Espetáculo A solidão é azul traz ao público temas como a solidão e o autocuidado
Com uma rica trilha sonora e os movimentos da Dança Butoh, artista propõe um olhar profundo para as nossas próprias vivências
Uma mulher transita por estágios que refletem a solidão das pessoas que sofrem do transtorno psiquiátrico e, principalmente, a incompreensão e a condenação da sociedade. Assim começa a sinopse do espetáculo de dança butoh de Solange Mello que será transmitido pela Vila Cultural Canto do MARL nessa quarta-feira às 19h30 pelo Youtube.
Nesse espetáculo, o público será convidado a acompanhar a dança, entre notas líricas do piano e momentos de cordas tensionadas, e a exclamação de vozes anônimas. Ações sonoras para as quais o corpo reage com expressões pungentes ou com a sutileza dos pequenos movimentos.
Características da dança oriental Butoh, que Solange pesquisa há pelo menos duas décadas e que incorporou de modo muito pessoal à sua arte, são dessa forma ressaltadas.
A artista explica que desenvolveu seu próprio Butoh porque essa é uma dança que necessita de uma carga de vida mais extremada e convida a todos para conhecer essa nova linguagem de dança. “Eu desenvolvi o meu Butoh, fruto das minhas vivências, uma técnica que é pouco usada aqui em Londrina” – Explica Solange Mello.
As palavras de Clarice Lispector em “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres” poderiam resumir “A Solidão é Azul”, espetáculo da dançarina Solange Mello, de Londrina: “Ela estava só. Com a eternidade à sua frente e atrás dela. O humano é só”.
O trabalho aborda a perspectiva do enclausuramento, nos convida dessa forma a adentrarmos em nossas profundas camadas de solidão. Nisso, vemos a presença do autocuidado, que antes se ignorava, mas que se apresenta neste momento, imprescindível.
O espetáculo foi desenvolvido em 2018 após a atriz ter superado uma grande depressão e o texto foi desenvolvido por Renato Forin. "A solidão é azul" ressalta os interstícios de uma mulher que encontrou no movimento o que nos aproxima enquanto humanos: a capacidade de expressarmos os indizíveis sentimentos que a solidão nos revela.
O solo estreou em sua versão integral no 16º Festival de Dança de Londrina, em outubro de 2018. Participou do Festival de Teatro de Ibiporã (Festibi) no mesmo mês e também teve um trecho exibido no 24º Mercosul em Dança, em 2018 na Argentina. Também contemplado no Edital 02/2020 de Chamamento para Licenciamento de Conteúdo Cultural Digital - Cultura Feita em Casa, pela Secretaria do Estado da Comunicação Social e da Cultura (SECC-PR).
Para assistir, basta acessar o youtube da Vila Cultural Canto do MARL nessa quarta-feira às 19h30. Os espectadores poderão participar enviando seus comentários. A transmissão faz parte da Cultura em Resistência, a programação online da Vila Cultural Canto do MARL. A vila conta com o patrocínio do PROMIC, o programa Municipal de Incentivo à Cultura de Londrina e o apoio do MARL, o Movimento de Artistas de Rua de Londrina.
Gustavo Garcia/Asimp
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