Livro traz memórias da ferrovia e parte da história de Ibiporã a partir da estação de trem
Lançamento será nesta sexta-feira (dia 15/7), em um evento de memórias no Cine Teatro Padre José Zanelli, de Ibiporã
Um história comum a todo o Norte do Paraná – a da construção da ferrovia São Paulo–Paraná e o papel socioeconômico que ela desempenhou para a região nos tempos áureos de café e do transporte ferroviário (entre as décadas de 1930 e 1960) – é o pano de fundo do livro A cidade que nasceu dos trilhos - História e memórias de Ibiporã a partir da estação de trem e da ferrovia”, do jornalista Jaime Kaster, publicado pela EDUEL, que será lançado nesta sexta-feira, dia 15 de julho, em Ibiporã.
O lançamento será no evento “Memórias da Estação”, a partir das 19h30, no Cine Teatro Padre José Zanelli, com entrada gratuita. Na ocasião, o livro será vendido a preço promocional.
Como e tema diz respeito à história local e os personagens das memórias também são de Ibiporã, a Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (SMCT), incluiu-o nas comemorações relativas aos 75 anos de Ibiporã, o Jubileu de Diamante do Município (1947-2022), que será completado no próximo dia 8 de novembro.
A data de 15 de julho foi escolhida por ser o aniversário da Estação Ferroviária de Ibiporã, marco inicial da cidade e primeiro prédio público local, inaugurada em 15 de julho de 1936. O evento terá apresentação de chorinho (com alunos da Oficina do Clube do Choro, de Londrina) e exibição de um vídeo com depoimentos de 29 pioneiros locais, falando sobre a vida em torno da estação, o trem e memórias de infância daqueles que moravam nas imediações da linha férrea.
Parte dessas memórias foram a base da segunda parte do livro “A cidade que nasceu dos trilhos”, que traz memórias detalhadas de alguns pioneiros (considerados aqueles nascidos ou que chegaram à cidade entre as décadas de 1930 e 1940), que já haviam sido entrevistados no projeto Contos e Causos – História Viva de Ibiporã. O projeto, realizado pela administração municipal, por meio da Secretaria de Cultura e o Museu Histórico, captou mais 160 entrevistas em vídeo entre 2010 e 2016, e resultou na publicação de oito DVD books (livros e filmes).
“No livro, eu faço nos primeiros capítulos uma recuperação da história da estrada de ferro e da cidade de Ibiporã, depois fiz a busca e análise de fotografias da estação e do trem, e ao final, na pesquisa de campo, fui às famílias que melhor identificariam os lugares e personagens e trariam boas histórias para enriquecer o material”, informa Jaime Kaster. “A ideia de trazer para esse lançamento memórias em vídeo foi com o objetivo de valorizar essas pessoas tão importantes para a cidade e que convidamos para estarem com a família nessa noite especial no Cine Teatro”, acrescentou.
O livro traz nas referências vários autores locais que estudaram a história regional e pesquisadores da UEL e de outras universidades, das áreas de Comunicação, História, Ciências Sociais e Arquitetura. “Minha pesquisa de base na UEL foi orientada na pelo professor Paulo César Boni, que tem publicado vários livros sobre a fotografia como fonte de recuperação histórica do Norte do Paraná e agora colocamos Ibiporã em destaque nesse mapa”, informa o autor.
Mais detalhes sobre a obra:
https://www.ibipora.pr.gov.br/noticiasView/34258_Historia-e-memorias-de-Ibipora-sao-contadas-por-servidor-da-Secretaria-de-Cultura.html
Ibiporã: uma pequena estação nos trilhos da São Paulo-Paraná
A chegada dos trilhos da Estrada de Ferro São Paulo-Paraná rasgando as matas do Norte do Paraná e alcançando a barranca do Rio Tibagi, no início da década de 1930, mexeu definitivamente com a paisagem da região. A partir de 1935, quando a linha finalmente chegou a Londrina e foi seguindo rumo ao oeste, houve forte onda de migração e a implantação em série de povoados e novos núcleos urbanos. Foi sendo formado um cordão de cidades ao longo da linha, com distância média de 15 km entre elas.
Uma delas foi Ibiporã, fundada em 1936, conhecida originalmente como “Terreno Jacutinga”, área concedida pelo Governo do Estado ao engenheiro Francisco Beltrão, planejada e colonizada por seu irmão, Alexandre Gutierrez Beltrão, que consistia em uma faixa de terras entre a margem esquerda do Tibagi e o limite da área adquirida pela Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP).
Nesta pesquisa, realizada a partir de fotografias e de documentos, analisados e confrontados com as memórias de 28 pioneiros que vivenciaram os primeiros anos de Ibiporã, o autor foca a construção e a importância da linha férrea para o município e identifica a estação como o ponto de partida para o início do povoamento urbano. Também destaca o fato de ela ter se tornado um “lugar de pertencimento” para os moradores mais antigos.
O livro traz alguns dados pouco (ou não) divulgados, como a resistência dos índios à construção da ferrovia e documentos do acervo particular da Colonizadora Beltrão, que atestam o trabalho de Alexandre Beltrão nessa região entre 1925 e 1928, portanto antes da chegada da caravana da CTNP a Londrina, em 1929. Há fotos inéditas do início da colonização de Ibiporã; a casa histórica de Beltrão (ainda em pé), que inicialmente pertenceu aos engenheiros da ferrovia e que ficava na “ponta da linha”; além das ricas memórias de pessoas comuns sobre o período áureo do transporte ferroviário na cidade, entre 1936 e 1960.
Nesse sentido, os oito pioneiros de Ibiporã que mais contribuíram com seus depoimentos na fase final do levantamento, trazendo informações inéditas e dando uma nova luz à historiografia oficial sobre o tema, foram: Aparecida Peretti Pelisson, José Bonfim Ledo, Lauro de Castro Beltrão, Lourdes Sípoli Lozam, Ramon Lozam, Eleonora Beltrão Barcik, João Ibrahim Zachêo e João Rodrigues Tavares. A eles e a todos os desbravadores dessa terra, o nosso agradecimento. (Jaime Kaster)
NCSPMI
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