Exposição Douglas Mesquita na Casa Madá
A primeira exposição individual do artista Douglas Mesquita, que assina como Douglas Iscariotes, conta com ilustrações originais e reproduções em camisetas e canecas. Durante a abertura da exposição no dia 1º de abril, às 15h, na Casa Madá – Ateliê Coletivo, também será inaugurado o mural produzido pelo artista na parede externa da frente da casa e Mesquita fará um bate-papo com o público. A exposição integra a galeria Toca da Onça, da Casa Madá, que tem curadoria de HigorMejia.
Douglas Mesquita é formado em Artes cênicas na UEL e tem atuado como ilustrador, desenhista, ator, diretor, bonequeiro, performer e educador social. Os trabalhos que integram a exposição dividem-se em duas séries, a primeira denominada Movimento Histérico e a segunda intitulada Os Anjos.
Duas séries - A sequência de desenhos de Movimento Histérico parte de grafismos, zentangle e trabalha a partirda criação de movimento e texturas com o preto, esses trabalhos se aprofundam na criação de microuniversos compartilhados, interligados, entrelaçados e únicos. Cada um dos desenhos parte de um processo do movimento da mão e dos olhos, que busca quase um tremor da mão, quase como falar ao telefone e riscar uma folha de papel para se distrair. “Linhas, que são letras que são janelas, ou círculo, que podem ser esferas ou planetas e sóis. Casa, cordas, espinhos, conchas, buracos, escadas, colmeias, rabiscos e fluxos de pensamentos e ideias. Histérico”, define Mesquita.
Segundo Douglas Mesquita, suas principais referências visuais para essa série são Jean GiraudMoebius, Miles Johnston, Marco Mazzoni, Tarsila do Amaral, Peter Draws ,YukitoKishiro, HirokiEndou, Harry Clarke.
Outra parte dos desenhos tem como referenciais os hq’s e mangás, bem como baseia-se em questões sobre a imaginação e fantasia na contação de histórias. Os desenhos construídos em aquarela, lápis de cor e nanquim acessam questões sobre cuidado, religiosidade, paternidade e abandono. Questões sobre a agressividade e a criação artística permeiam a imaginação de forma a criar histórias e breves narrativas sobre estas criaturas aladas e de chifres pontiagudos. Mesquita frisa que no “imaginar moram estes seres que vivem carregando ovos, derrubando-os ou sentando em cima, cuidando como podem de filhos que nem são seus, pois os anjos não transam”.
A série de desenhos dos anjos surge de provocações da adolescência carregada das imagens presentes no cotidiano do início e fim. As influências e referências visuais desta segunda parte são Lauren Marx, Susano Correia, Jean GiraudMoebius, Frida Kahlo, Kelly McKernan, HígMejïa, HirokiEndou, YukitoKishiro, ZdzislawBeksinski.
O artista decidiu desengavetar seus desenhos e ilustrações quando recebeu a proposta de exposição coletiva, em 2021, realizada na galeria “Toca da Onça”, na Casa Madá, também com curadoria de Mejia, coordenador do espaço. “Esse primeiro evento me impulsionou e facilitou a construção e organização dos desenhos, afirmando meu pseudônimo de Douglas Iscariotes”, conta o artista.
Mural - O primeiro mural de Douglas Mesquita criado para a Casa Madá- Ateliê Coletivotrabalha questões de imaginação, experimentação, desgaste e micro histórias. Misturando técnicas, narrativas e desenhos, o mural busca um olhar detalhado e desfocado sobre as representações ali presentes. No preto e branco, muitas camadas, que vão de peixes voadores a pássaros mergulhões.
Douglas Mesquita
Formado em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Londrina, encontrou nos trabalhos com desenhos e ilustrações um caminho para criação de relatos e partituras corporais. Desenvolvendo questões vinculadas à agressividade e ao trabalho de ator, criou em seu trabalho de conclusão de curso (2017) a construção de figuras imagéticas baseadas nas experimentações físicas sobre a agressividade a partir da imaginação. Desenho, imaginação, corpo e agressividade se encontram num trabalho de descontrole e fluxo.
Inicialmente, em 2012, com o “Grupo do Santo”, desenvolveu pesquisas sobre arte e presença e a performance, bem como sobre questões do corpo e o constrangimento legados ao conceito da dramaturgia da lembrança, o grupo encerrou as atividades em 2016. A partir de 2018, com o grupo “Nunca de Performance", desenvolve encontros, vivências, instalações e experimentações performáticas, permeando diversas linguagens e conceitos. No ano de 2022, o “Nunca de Performance" realizou seu 6° encontro de performance na Casa Madá, reunindo artistas, performers e outros profissionais a fim de vivenciar o “terapizza”.
Leia também: