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Entretenimento 29/06/2020  09h31

Centenário da música sertaneja e sua evolução no Brasil

Das modas de viola às baladas de traição: a evolução do sertanejo

A música caipira surgiu no Brasil há praticamente 100 anos. No período de 1920 a moda de viola surgiu no interior do Brasil e faz parte do universo da música sertaneja. As modas de viola eram um costume do Brasil rural, quando as tropas que conduziam o gado paravam nas fazendas. Sempre havia alguém que dedilhava o instrumento, assim como existia aquele que contava “causos” em torno de uma fogueira. 

Em 1929, Cornélio Pires, compositor e empresário de Tietê (SP), apostou pelo sucesso comercial deste gênero musical e por sua iniciativa foi realizada a primeira gravação do tema “Jorginho do Sertão”, de sua autoria, registrada pela dupla Mariano & Caçula

O gênero ficou conhecido como música caipira, pois as letras retratavam a beleza bucólica e romântica da paisagem, o cotidiano do homem do campo, do tropeiro, e também do homem da cidade, era como crônicas cantadas que cativavam o publico, principalmente através do disco e do rádio.

Entre as duplas pioneiras nas gravações em disco moda de viola, estão: Zico Dias & Ferrinho; Laureano & Soares; Mandi & Sorocabinha;  Mariano & Caçula, entre tantos outros que surgiram conquistando de vez o 1º lugar no coração do brasileiro.

A moda de viola é um gênero musical que até hoje conquista fãs.

Aqui estão as dez modas de viola mais importantes:

- A morte do Carreiro (Carreiro e Carreirinho); - Rei do Gado (Tião Carreiro); - Nelore Valente (Antônio Carlos da Silva e Sulino); - Moça Boiadeira (Raul Torres e Florêncio); - Boi Soberano (Carreirinho, Isaltino de Paula e Pedro Oliveira); - Sapato 42 (João Mulato e Douradinho); - Festa da Bicharada (Raul Torres); - Minha vida (Tião Carreiro) – Bombardeio (Zé Carreiro e Carreirinho) e  Catimbau (Tião Carreiro e Pardinho).

O modelo de música sertaneja encontrada no oeste paulista, norte do Paraná, Minas Gerais, Goiás foi se cristalizando e o som caipira se expandiu pelo Brasil e chegou até à cidade grande, especialmente no Rio de Janeiro e, a "moda de viola" acabou batizando o jeito peculiar de cantar em dupla acompanhado da viola caipira, a fim de diferenciá-lo de outros gêneros. A dupla caipira cantava uma melodia simples, sem ornamentos, onde existia a voz principal e a segunda voz entoando uma terça abaixo, acompanhada da viola e, posteriormente, do violão e sanfona.

Com o passar do tempo e para escapar do preconceito, a música caipira foi denominada música sertaneja e agregou novos instrumentos e temas ao seu repertório. E surgiram duplas famosas que até hoje são lembradas e cantaroladas pelo publico, como: Tonico e Tinoco, Zico e Zeca, Tião Carreiro e Pardinho, Chrystian e Ralf, Leandro & Leonardo, Zezé Di Camargo & Luciano e João Paulo e Daniel. Por exemplo: quem ainda não canta, em alto e bom som, o refrão inesquecível de “Evidências”, de Chitãozinho & Xororó, em qualquer karaokê? Desse hit pra cá, muita coisa mudou nas músicas sertanejas. Porém, sempre tivemos uma certeza: o gênero é um sucesso imbatível.

Após este pontapé inicial, a história da música sertaneja foi dividida em algumas fases: a música caipira ou música sertaneja raiz, matuta, do interior do país; a modernização das modas de viola, trazendo novos ritmos ao gênero, tais quais os riffs das guitarras elétricas e influências das baladas; o surgimento do sertanejo romântico e os desdobramentos desse subgênero, com o universitário e o feminejo.

Atualmente, as paradas de sucesso brasileiras estão dominadas pelos principais nomes do sertanejo, como Marília Mendonça, Maiara e Maraísa, Simone e Simaria, Henrique e Juliano, Gusttavo Lima - citando só alguns para não se perder na imensidão de duplas e cantores solos que se aventuram pelo gênero.

Música Caipira, Sertaneja ou Sertanejo Universitário?

O time de pesquisa do site de roleta online Betway Cassino  montou este infográfico que conta toda essa história e como anda a indústria nos dias de hoje. Confira!

A partir de 1980, houve uma grande exploração comercial da música sertaneja no Brasil, começando com Chitãozinho & Xororó, Leandro & Leonardo, Zezé Di Camargo & Luciano e João Paulo e Daniel. Com a evolução dos ritmos, o sertanejo deixou de ser algo voltado para as comunidades rurais e tornou-se mais dançante e mais urbano, sem perder sua característica em melodia simples e melancólica, Algumas duplas e também cantores solos mudaram suas temáticas e adotaram temas como amor e traição, alem de outros ritmos.

A empresa de monitoramento de mercado e consumo Hibou lançou uma pesquisa que traça bem essa ideia: 60,1% do público do gênero é adepto ao sertanejo universitário, o que indica de fato a evolução da indústria; 46,9% preferem o sertanejo romântico - sabemos que você canta “Evidências”; e 32,8% ainda são adeptos ao sertanejo raiz (caipira).

A verdade é que a indústria hoje é gigantesca e responsável pela maior parcela dos hits tocados nas rádios e nas principais plataformas de streaming, como Spotify, Deezer, YouTube e Apple Music. Para se ter uma ideia, o gênero é responsável por 29% das músicas mais ouvidas em todo Brasil, à frente inclusive do pop, que corresponde a 25%, segundo dados do Kantar IBOPE.

Com a chegada da pandemia (Covid-19) no início deste ano, o mundo parou, e as famílias foram obrigadas a ficarem  em casa para fugirem do vírus, e com isso surgiram os fenômenos das lives, onde o gênero sertanejo aparece como um dos favoritos do público brasileiro.

O cantor Gusttavo Lima, por exemplo, entendendo que todos os jovens que o ouviriam na balada estariam em casa, decorou a sala com canhões de luz, posicionou quatro câmeras, uma delas se movimentando na área da piscina e do jardim de sua residência, e iniciou a primeira live dos tempos modernos. Em cinco horas, cantando cem músicas, atingiu 11 milhões de pessoas e um número recorde de 750 mil acessos simultâneos, 300 mil a mais do que a maior marca anterior, de Beyoncé, no Festival Coachella de 2018. É isso mesmo: o sertanejo desbancou nada mais, nada menos que Beyoncé.

Já a live dos clássicos “Amigos” (Leonardo, Chitãozinho & Xororó, Zezé Di Camargo & Luciano) conseguiu mais 1 milhão de visualizações simultâneas. Ao longo de mais de quatro horas de show, eles cantaram clássicos como "Evidências", "Pense em Mim" e "É o Amor".

Depois, veio Jorge e Mateus. Ao longo de 4h30, eles foram vistos por 3,1 milhões pessoas ao mesmo tempo, totalizando 36 milhões de visualizações, com um show chamado Na Garagem.

Além das empresas parceiras investindo dinheiro, os shows contaram com um inédito potencial de arrecadação para trabalhos sociais. Gusttavo Lima conseguiu R$ 500 mil em doações, entre dinheiro, alimentos, máscaras e álcool em gel. A live dos “Amigos” arrecadou R$ 1,7 milhão em doações. Jorge e Mateus ganharam 172 toneladas de alimentos, 10 mil frascos de álcool em gel e 200 cursos para a área da saúde. Marília conseguiu mais de 225 toneladas de alimentos, duas toneladas de produtos de limpeza, 250 quilos de pão de queijo, 3.600 litros de refrigerante e materiais de construção para serem doados.

E, no embalo das lives muitos outros artistas estão fazendo sucesso e levando ainda mais a música sertaneja para dentro dos lares brasileiros e do mundo.

O gênero sertanejo percorreu um longo caminho até chegar ao que é hoje: um misto de nostalgia e celebração; de sofrência e festa, conquistando o coração e alma do brasileiro.

#JornalUnião

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