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Sim, o Brasil pode mais!

Em sua coluna da terça-feira (28/12) na Gazeta do Povo, o amigo Alexandre Garcia, sempre um raio de luz no jornalismo brasileiro, rendeu justa homenagem à indústria nacional. Em tempos de sucesso do agronegócio, têm passado sem as devidas referências muitas atividades industriais em que o Brasil, com criatividade e competência, ganha destaque no mercado mundial apesar da corrida de obstáculos imposta a quem deseja empreender.

Diante dessa constatação, Alexandre faz duas perguntas:

Então, um país que tem essas indústrias e muito mais, que tem essa capacidade e tecnologia para produzir o que produz, eu fico pensando por que esse país não está entre as cinco maiores potências do mundo? É porque tem alguma coisa que prejudica o empreendedorismo do brasileiro na legislação, nos tribunais, na burocracia, nos governos inchados e nos políticos, não é isso?

De fato, o PIB brasileiro faz lembrar um farol de trânsito. Ora está no amarelo, ora no vermelho e, em poucos períodos, é favorecido pelo sinal verde da liberdade. O PIB patina, canta pneu e pouco sai do lugar.

O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), estima que o PIB per capita encerre 2021 com alta de 3,8% sobre o ano passado. Esse indicador, se confirmado, é 1% inferior ao de 2019, anterior à pandemia, e fica 7,7% abaixo do pico medido em 2013. Agora, o lado pior da notícia: provavelmente só retornaremos a esse nível dentro de sete anos!

Sigamos na esteira aberta pelas duas perguntas do Alexandre. Toda riqueza do país é gerada pela iniciativa privada. Quem investe pode dar-se mal e perder dinheiro se cometer erros de naturezas diversas, mas quando quase toda a economia perde dinheiro, quando o PIB cai e não se recupera, há que buscar culpados entre a elite política e nessas muito mal concebidas instituições do Estado, que alguns ministros do STF consideram inquestionáveis sinônimos de estável plenitude democrática.

Nosso modelo institucional gera crises em sequência, em cascata; é uma usina de instabilidade e desconfiança. No seu lado pior, estimula a corrupção e, inequivocamente, resguarda a impunidade. O jogo político, por decorrência, é de muito má qualidade. Não bastasse isso, parcela expressiva de seus agentes é sadomasoquista.

Sim, isso mesmo: sadomasoquista. Observe a conduta da oposição (midiática, cultural, funcional, parlamentar e judicial). Ela se satisfaz impondo males ao governo sem se importar com o fato de que, sendo parte da sociedade, acaba fazendo mal a si mesma.

Sim, o Brasil pode mais, mas tem muitas contas políticas pendentes das urnas em outubro próximo.

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

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