perspectivas e horizontes, com prejuízos de trilhões de dólares.

No Brasil não é diferente, hospitais sucateados, sem leitos, sem médicos, paramédicos, sem material de proteção, sem equipamentos, sem kits para comprovar se está com o vírus, no momento o teste só è aplicado em falecidos. A pandemia revelou que nenhum país do mundo estava preparado para enfrentá-la com um mínimo de respeito aos cidadãos e em especial aos idosos, saudados como beneficiários de melhoria da qualidade de vida. Abrigos, clínicas, casas de repouso sumiram com os velhinhos dentro.

Mas voltemos nossa atenção para a educação. No mundo e no Brasil, milhares de universidades, faculdades, colégios de níveis médios e secundários, cursos de alfabetização, creches centros de ensinos profissionais, institutos de pesquisas, ficou tudo virado de ponta cabeça!

O que vemos no momento, no nosso Brasil, é o desmonte do sistema educacional.

Sem um plano B, milhares de estudantes em todo o Brasil, ficaram sem aulas, com prejuízos para os setores público e privado e, principalmente, para famílias e alunos. Muitos poderão perder o ano, um agravo menor diante dos 3 milhões de infectados e dos 300 mil mortos da pandemia.

Muitas escolas de alguns estados e municípios descobriram, ainda que tardiamente, a ferramenta do ensino à distância, o chamado EAD; ensaiaram a massificação do ensino pela internet para atenuar os prejuízos dos estudantes;

A experiência foi acolhida com entusiasmo por aqueles que, de quarentena, encontraram uma ocupação gratificante;

De repente, as famílias ficaram em pânico com os jovens em casa sem estudar nem ter o que fazer. Pairava sobre eles a alternativa de reposição de aulas nos períodos de férias o que não dá certo por problemas já conhecidos e por soluções experimentadas após as greves dos professores públicos.

No susto, surgiu a EAD em circuitos fechados de algumas escolas levando conteúdos aos alunos de nível médio, o que foi saudado como o ovo de Colombo. Foi impressionante a adesão de escolas públicas e privadas à reposição de conteúdos para que o alunado se mantivesse ativo e não perdesse o ano.

O EAD que tornou-se usual no ensino universitário com instituições sérias dedicadas à intensificação de suas práticas, com reconhecimento do Ministério da Educação e, tenderá a ser utilizada nos cursos de nível médio. Não creio que chegará à alfabetização e à creche.

O Brasil deu um grande salto no EAD. Em 2003, tínhamos 52 cursos e com 50 mil alunos e hoje temos 595 cursos de licenciatura, 489 de formação tecnológica e 290 de bacharelato com mais de 1 milhão e 300 mil alunos, no universo de 8,2 milhões de alunos universitários.

Creio que os Ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação tenham que fazer um baita esforço para que se dissemine o EAD no nível médio.

Primeiro, será necessário que todas as escolas estaduais e municipais tenham internet. Hoje, não tem. Algumas têm sinal, mas não tem internet corrente, segura. Convenhamos que não é barato colocar internet em milhares de escolas e os orçamentos de educação são sempre restritos.

Os cursos de informática nas escolas estaduais e municipais já existem, mas de forma reduzida, com disciplina descolada das demais, necessitando de uma rearrumação para que os conteúdos sejam disponibilizados junto com as aulas presenciais com professor, giz e apagador.

Isto é o que chamo de plano B, seria a reestruturação do ensino à distância, permitindo que todas as cidades, escolas estaduais e municipais, tenham acesso ao EAD.

Em todos os níveis de ensino, os sistemas presencial e do EAD pode coexistir para difusão do conhecimento.

Não se trata de desempregar os professores, mas de agregar valor ao ensino.

Em dois mil anos de civilização, o professor sempre teve espaço na formação e na educação das pessoas. Com o EAD continuará existindo. Não haveria desemprego para professores.

A riqueza tecnológica da internet tem que ser levada a estas novas gerações que estão nas escolas de nível médio e secundário.

A geração que aí está será um grande ônus para as gerações futuras, com 90 milhões de brasileiros fora da População Economicamente  Ativa , vivendo 70 milhões na informalidade, sem conhecimento de informática e semialfabetizada, enquanto outros 20 milhões vivem na pobreza com o bolsa família (15,0 milhões) e outros em programas de renda mínima de estados e municípios;(5,0 milhões).

O Estado brasileiro optou por se distanciar de seus cidadãos, substituindo os servidores públicos por aplicativos e levando ao desespero milhões de brasileiros que, na indecência da informalidade, desconhecem como fazer valer seus direitos. O Estado tirou os servidores que informavam e orientavam a cidadania e os substituiu por códigos e senhas digitais, marginalizando e humilhando a cidadania dos que não tiveram uma educação formal.

Este é o momento de professores, diretores de escolas, governadores, prefeitos e secretários estaduais e municipais, pensar no futuro.

Apresentamos a proposta da ANASPS, associação com 50.000 sócios, mantenedora da Faculdade ANASPS, com grande empenho na disseminação do conhecimento, especialmente previdenciário e que busca junto ao MEC autorização para atuação na modalidade a distância. Acreditamos que este é o momento da democratização do ensino através do EAD.

Os ensaios digitais e virtuais mostraram que um novo Brasil surge com educação que pode ser presencial e EAD, pois o Brasil, após a pandemia, terá pressa em superar os diferentes atrasos que se instalaram na superestrutura econômica, social, política, financeira, educacional e cultural.

Paulo César Régis de Souza é vice-presidente Executivo da Associação Nacional dos Servidores Públicos, da Previdência e da Seguridade Social.

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