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Poucas profissões passarão imunes às transformações geradas pela quarta revolução industrial. Um estudo recente da Universidade de Oxford diz que 47% das profissões correm alto risco de extinção e diversas outras pesquisas publicam listas tentando (sem sucesso) se aproximar das profissões que estariam condenadas a desaparecer e as novas que vão surgir; um relatório do McKinsey Global Institute, por exemplo, estima que até 14% da força de trabalho global precisará mudar de categoria profissional até 2030.

Outro estudo recente divulgado também pelo McKinsey Global Institute relata que aproximadamente um quinto da força de trabalho global será impactado pela adoção de inteligência artificial e automação. Já o Fórum Econômico Mundial aponta que até 2030 os robôs substituirão 800 milhões de trabalhadores em todo o mundo. O fato é que a transformação está acontecendo, porém não da maneira abrupta que esperamos.

 “O futuro já está entre nós, só está mal distribuído”, diz Peter Kronstrøm, pesquisador e head do Copenhagen Institute for Future Studies. Um pequeno corredor, com dois ou três caixas de autosserviço no supermercado não nos causa espanto no meio de outros 20 caixas com atendimento feito por funcionários. Mas esta é uma manifestação do futuro, que ocorre de maneira sutil e irreversível. Em breve podemos ter somente caixas automáticos, sem funcionários e não vamos nem perceber que a transição ocorreu. Não haverá surpresa, mas sim profissionais pegos de surpresa.

Por outro lado, algoritmos baseados em aprendizado progrediram além da substituição de tarefas manuais repetitivas. Agora, o reconhecimento de padrões, o diagnóstico e a comunicação de informações complexas – atividades que antes eram consideradas exclusivamente humanas – são cada vez mais realizadas por computadores.

Ainda assim, as mudanças já estão acontecendo para os trabalhos baseados em tarefas mecânicas e espera-se que o impacto seja maior nessas áreas. Essas tarefas não são necessariamente triviais, mas são considerados operacionais e podem ser totalmente automatizados em um futuro próximo. Quanto mais operacional é o seu trabalho, maior a chance de que ele desapareça.

Vamos refletir sobre algumas questões. Uma máquina poderia fazer o seu trabalho? Existem sinais, tecnologias específicas da sua profissão? Elas podem em algum momento evoluir a ponto de substituí-lo? Quais são as transformações presentes no seu segmento? Você é reativo à novas tecnologias ao invés de usá-las para otimizar o seu trabalho?

Se você respondeu sim a alguma destas questões, é hora de repensar sua carreira. Como não fazer parte deste grupo? Pense em trabalhabilidade, multiversidade e lifelong learning. A aprendizagem ao longo da vida, ou lifelong learning, pode assumir várias formas, inclusive participando de eventos como conferências, workshops, jornadas de inovação, bem como cursos e oficinas. À medida que a necessidade de habilidades evolui para se tornar mais interdisciplinar, com a necessidade de habilidades críticas essenciais, a abordagem para o aprendizado se torna mais dinâmica. Se a sua profissão não acabar, ela certamente sofrerá grandes mudanças.

Justamente por isso, os currículos dos cursos devem ser voltados à formação integral do ser humano e a maioria das disciplinas precisam abordar questões pertinentes a novas tecnologias e mudanças da profissão. Nesta abordagem, aprende-se de maneira integrada sobre aspectos sociais e culturais para atuar no mercado do futuro: um ambiente mais dinâmico, menos hierarquizado, em que as soft skills, ou habilidades comportamentais, são mais valorizadas.

Ao pensar em como a tecnologia muda o mercado de trabalho, é importante lembrar que a automação não apenas substitui, mas também complementa a inteligência e o capital humano. O desafio para os profissionais é descobrir onde podem agregar valor ou executar tarefas que não podem ser automatizadas. Resiliência digital é um fator fundamental, estar disposto a aprender coisas novas e desapegar quando necessário. Um programa de computador que você usa está ultrapassado? Desaprenda. O velho jargão “sempre foi assim” deve ser eliminado do vocabulário do profissional do futuro.

Por exemplo, maior automação dos processos de produção exigirá maior supervisão e controle de qualidade - tarefas que devem ser desempenhadas por humanos. Outras áreas que terão uma demanda estável nos próximos anos incluem Mídia e Entretenimento, Produtos de consumo, Assistência médica, Energia, Serviços profissionais, Tecnologias da Informação e Computação e Mobilidade, de acordo com o Fórum Econômico Mundial.

Focar apenas nas mudanças em trabalhos operacionais ignora os trabalhos mais qualificados criados diretamente como resultado de uma maior automação e desenvolvimento tecnológico. Novas tecnologias como inteligência artificial, robótica, blockchain e impressão 3D estão transformando sistemas sociais, econômicos e políticos de maneiras muitas vezes imprevisíveis. Essa imprevisibilidade dificulta avaliações de impacto precisas.

Especialistas não podem apontar com certeza como ou exatamente quando a quarta revolução industrial se desenrolará, porque ela pode estar acontecendo neste exato momento. Uma força de trabalho flexível, com educação formal de qualidade e adequadamente treinada será fundamental para atender às demandas do mercado de trabalho, independentemente do ritmo em que a tecnologia avança.

Isabela Melnechuky Cavalcanti de Albuquerque é Gerente de Atendimento ao Cliente e Carreiras da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e foi coordenadora do PUC Carreiras da PUCPR.

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