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Grupo “Cadência Sincopada” realiza série de shows gratuitos e palestra que prestam tributo ao compositor. Primeira apresentação acontece neste sábado (3), na Alma Brasil

Para muitos, Geraldo Pereira (1918-1955) é o próprio inventor do samba sincopado. Inquestionável é que, dentre nossos compositores, foi ele quem melhor talhou este estilo contagiante, repleto de idas, vindas e breques. Autor desconhecido de sucessos imortalizados como “Falsa baiana”, “Sem compromisso” e “Escurinho”, Geraldo Pereira recebe justa homenagem do grupo “Cadência Sincopada” no ano em que completaria um século de nascimento. O projeto “Centenário de Geraldo Pereira – o Rei do Samba Sincopado” inclui uma série de shows gratuitos e duas palestras que esmiúçam sua obra nos próximos meses. A primeira apresentação será neste sábado, dia 3, a partir das 20 horas, na Vila Cultural Alma Brasil (R. Argentina, 693).

A programação segue com shows no dia 25 de novembro, ao meio-dia (com feijoada), na Vila Flapt! (Rua Lino Sachetin, 498, Conjunto Luiz de Sá); no dia 15 de dezembro, às 20 horas, na Vila Triolé Cultural (Rua Etienne Lenoir, 155), e no dia 23 de fevereiro de 2019, às 20 horas, no Centro Cultural Sesi/AML (Rua Maestro Egídio Camargo do Amaral, 130, em frente à Concha Acústica). Já as palestras, igualmente gratuitas, estão agendadas para os dias 14 e 15 de dezembro, respectivamente às 20 e às 10 horas, na Alma Brasil e no Triolé. O projeto tem patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura, por meio do PROMIC – Programa Municipal de Incentivo à Cultura.

De acordo com Lucas Fiuza, proponente da ideia, a intenção é tornar mais conhecido – e reconhecido - o nome do compositor mineiro radicado no Morro da Mangueira, no Rio de Janeiro, onde criou a maioria de suas canções. “Tem algumas músicas que as pessoas não sabem que são dele, mesmo sendo muitas conhecidas. Ele é uma grande influência de artistas como Chico Buarque, Roberto Silva e Roberta Sá.  Quisemos dar esta visibilidade para que as pessoas soubessem quem é o compositor”, explica Fiuza, que assina os arranjos e toca cavaco e bandolim. Ele sobe ao palco acompanhado de Silvia Borba (vocal) – co-idealizadora do projeto –, Ramon Maciel (violão), Lucas Dias (percussão) e Reinaldo Resquetti (trompete, flugel e trombone).

Esta formação do “Cadência Sincopada” tem mais ou menos um ano e meio, embora o grupo tenha nascido em 2016 e, desde então, pesquise o samba de breque. O primeiro compositor estudado foi João Nogueira, que resultou em um especial que percorreu bares da cidade e cumpriu temporada no SESC Cadeião. Agora, os músicos mergulham na própria fonte da síncope melódica – e inspiração do compositor anterior - com o trabalho de Geraldo Pereira.

Em uma hora de show, eles percorrem cerca de 20 canções do sambista. Além dos sucessos já citados, estão no set-list “Pisei num despacho” (parceria com Elpídio Viana), “Conversa fiada” (com Ciro de Souza), “Onde está a Florisbela” (com Ari Monteiro), “Pode ser?” (com Marino Pinto) e  “Acertei no milhar” (com Wilson Batista), clássico na voz de Moreira da Silva. Nesta última, Silvia Borba faz uma brincadeira, dialogando com os músicos. Ela também conta várias histórias do talentoso artista, que dividia o ofício criativo com o trabalho de motorista de caminhão da limpeza urbana e que morreu precocemente, aos 37 anos, após uma briga com Madame Satã em um bar da Lapa.

Uma das novidades do repertório são os arranjos assinados por Lucas Fiuza. O músico buscou versão originais interpretadas por grandes nomes da fase áurea do rádio e remodelou algumas melodias. “A gente tirou referências de gravações mais antigas como as de Cyro Monteiro e de Odete Amaral; outras criamos mesmo, de forma diferente, com percussão e voz, violão e voz, conversas do trompete e do violão com o cavaco. Isso dá a nossa cara para o projeto”, destaca. A ideia de levar as quatro apresentações para vilas culturais e para o Sesi, em diferentes regiões da cidade, tem o objetivo de apresentar o repertório para variados públicos.

O espetáculo conta ainda com figurino de Alex Lima, que pensou em uma inversão de referências de gênero, transvestindo a vocalista como o próprio Geraldo Pereira, com seu indefectível branco e chapéu – tal qual é visto no documentário dirigido por José Sette. Já os músicos trazem, no elegante traje de social e suspensórios, o rosa da Mangueira.

Palestras

Nos dias 14 e 15 de dezembro, o “Cadência Sincopada” recebe um ilustre convidado para debater e ensinar sobre a obra de Geraldo Pereira numa oficina/palestra com duas horas de duração. O percussionista londrinense André Vercelino, radicado no Rio de Janeiro, traz informações sobre a história e o estilo do compositor. A atividade conta com a participação do grupo, que interpretará trechos do show e mostrará como a síncope do samba está presente em várias outras modalidades da música popular brasileira.

Renato Forin Jr./Asimp

#JornalUnião

Cadência Sincopada no centenário de Geraldo Pereira _ Foto de Renato Forin Jr.

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