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Muito fácil gostar de futebol, ainda mais nascendo no país do futebol, onde quando criança, o presente mais comum de um menino é uma bola. Na escola quando não se tem bola, chuta-se qualquer coisa, garrafas pets, frutas, pedras, o que aparecer na frente e que seja “chutável”, é motivo da meninada correr feito loucos num emaranhado de pernas e pés na hora do recreio ou até mesmo, antes da aula.

Muitos adotam seus times do coração ainda crianças, muitas vezes por intermédio dos pais ou algum familiar, que de uma forma sutil, manipulam a criança a gostar de seus times com camisetas do clube ou comemorando títulos como se fosse a maior conquista interplanetária de toda a história humana vivente no planeta Terra.

A criança inocente, é claro, cai nessa e passa a torcer pelo time preferido de seus manipuladores.

Torcer para um time não tem nada de mais, assim como cada um tem seus gostos pessoais, um estilo de música, uma cor preferida, uma comida etc. O problema é quando essa preferência se torna obsessão e acaba se transformando em fanatismo. 

O amor pelo time ao se transformar em fanatismo e o fanatismo em loucura é uma doença que infelizmente causou e causa muitos danos ao esporte.

Por isso, eu prefiro uma sopa de macarrão. Uma deliciosa sopa de macarrão Padre Nosso, misturado com feijão, e por que não? Um ovo frito com gema mole.

Não tem nada a ver o futebol com sopa de macarrão, mas para mim é muito melhor um prato, ou melhor, uma travessa cheia de sopa de macarrão bem quentinha num dia frio de inverno, do que estar planejando ataques a torcedores adversários ou jogando pedras e rojões em ônibus de jogadores do outro time só porque você não torce para eles, mas seu fanatismo idiota te convence que se não for do mesmo time que o seu, não merecem torcer para mais ninguém ou jogar em nenhum outro time.

Lembro que um tempo atrás vi na TV um desses torcedores doentes dando uma entrevista, chorando copiosamente porque seu time havia sido rebaixado para a segunda divisão, dizendo: “Minha vida acabou! O que vai ser de mim agora? Eles (o time) não podiam ter feito isso comigo!”

Ah meu! Vá trabalhar! Vai cuidar de sua família, se é que com esse fanatismo consegue constituir família! Ou melhor, vá fazer e se deliciar com uma generosa sopa de macarrão!

Por isso, fica aqui um singelo conselho: torça para seu time de maneira comedida, pode gritar, pular, ficar bravo, mandar tudo para aquele lugar, mas nunca se esqueça da sopa de macarrão. Você poderá saboreá-la com pedaços de legumes, se for vegano ou com pedacinhos de qualquer tipo de carne, se for carnívoro. Mas nunca deixe de comer a sopa de macarrão.

E se por acaso alguém dizer que não gosta de sopa de macarrão, tudo bem, coma sopa de fubá, sopa de legumes, sopa de mandioca, afinal de contas, não devemos ser fanáticos e jogar pedras e rojões só porque a pessoa não gosta da mesma sopa que você gosta.

Rodrigo Alves de Carvalho nasceu em Jacutinga (MG). Jornalista, escritor e poeta possui diversos prêmios literários em vários estados e participação em importantes coletâneas de poesia, contos e crônicas. Em 2018 lançou seu primeiro livro individual intitulado “Contos Colhidos” pela editora Clube de Autores.rodrigojacutinga@hotmail.com

* Os textos (artigos) aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do GRUcom -  Grupo União de Comunicação.

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