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Na Encíclica “Evangelho da Vida”, Papa João Paulo II disse: “É uma ilusão pensar que se pode construir uma verdadeira cultura da vida humana se não (…) compreendemos nem vivemos a sexualidade, o amor e a existência inteira no seu significado verdadeiro e na sua íntima correlação” (n.97).

A Igreja ensina que o único lugar adequado e licito para a vida sexual é o casamento, como expressão do amor conjugal e da geração dos filhos. Fora do casamento, a vivência sexual gera muitos problemas.

Antes de tudo, é preciso lembrar que o sexo é profunda expressão do amor conjugal. Se não houver a vivência desse amor, dificilmente haverá plena satisfação e harmonia sexual para ambos.

A vida sexual do casal cristão tem duas dimensões que não podem ser separadas: unitiva e procriativa. Deus quis que, no ato sublime de dar a vida a um novo ser humano, Sua “imagem e semelhança”, houvesse um intenso e indescritível prazer, ao qual chamamos de orgasmo.

Para fortalecer a união e o amor do casal, o Criador fez do sexo um meio profundo da manifestação do amor conjugal.

Deus quis que, no ato sublime de dar a vida a um novo ser humano, houvesse um intenso e indescritível prazer, ao qual chamamos de orgasmo

O ato sexual é como a “celebração do amor conjugal”, a “liturgia do matrimônio”. Na verdade, a relação íntima entre marido e mulher é um forte sinal de comunicação entre dois seres humanos.

É maravilhoso pensar que, no ápice dessa “celebração do amor”, o filho é concebido; ele não é somente a carne e o sangue do casal, mas, principalmente, o fruto do seu amor. Isso dá ao sexo, no plano de Deus, uma dignidade imensa, e o torna sagrado. Sem isso, torna-se profano. É por isso que a Igreja não aceita que a criança seja gerada num tubo de ensaio frio, nas mãos de um técnico.

A Igreja ensina: “Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos e dignos. Quando realizados de maneira verdadeiramente humana, testemunham e desenvolvem a mútua doação pela qual os esposos se enriquecem com o coração alegre e agradecido” (CIC §2362; GS,49).

O prazer sexual legítimo ajuda o casal a vencer situações difíceis que a vida conjugal apresenta. Ele pode ser uma ajuda para o casal enfrentar e superar conflitos, o cansaço da caminhada, a monotonia do dia a dia etc. Vários especialistas têm destacado o valor da harmonia sexual para a saúde mental e afetiva.

Mútua doação

Embora a vida sexual seja importante no casamento, não deve, no entanto, ser supervalorizada, mas integrada no amor do casal. Mesmo sem uma vida sexual perfeita, o casal que se ama profundamente é feliz, pois a felicidade deles não depende só da harmonia sexual, mas de muitas outras coisas bem vividas. Também é preciso dizer que não acontece sempre a “relação sexual perfeita”, como alguns querem.

Os meios de comunicação sugerem o “mito do sexo”, com corpos perfeitos, mas, muitas vezes, parece que acontece entre corpos sem almas. O amor do casal supera todas as técnicas que a mídia possa apresentar para um bom relacionamento sexual.

Toda pessoa humana é imperfeita, por isso não devemos alimentar a ilusão da perfeição no relacionamento sexual.

A relação sexual do homem começa na cama; para a mulher, pode começar no café da manhã

A vida sexual para o homem e para a mulher tem conotação diferente; enquanto o homem busca ativamente o prazer do sexo, a mulher busca mais o significado desse prazer. E o homem precisa entender isso.

A relação sexual do homem começa na cama; para a mulher, pode começar no café da manhã, no beijo de despedida quando o marido sai para o trabalho, na atenção e no carinho que ela recebe durante o dia etc. Ou até num shopping!

O impulso sexual, no homem, é mais ativo e estimulado pelo olhar; enquanto que a mulher reage a atos, a palavras gentis e carícias. As emoções da mulher são menos eruptivas que as do homem, mas são igualmente intensas e têm a capacidade de durar mais tempo e alcançar o clímax mais devagar e mais intenso, extinguindo-se mais lentamente.

O segredo da harmonia sexual está em o casal atingir o clímax sexual (orgasmo), de preferência juntos, o que nem sempre é possível. Mas isso não significa que o ato do casal será frustrado. Isso exige de ambos treinamento, autocontrole por parte do marido e uma atitude mental adequada da esposa.

A frigidez na mulher, na maioria das vezes, é de origem psicológica. Por um processo de reeducação, ela pode aprender a vencer suas inibições e medos que, com frequência, a impede de alcançar o clímax sexual.

Quando a relação sexual é impossível

Haverá épocas, na vida do casal, em que a relação sexual será impossível: uma doença demorada, os dias de menstruação da mulher, quando a esposa está grávida, já próximo de dar à luz, após o parto, quando passa por uma cirurgia etc.

João Mohana, experiente sacerdote e médico, disse o seguinte:

 “Dentro da faixa de normalidade, o casal possui ampla liberdade de expressões eróticas aptas a saciar qualquer psiquismo sadio, qualquer corpo sensível, qualquer espírito cultivado. Toda as manifestações, todas as carícias, inclusive orogenitais, toda a linguagem física do amor compatível com a higiene, todas essas estão ao alcance de qualquer casal que gosta de sexo, mas não ambiciona deixar o sexo destruir o amor, liquidar o casamento”. (1)

Mesmo que seja importante para as mulheres experimentarem o orgasmo, no entanto, pesquisas citadas pelo Dr. Alphonse Clemens (2) mostram que, mesmo mulheres que nunca o experimentaram, puderam chegar a um ajustamento conjugal e à felicidade. Portanto, os esposos não devem pensar que a sua felicidade possa estar totalmente comprometida pela falta de experimentarem o orgasmo.

Quando existe amor verdadeiro, sobretudo a graça de Deus, mesmo essa dificuldade pode ser vencida pelo casal. Estudos mostrados, no livro do Dr. Clemens, revelaram muitas mulheres que não experimentaram o orgasmo na lua de mel, mas foram felizes em seus casamentos. No entanto, muitas que o experimentaram ficaram decepcionadas e desiludidas.

O que pode atrapalhar a harmonia conjugal?

Um erro que pode atrapalhar a harmonia conjugal é o que se fala muito em algumas revistas e na atual mídia, que a mulher só será feliz se “esvaziar a taça do prazer sexual”, por isso há uma grande ênfase nas “técnicas sexuais”.

Muitas vezes, esse procedimento é uma forma de compensar, no plano do sexo físico, um certo fracasso do casal em se ajustar no campo das emoções, atitudes, compreensão etc. O famoso Relatório Kinsey (3) mostrou que “a classe mais baixa possuía as técnicas mais precárias, e, no entanto, apresentava os maiores índices de experiências orgásticas”. (apud Clemens)

O casal não é capaz sempre de atingir o máximo de satisfação sexual. Há os problemas de fadiga, dores, preocupações, cuidados com os filhos, que podem ocasionalmente dificultar o ato sexual, mas nem por isso precisa deixar de ser realizado. Ambos devem compreender que isso não é falta de amor, mas circunstâncias da vida. E um não deve rejeitar o outro, na atividade sexual, por causa desses problemas, e esse esforço deve ser fruto do amor conjugal.

Enfim, a felicidade do casal não depende apenas de sua harmonia sexual, mas do amor que os une e faz deles “uma só carne” (Gen 2,24).

Referências:

1 – MOHANA, João. Céu e carne no casamento, Ed. Agir, Rio de Janeiro, 1975, pg 227.

2 – CLEMENS, Alphonse C., “Projeto para um casamento feliz”, Editora Vozes Ltda, Petrópolis, RJ, 1969.

3 – KINSEY, A. C. , “Sex Behavior in the Human Male”, Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1953.

Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. Página do professor: www.cleofas.com.br e Twitter: @pfelipeaquino

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