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Trago, por oportuno, algumas considerações que apresentei ao dirigir-me, de improviso, ao corpo docente da rede de ensino da Legião da Boa Vontade, que foram publicadas, em trechos, no jornal Correio Braziliense, da capital do Brasil, em fevereiro de 2000, e também em meu livro É Urgente Reeducar! (2010), acrescidas de alguns comentários:

(...) A nossa meta é a grandeza do Espírito humano, o construtor de tudo. E, assim como o corpo precisa de sustentação, nossa parte eterna necessita do alimento transubstancial, sem o que adoece. Por esse motivo aqui está a Pedagogia do Cidadão Ecumênico. A saúde para o Espírito está singularizada no Amor Fraterno, “princípio básico do Ser, fator gerador de vida, que está em toda parte e é tudo”. (...) Não há maior sofrimento do que a ausência dele (...), vigoroso alicerce de comunidades sadias, porquanto a reforma do social deve vir pelo espiritual, isto é, pelas forças internas da criatura, que a tornam poderosa e indestrutível no seu ideal altruísta. Disse Jesus: “O Reino de Deus está dentro de vós” (Evangelho do Cristo, segundo Lucas, 17:21).

Ninguém pode algemar, portanto, a Alma de um ser liberto pelo conhecimento da Verdade iluminada pelo Amor Divino. Daí a virtude incomensurável do saber conduzido pelo sentimento bom que possibilita a sobrevivência humana: o da Justiça aliada à Fraternidade. São valores impressos na biografia de Helen Keller (1880-1968), escritora e conferencista norte-americana, representada no painel “A Evolução da Humanidade” do Salão Nobre do Templo da Boa Vontade (TBV), em Brasília/DF, o monumento mais visitado da capital do Brasil, segundo dados da Setur. Embora se saiba que, aos dezoito meses de vida, estava cega e surda, tornou-se, com o imprescindível apoio de sua amiga e professora Anne Sullivan Macy (1866-1936), um dos mais importantes ícones da luta pela qualidade de vida dos que têm deficiência. É sua esta reflexão: “Até que a grande massa de pessoas seja preenchida com o senso de responsabilidade para o bem-estar de todos, a justiça social jamais será alcançada”.

Bondade, Justiça versus vingança

Confúcio (551-479 a.C.), citado por mim no livro Apocalipse sem Medo (2000), definiu: “Pague a Bondade com a Bondade, mas o mal com a Justiça”.

Já tive oportunidade de considerar que o sábio pensador chinês, ao se referir à Justiça, não a conceberia nunca como promotora de justiçamentos.

O filósofo e pedagogo francês Allan Kardec (1804-1869) também apresenta sua contribuição ao tema: “A Justiça não exclui a Bondade”.

Evidentemente, porque Justiça não significa vingança. Por tudo isso, devemos estar muito atentos ao que Aristóteles (384-322 a.C.) em Ética a Nicômaco, seu filho, ensinou, numa tradução literal, que “A virtude está no meio (In mediovirtus est)”, que prefiro transcrever assim: “A virtude se encontra no equilíbrio”.

A Ciência descobre a Prece

Como vocês sabem, procuramos primeiro falar aos corações. É nosso desejo, em vista disso, que seja clarificado não somente o cérebro, mas também o sentimento, e que jamais sejam esquecidas as ligações permanentes com o Mundo Espiritual Superior. Para que essa sintonia persista para todo o sempre, existe o exercício da prece, hoje investigado pela judiciosa Ciência, que nele tem encontrado agradáveis surpresas de desconhecidas capacidades do ser humano.

[Dos originais de meu livro Os mortos não morrem, um trecho bem apropriado para esses comentários:

Dirigindo-se aos fiéis reunidos no Vaticano, em 2 de novembro de 1983, o papa João Paulo II (1920-2005) enfatiza que o diálogo com os mortos não deve ser interrompido: “Somos convidados a retomar com os mortos, no íntimo do coração, aquele diálogo que a morte não deve interromper. (...) Com base na palavra reveladora de Cristo, o Redentor, estamos certos da imortalidade da alma. Na realidade, a vida não se encerra no horizonte deste mundo.”. (Os destaques são meus.)

Ressalto o excepcional valor das orações também no capítulo “Jesus, o Pão Vivo que desceu do Céu — I”, de As Profecias sem Mistério (1998), no qual apresento as considerações do cientista francês dr. Alexis Carrel (1873-1944), Prêmio Nobel de Medicina de 1912, e o estudo “Efeitos da Prece na Saúde”, realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), na capital do país.]

A prece de um cético e o amplo sentido da oração para religiosos e ateus

Transcrevo, para surpresa de alguns, a prece de um homem tido como cético, ateu e materialista irremediável. Seu nome? François Marie Arouet (Voltaire). Na verdade, não era ateu no sentido que desejavam imputar-lhe. O que não aceitava eram os desmandos, fossem políticos ou religiosos, comuns em sua época, anterior à Revolução Francesa. O autor de Cartas Filosóficas (1734) irritava-os com sua inteligência notável.

Chegou um momento em que deve ter pensado: “Não há solução; temos de procurar uma força maior”. E lembrou-se de Deus, que nada tem a ver com as dissensões entre seres humanos, que usam e abusam do seu livre-arbítrio, sofrendo, ipso facto, as consequências dos excessos praticados.

A prece do célebre crítico francês é para que todos a apreciem. Façam seus pedidos. Deus pode atendê-los. Ou, se não acreditarem no Criador, pensem no que de bom vocês possuem dentro de si próprios ou de si mesmas, de forma que essas qualidades supinas lhes ressurjam com maior intensidade.

Para os Irmãos ateus existe a meditação, que se compara ao ato da prece. Não se deve perder a oportunidade de fortificar a Alma, no que seja benéfico à criatura humana, por questões de diferença de opinião religiosa, ideológica, cultural etc. As leis físicas, que regem a sobrevivência do corpo, são iguais para crentes e descrentes. Trata-se de uma verdade ecumênica científica palmar.

Prece de Voltaire

Não é mais aos homens que me dirijo, é a Ti, ó Deus de todos os seres, de todos os mundos e de todas as épocas! Se for permitido a fracas criaturas perdidas na imensidade e imperceptíveis ao resto do Universo ousar suplicar-Te alguma coisa, a Ti que tudo deste, a Ti cujos decretos são imutáveis e eternos, digna-Te a olhar com piedade os erros ligados à nossa natureza; que esses erros não constituam calamidades. Tu não nos deste coração para nos odiar nem mão para nos estrangular; faze com que nos ajudemos mutuamente a carregar o fardo de uma vida penosa e passageira; que as insignificantes diferenças entre as vestimentas que cobrem nossos corpos, entre nossas línguas insuficientes, entre todos nossos hábitos ridículos, entre todas nossas leis imperfeitas, entre todas as nossas condições tão desproporcionadas a nossos olhos e tão iguais diante de Ti; que esses pequenos matizes que distinguem os átomos chamados homens não sejam sinais de ódio e de perseguição. Possam todos lembrar que são Irmãos! Se as desgraças das guerras são inevitáveis, não nos odiemos, não nos destruamos uns aos outros no seio da paz e empreguemos o instante de nossa existência a louvar igualmente em mil idiomas diversos, desde o Sião até a Califórnia, Tua Bondade que, Senhor, nos permitiu esse momento.

Orar = Meditar

Em Somos todos Profetas (1991), afirmei que estamos corpo, mas somos Espírito. Orar tem similitude com meditar, repito. Podemos dizer que, se o que tem Fé reza, o descrente reflete. Ser humilde perante a Verdade é conduta das pessoas de bem. E estas se encontram entre religiosos e ateus.

Anália Franco: guardiã e gestora da educação das novas gerações

Para finalizar minha mensagem, trago o inspirador exemplo da ilustre educadora, jornalista, poetisa e filantropa brasileira Anália Franco (1853-1919), forte defensora do direito à educação das mulheres e meninas, que, certa vez, declarou: “É uma necessidade da sociedade recuperar com vantagem o benefício que a humanidade perdeu. Temos muita fé nos esforços da mente humana em prol da educação da mocidade, único meio para a regeneração futura. Não é só desbastando as inteligências que se reformarão as gerações; é preciso penetrar no sentimento e fortificar o coração”.

Aliás, Anália Franco rompeu barreiras, valendo-se do espírito associativo, para proporcionar abrigo, instrução e acesso ao trabalho digno aos deserdados da sorte. Instituiu uma importante rede de proteção à mulher e a órfãos. Na defesa da mulher, protagonizou, com O Álbum das Meninas — revista literária e educativa lançada por ela, em 30 de abril de 1898 —, a difusão de ideias de liberdade e de igualdade de gênero, de ingresso da mulher nos ensinos básico e profissional e de sua consequente participação efetiva no mercado de trabalho, de seu destacado papel como guardiã e gestora da educação das novas gerações, além do conceito de empoderamento feminino para a necessária mudança na sociedade de seu tempo.

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor - paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com

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