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De volta às atividades presenciais, o evento movimenta a cidade com espetáculos e oficinas nacionais e internacionais a partir do próximo sábado. Bilheteria já está aberta

O que pode um corpo? Essa pergunta guiou a curadoria da edição 2022 do Festival de Dança de Londrina e as possíveis respostas ao questionamento estarão nos palcos fechados e abertos da cidade, entre os dias 8 e 16 deste mês, quando acontece a primeira edição presencial pós-pandemia.

Programação aguardada na agenda cultural de Londrina, o Festival retoma seu formato trazendo nomes consagrados das artes cênicas nacionais e internacionais. Ao todo, serão 10 espetáculos de diferentes modalidades de dança e teatro no palco do Teatro Ouro Verde e da Divisão de Artes Cênicas da Casa de Cultura da UEL, além de um show na Concha Acústica com a potência dos toques e movimentos afros do Grupo Höröyá (Brasil-Senegal).

A programação didática traz seis oficinas, do clássico ao butoh, do passinho ao jazz, incluindo uma programação especial para o feriado do Dia das Crianças. Dentre as atrações de destaque, o Raça Cia de Dança, volta a Londrina, além do Balé Teatro Guaíra, que abriu a edição 2019. A atriz Denise Stoklos apresenta pela primeira vez seu solo, unindo Clarice Lispector a Elis Regina. Uma das principais surpresas é a estreia de “Bora!”, espetáculo do Ballet de Londrina – companhia anfitriã do Festival – coreografado por Henrique Rodovalho, diretor da Quasar Cia de Dança.

Os ingressos para os espetáculos já estão à disposição do público no Sympla, por R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). As inscrições para oficinas também podem ser feitas pela plataforma, com valores que variam de R$ 15 a R$ 30. A partir de sábado (8), diariamente a bilheteria física também funcionará no Teatro Ouro Verde com abertura às 16h. A grade de programação pode ser acessada no site oficial do evento: www.festivaldedancadelondrina.art.br. Informações em tempo real e outras curiosidades sobre as atrações serão postadas nas redes sociais (@festivaldedancadelondrina).

Nas reflexões sobre “o que pode um corpo?”, o Festival reúne montagens sobre temas contemporâneos que buscam uma reflexão ampla, democrática e de diferentes vozes. “Nosso cartaz traz cores vibrantes, convidam os artistas e o público de volta à vida, após a pandemia e contra a cultura da morte que nos assola. Mas é um chamado maior, com megafone, que pretende convocar diferentes corpos sociais e pensar em colaborações e diálogos nessas diferenças”, explica Danieli Pereira, coordenadora geral.

Abertura

Esta ideia aparece com contundência no espetáculo de abertura: o premiado “ou 9 ou 80”, da Clarin Cia de Dança, de São Paulo, no sábado (8), às 20 horas, no Teatro Ouro Verde. A entrada é gratuita, com direito a retirar dois ingressos por pessoa, via Sympla. A montagem inspira-se nas vidas dos dançarinos de funk das periferias dos grandes centros, as batalhas diárias contra o preconceito, o racismo, a homofobia e outras dificuldades, e mostra a capacidade inspiradora de encontrar esperança na dança.

Programação

Às 20h, de domingo (9), o Teatro Ouro Verde vai celebrar o encontro de três ícones femininos da cultura brasileira. “Abjeto-Sujeito: Clarice Lispector por Denise Stoklos”, reúne o “teatro essencial” com a obra clariceana, permeado pela voz de Elis Regina, que surge entre uma cena e outra inspirando leituras corporais de Stoklos, considerada uma das performers mais importantes do mundo. Sob direção de Elias Andreato, “Abjeto-Sujeito” é uma investigação radical a respeito de como o corpo, a voz e a emoção da intérprete. O ingresso custa R$ 20 (inteira).

Na segunda-feira (10), às 20 horas, o Teatro Ouro Verde recebe a artista Jéssica Teixeira de Fortaleza (CE), que apresenta a montagem “E.L.A.”. A temática está diretamente relacionada ao valor do corpo e a visão social sobre a deficiência física, com questões como beleza, saúde, política, feminilidade e acessibilidade. E.L.A. mescla vídeo, artes plásticas e dramaturgia por meio de colagens e textos autobiográficos.

Na véspera do feriado (11), será a vez de grupos e artistas de Londrina e região se apresentarem no Teatro Ouro Verde, às 20h, na tradicional mostra “Dança Londrina”. Um programa com números e performances curtas ligadas a várias modalidades da arte do movimento, que revelam o ecletismo e o talento dos artistas locais.

Feriado

Na quarta-feira (12), celebrando o Dia das Crianças, a alegria e descontração invadem o Festival com a Confraria da Dança, de Campinas (SP), e o espetáculo “Mirabolante”, às 17h, no Ouro Verde. Sob a batuta do reverenciado diretor João das Neves, os bailarinos Diane Ichimaru e Marcelo Rodrigues relembram os antigos carnavais e celebram a grande festa que toma as ruas do País todos os anos.

Ainda no dia 12, o tradicional grupo londrinense Boca de Baco sobe ao palco da Casa de Cultura, às 20h, para a apresentação de “Olhos nos Olhos”, seu espetáculo comemorativo de 30 anos. Com dramaturgia de Renato Forin Jr. e direção de Luiz Valcazaras, a peça promove um encontro entre mitos gregos e histórias do elenco, entre dramas pessoais e chagas coletivas, que passa por questões urgentes como racismo, misoginia, etarismo e polarização política. Tirésias, vidente que atravessa muitas narrativas gregas, mudando a rota de mitos, é quem aponta os caminhos na jornada diante da cegueira do mundo.

Dos tambores ao jazz

No dia 13, a programação artística do Festival começa na Concha Acústica, às 18h30, com o show “Grigri Ba”, do Grupo Höröyá (Brasil-Senegal). O repertório de música e dança trazido a Londrina por seus 13 integrantes tem como influências as culturas tradicionais de países do oeste africano, como Guiné, Mali e Senegal, e diversas vertentes afro-brasileiras, como o samba e toques de candomblé, além do afrobeat da Nigéria e de Gana e da musicalidade afro norte-americana, como o funk e o jazz.

Também no dia 13, às 21h, na Casa de Cultura, a Cia Nua, de Londrina, apresenta o espetáculo “Outros”, que traz uma coreografia de dança-teatro com reflexões sobre a condição humana, inspiradas no existencialismo sartreano. Questões que refletem o convívio em sociedade, a empatia, a liberdade e a responsabilidade que nos fazem notar uns aos outros foram inspirações para a montagem.

Um remake do consagrado espetáculo “Caminho da Seda”, da coreógrafa Roseli Rodrigues, e a montagem inédita “Music, Body and Soul”, de Erika Novachi, pelo grupo Raça Cia. de Dança, de São Paulo, compõem o programa que será apresentado na sexta-feira (14), às 20h, no Teatro Ouro Verde. Referência entre os representantes da modalidade “jazz dance” no País, o grupo Raça vai encantar o público na remontagem de Rodrigues, que usa mais de 400 metros de tecidos como elemento cenográfico. Já na segunda montagem, o palco é transformado em partitura ao som de composições de Frédéric Chopin, Beethoven, Giovanni Albinoni e Heitor Villa-Lobos, enquanto o corpo é a nota musical.

Dança paranaense em destaque

No sábado (15), às 20h, no Teatro Ouro Verde, o público vai conferir “Bora!”, a nova montagem do Ballet de Londrina, que, pela primeira vez, é coreografado por um artista externo: Henrique Rodovalho. O coreógrafo concebeu uma obra que se passa como uma fotografia cinética do contemporâneo. Os bits da música eletrônica conduzem personagens perdidas em um mundo, ao mesmo tempo, hostil e afável. O espetáculo é uma reflexão sobre a dualidade entre o individualismo e o efeito manada em um tempo de cancelamentos, haters e relações líquidas.

O Balé Teatro Guaíra encerra a programação 2022 no domingo (16), às 20h, no Teatro Ouro Verde, com um programa que inclui os espetáculos “Tempestade” e “V.I.C.A.”. Com “Tempestade”, o coreógrafo e diretor Mário Nascimento imprime a carga de sentidos e significados relacionados ao nome do espetáculo. Já “V.I.C.A.” foi concebida por Liliane de Grammont para nos tocar, nos mover e acender uma reflexão sobre muito do que passamos durante a pandemia da Covid-19. Em meio a tantas incertezas e desafios, a coreógrafa nos propõe justo o “corpo coletivo” – tônica deste Festival – como estratégia para lidar com a vida e seguir adiante.

Oficinas

A programação didática do evento, que acontece paralelamente aos espetáculos, inclui este ano seis oficinas de dança direcionadas ao público em geral a bailarinos com alguma experiência. Todos os cursos serão na Funcart (Rua Senador Souza Naves, 2.380) e as vagas são limitadas.

Nos dias 8 e 9, a performer, dançarina e diretora artística Yael Karavan, de Portugal, ministra a “Oficina de Butoh”. Também no dia 9, o dançarino carioca Pablinho IDD (da Clarin Cia de Dança) comanda a “Oficina de Passinho Phoda”, levando ao público londrinense (sem necessidade de experiência prévia) o movimento criado nos bailes de favelas cariocas. Em clima de comemoração ao Dia das Crianças, na véspera (11) a bailarina Diane Ichimura da Confraria da Dança de Campinas (SP), comanda “Dança, ação, uma pitada de emoção”, para crianças a partir de 7 anos com acompanhantes adultos.

Com música executada ao vivo, no dia 12, acontece a “Oficina de Dança Afro-Brasileira”, com o artista senegalês Aziz Mbaye (Grupo Höröya – Brasil-Senegal), que vai ensinar a prática da dança africana Sabar. Os bailarinos com experiência intermediária terão duas oficinas especiais, ambas realizadas nos dias 13 e 14: “Balé Clássico” e “Jazz Dance”. A primeira, com Henrique Feliciano e a segunda com Lucas Maia, ambos integrantes do Raça Cia de Dança (São Paulo/SP).

Sobre o Festival

O Festival 2022 é apresentado pela Copel, por meio do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura da Secretaria de Estado e Comunicação Social e Cultura (PROFICE), com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e tem patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura de Londrina, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROMIC). Ele é uma realização da Associação dos Profissionais de Dança de Londrina e Região Norte do Paraná (APD), com apoio institucional da Fundação Cultura Artística de Londrina (Funcart) e da Casa de Cultura da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e conta com o apoio do Hotel Crystal e Rádio UEL FM.

Renato Forin Jr./Asimp 

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