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Livro da autora Paulina Chiziane será debatido terça-feira (1°), no auditório da Secretaria Municipal de Cultura; entrada é gratuita e aberta à comunidade

O projeto Literatura na Biblioteca, que traz bate-papos sobre os livros pedidos no Vestibular da Universidade Estadual de Londrina (UEL), terá o próximo encontro na terça-feira (1º). A conversa será sobre o livro “Niketche: Uma História de Poligamia”, da escritora moçambicana Paulina Chiziane, e será conduzida pela mestranda do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da UEL, Gabriely Menegheti Bertoni. A atividade começa às 18h30, no auditório da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), localizada na Rua Maestro Egydio do Amaral, 110, Praça Primeiro de Maio. A entrada é gratuita e aberta ao público em geral.

Implementada em 2017, a iniciativa é uma realização da SMC, por meio da Diretoria de Bibliotecas Públicas de Londrina, em parceria com o PPGL da UEL. De acordo com o coordenador de Atendimento, Programação e Extensão da SMC em exercício, Guilherme Yung Wing Li, o Literatura na Biblioteca tem ajudado muitos vestibulandos a serem aprovados na universidade. “É um projeto que proporciona a todos o acesso a discussões com especialistas em literatura, o que é uma oportunidade muito boa, pois sempre trazemos estudantes ou professores do PPGL. É também importante para estimular o pensamento crítico dos alunos sobre as obras literárias”, destacou.

Conforme a mestranda pelo PPGL, Gabriely Menegheti Bertoni, que conduzirá o debate, a expectativa é de auxiliar os vestibulandos não somente a conhecer o enredo do livro, mas também a interpretar questões sociais que aparecem na obra. “Já lecionei no ensino médio em várias escolas, e sei que muitos estudantes tentam mais de um vestibular no mesmo ano, então fica difícil para eles ler e se aprofundar em todos os livros que precisam estudar. Por isso, quero trazer para eles não só a história do livro, mas destacar alguns pontos para os quais eles devem se atentar com relação ao contexto social, histórico e econômico”, explicou.

Bertoni acrescentou que vai trazer referências bibliográficas de outros estudiosos que já analisaram o livro, para orientar os alunos quanto aos pontos mais discutidos. “Quero levar também algumas questões de outros vestibulares que abordaram o livro, para que eles possam ver como essa obra aparece nas provas e se preparar”, ressaltou.

Niketche: Uma História de Poligamia

O livro conta a história, narrada em primeira pessoa, de Rami, uma mulher que vive no sul de Moçambique. “É muito importante trabalhar o contexto sócio-político e histórico do livro, porque é uma cultura diferente da nossa. Lá existe a tradição da poligamia, em que o dever da mulher é ser submissa ao homem. Preciso trabalhar essas questões com os alunos, para que eles entendam que é uma tradição, é uma cultura no sul moçambicano”, frisou.

Bertoni contou que Rami, a esposa principal do personagem Tony, precisa aceitar o relacionamento do marido com mais cinco mulheres. “Ao longo do livro, descobrimos que ele tem ainda mais que cinco, e ele acaba não conseguindo lobolar (tradição de sustentar a mulher financeira, sexual e emocionalmente) todas essas mulheres e os filhos. Por isso, ele foge, o que, segundo a tradição, implica que a primeira esposa, a narradora, perca tudo”, descreveu.

Com as mudanças, Rami precisa buscar sua independência financeira, e passa a refletir sobre o espaço ocupado pelas mulheres em sua sociedade. “Vamos trabalhar essa autodescoberta da Rami durante o livro, esse seu despertar para a vida e o autoconhecimento emocional, ela começa a se entender uma mulher muito forte, apesar do sofrimento. É uma narrativa muito densa, muito entrelaçada de sentimentos. ‘Niketche’ significa uma introdução à vida amorosa, é uma dança de amor, quando a mulher começa a conhecer a vida sexual. E a história gira em torno dessa poligamia do Tony, por isso o título”, explicou.

A palestrante ressaltou ainda que a história do livro se passa em Moçambique numa época muito próxima de sua publicação, em 2002. “É um livro muito atual, realça uma realidade existente num país dividido culturalmente após a Guerra da Independência e Guerra Fria. Existem tradições diferentes entre o norte e o sul moçambicanos, e, no livro, é retratado também esse embate. É importante para os vestibulandos conhecerem um pouco desse contexto histórico do livro”, salientou.

Será a primeira vez que Bertoni participa do projeto Literatura na Biblioteca, e ela afirmou que as expectativas para o bate-papo estão altas. “Espero poder ajudá-los com o vestibular, mas também, quem sabe, fazer com que reflitam sobre esses assuntos retratados na obra, e que possam abrir a visão para questões como o machismo e outros problemas sociais, e desenvolver um olhar crítico”, concluiu.

Lista de livros

Os livros pedidos no Vestibular da UEL para o biênio 2023/2024, que já foram discutidos no projeto este ano, são: Contos Novos, de Mário de Andrade; Cartas Chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga; O Rei da Vela, de Oswald de Andrade; Histórias que os jornais não contam, de Moacyr Scliar; e Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Depois de “Niketche: Uma História de Poligamia, de Paulina Chiziane”, os próximos livros a ser debatidos, bem como as datas programadas para as reuniões e os palestrantes, são:

– 07/11 – Melhores Poemas, de Fernando Pessoa (palestrante: Felipe Frasson);

– 21/11 – Torto Arado, de Itamar Vieira Junior (palestrantes: Gabriel Camilo e Jefferson Ruiz);

– 05/12 – Chove Sobre a Minha Infância, de Miguel Sanches Neto (palestrante: Fernando Leite);

– 12/12 – O Seminarista, de Bernardo Guimarães (palestrante: André Alcântara).

Débora Mantovani/NCPML

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