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Cultura 03/11/2020  08h42

Crônica: Medo do chuveiro

Não sei se outras pessoas também são assim, mas eu carrego um certo trauma desde criança até hoje, que é o medo do chuveiro.

Tudo começou quando ainda não alcançava o registro e esperava minha mãe abrir a água para um refrescante banho quando o chuveiro pegou fogo.

Aquilo me chocou de uma maneira que depois disso o banho se tornou um estado de aflição.

Naquela época usávamos aqueles chuveiros de metal onde existia uma proteção interna de borracha entre a água e a resistência, quando a borracha furava, a água entrava em contato com a resistência e praticamente explodia.

Depois disso, outros chuveiros também pegaram fogo com o passar dos anos, acho que só comigo foram uns cinco e em cada explosão aconteceram momentos constrangedores de um ser peladão saindo correndo do banheiro temendo levar um choque.

O tempo passou... e faz tempo que os chuveiros de casa pararam com essa mania explosiva, pois agora com a evolução dos chuveiros há muito mais segurança.

Entretanto, o trauma continua.

Toda vez que vou abrir o registro dou uma olhada com o pé atrás para ver se vai estar tudo bem.

Mas, inconscientemente é bem pior, pois constantemente sonho que vou tomar banho e em várias situações oníricas o chuveiro pega fogo.

E não é só o chuveiro de minha casa, mas qualquer chuveiro onde meus sonhos levam.

A hora do banho nos sonhos são verdadeiros pesadelos: Chego em casa cansado, mas feliz depois de várias conquistas profissionais e amorosas, estou andando nas nuvens, porém um pouco suado e por isso vou tomar um gostoso banho, entro no banheiro, tiro a roupa e abro o chuveiro. Estou em baixo da água quentinha, quando escuto um barulho estranho, olho para cima e o chuveiro ri para mim, a água para de cair e uma fumaça começa a sair juntamente com labaredas de fogo...

Acordo assustado!

Fiz terapia por cinco anos para que essa paranoia acabasse. Melhorou um pouco, mas de vez em quando ainda tenho que tomar banho em meus sonhos, porém, agora durmo de chinelos de borracha amarrados nos pés, pelo menos se o chuveiro entrar em curto novamente no sonho, não vou levar choque.

Rodrigo Alves de Carvalho nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores - rodrigojacutinga@hotmail.com

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