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Conta-se que, há muito tempo, uma menina odiada pela madrasta foi morta e enterrada por ela ao pé de uma árvore num gramado de Londrina. Desde então, quem passava por ali ouvia a voz infantil cantarolando o lullaby: “nessa rua, nessa rua tem um bosque / Que se chama, que se chama solidão / Dentro dele, dentro dele mora um anjo / Que roubou, que roubou meu coração”. Mas apenas um menino conseguia ver o fantasma. Esta e outras lendas urbanas, já quase esquecidas nos dias de hoje, compõem o espetáculo “Se essa rua fosse minha”, em cartaz no Circo Funcart a partir deste sábado e domingo, 1 e 2 de novembro, às 21 horas. A temporada prossegue nos dias 7, 8 e 9, no mesmo horário. Os ingressos, a R$ 20 e R$ 10 (meia), já podem ser adquiridos na Funcart. Informações pelo telefone (43) 3342-2362.

A montagem da Escola Municipal de Teatro mergulha no universo mítico da Londrina da década de 1970, quando estes causos horripilantes andavam de boca em boca e provocavam medo não só em quem morava por aqui, mas também nos migrantes que passavam pela cidade. “Eu lembro que minha família chegou aqui nesta época e a gente ouvia as lendas. Viemos de Maracaí (SP), uma cidade completamente católica, e Londrina já era conhecida como um lugar que tinha muitos crentes e pessoas de outras religiões”, lembra Silvio Ribeiro, coordenador da EMT e dramaturgo da peça.

“Se essa rua fosse minha” foi concebido com base em suas recordações de juventude, mas também em pesquisas sobre a religiosidade e os causos londrinenses. Os personagens habitam um bairro imaginário. Dentre eles, uma benzedeira, duas irmãs evangélicas, uma zeladora de capela que decora os andores e prepara a missa – homenagem à avó de Silvio, que contava as histórias de terror como ninguém. O personagem do menino que vê o fantasma da criança enterrada ao pé da árvore personifica o próprio dramaturgo, quando criança.

Mas as narrativas fantásticas não causam só medo. Lidas através das gerações, os causos aparecem no espetáculo com um tom de humor. Assim é, por exemplo, a antiga lenda da grávida que tem desejo por fígado; seu marido rouba um pedaço do órgão de um defunto e o morto volta para assombrar a família. Ou a história da mulher que vai buscar conselhos em uma benzedeira e acaba tomada pela Pomba Gira.

Carol Ribeiro assina a direção do espetáculo, que fecha os dois anos de formação de 12 alunos da Escola Municipal de Teatro, com idades entre 14 e 60 anos. Segundo ela, trabalhar com um grupo tão eclético é um desafio que rende resultados satisfatórios. “Percebemos que muitas dessas histórias se perderam num mundo de tanta informação e tecnologia, mas é impressionante como os atores, quando motivados, passam a se interessar pelo universo da oralidade. O espetáculo traz uma formação humanística, faz com que eles tenham outra visão sobre a cidade e o tempo passado”, destaca.

Sob a coordenação do dramaturgo e da diretora, o grupo trabalhou por quase oito meses em pesquisas documentais, exercícios em sala e ensaios – processo que contribuiu tanto para a construção do texto quanto para a encenação.  Um bom exemplo é o figurino, também assinado por Carol. Ele nasceu de uma investigação em álbuns de família da década de 1970. “As cores, formas e tecidos não foram baseados em conceitos clássicos da moda da época, mas no próprio cotidiano das pessoas retratadas nos álbuns”, explica a diretora.

Ficha Técnica:

Texto: Silvio Ribeiro

Direção: Ana Carolina Ribeiro

Direção de Produção: Fernanda Fernandes

Figurino: Ana Carolina Ribeiro

Equipe Técnica: Roberto Rosa e Romildo Ramalho

Assessoria de Imprensa: Renato Forin Jr.

Elenco (alunos formandos da EMT/Funcart – Vespertino 2014): Ana Lopes, Cezar Scalli, Debbie Lee, Iolanda de Melo, Jefferson Maciel, João Mosso, Luana Toyoshi, Marina Madi, Maurício Vieira, Nelson Moraes, Otávio Pelisson e Veridiana Pinheiro

#JornalUnião

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Elenco da EMT leva à cena causos de mistério de uma Londrina antiga. FOTOS: Carol Ribeiro
Elenco da EMT leva à cena causos de mistério de uma Londrina antiga. FOTOS: Carol Ribeiro
Elenco da EMT leva à cena causos de mistério de uma Londrina antiga. FOTOS: Carol Ribeiro

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