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Após o período de estruturação do espaço e de obtenção dos documentos necessários, começou a operar em Londrina, no mês passado, a Central de Valorização de Materiais Recicláveis (CVMR). Do último dia 27 até agora, o local já recebeu mais de 48,5 toneladas de resíduos oriundos das cooperativas que integram a coleta seletiva na cidade. A primeira etapa de funcionamento do espaço, que deve ser finalizada nesta sexta-feira (14), compreende a análise do material. O objetivo é atestar a qualidade dos itens, de modo a garantir bons preços na hora da comercialização. Outras duas fases antecedem o funcionamento pleno do local. São elas o treinamento dos trabalhadores para os processos de trituração e compactação dos produtos, o que deve ocorrer até o final da próxima semana.

Vinícius Marques Campos, engenheiro ambiental e supervisor administrativo da CVMR, explicou que a primeira leva de resíduos tem passado por um procedimento de examinação. “Todos os itens foram triados previamente nos barracões das cooperativas. No entanto, precisamos fazer essa verificação para comprovar a ausência de rejeito e lixo orgânico. Outro propósito é atestar se os carregamentos estão criteriosamente separados nas categorias PET, papel branco, papel misto, papelão, embalagens longa-vida, além dos diversos tipos de plásticos”, frisou.

Após a análise dos primeiros 48.503 quilos recebidos pela Central, a previsão é realizar uma reunião com representes das sete cooperativas de catadores. “Como vamos comercializar os resíduos com indústrias de ponta, sem a figura de atravessadores, o padrão de qualidade dos itens precisam ser bastante elevado. Por isso, vamos convocar os responsáveis pelos processos de enfardamento e triagem, a fim de instruí-los quanto à limpeza e rigorosa segregação dos materiais”, detalhou Campos.

Na quarta-feira (12), após exames por amostragem das mais de 10 toneladas de garrafas PET recebidas nesses primeiros dias de atividade, a CVMR reuniu as cooperativas para um feedback prévio sobre a qualidade do material. “Houve um aproveitamento total de 89,46% dos plásticos. O restante, que não pode ser processado pelos nossos equipamentos, será reconduzido aos catadores para outras formas de comercialização. A avaliação é bastante positiva, observamos que tem havido um cuidado na triagem inicial dos itens”, contou o supervisor administrativo da CVMR.

Próximas fases -  Na semana que vem, os 12 trabalhadores que atuam no espaço receberão treinamento para operar as esteiras e as máquinas de trituração e compactação dos resíduos. A capacitação para o uso dos diferentes maquinários deve durar entre dois e três dias cada uma. A previsão é que os procedimentos sejam finalizados o quanto antes, assim que os técnicos das empresas fornecedoras dos equipamentos cheguem a Londrina para os treinos. Até o final de julho, a expectativa é que a Central esteja funcionando a todo vapor. “Estamos prospectando parceiros na região e até mesmo em outros estados. Queremos começar o repasse de produtos a eles o mais rápido possível. Os contatos estão avançados. Vários compradores estão aguardando apenas uma amostra do material processado para fechar negócio”, afirmou o supervisor da CVMR.     

Histórico - Localizada no Parque Industrial José Belinati, região norte de Londrina, a CVMR é resultado da parceria entre a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), as cooperativas de catadores, a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), a Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza (ABIPLA) e a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (ABIMAPI).

O empreendimento conta com recursos das empresas filiadas às associações, como contrapartida ao acordo setorial firmado entre as fabricantes e o poder público. O tratado é previsto pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) que, dentre vários conceitos introduzidos na legislação ambiental, estabeleceu a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos. Pelo acordo, a iniciativa privada tem por obrigação realizar ações e procedimentos para viabilizar o retorno dos resíduos sólidos à cadeia produtiva.

São atribuições da CMTU o aluguel do barracão de 2 mil m² que abriga a Central, a fiscalização das suas atividades e a orientação dos moradores quanto à correta separação dos detritos gerados nos domicílios, atividade já desenvolvida pelas ações de educação ambiental da companhia.

Funcionamento - A CVMR vai atuar no beneficiamento de plástico, papelão, papel e garrafas PET, agregando valor aos produtos, eliminando a necessidade de atravessadores e possibilitando a comercialização dos itens a preços mais elevados. Quando estiver funcionando com toda a capacidade, a expectativa é que a Central proporcione um aumento de até 20% na renda das cooperativas. O resultado esperado, consequentemente, será a ampliação da oferta de trabalho e o fortalecimento da coleta seletiva na cidade.

Para Eliene Moraes, gestora ambiental da CMTU, o empreendimento deve aumentar também a capacidade de coleta em Londrina. “Com a Central negociando os materiais a preços bem mais vantajosos que os obtidos isoladamente pelas sete associações de catadores, nossa aposta é que o volume recolhido nas ruas do município também registre aumento. O primeiro semestre serviu para a estruturação do espaço e a obtenção do alvará, do laudo dos Bombeiros e da licença ambiental. A partir de agora, no entanto, a iniciativa deve deslanchar”, destacou.

Selma Maria Assis Gonçalves, presidente da Cooper Refum e da Central de Coleta e Comercialização de Materiais Recicláveis de Londrina e Região (Centralcoop), afirmou que a CVMR é até agora a melhor ação voltada aos recicladores londrinenses. “Eu sempre acreditei que isso ia se concretizar. Agora que é realidade, esperamos que os produtos valorizados tragam melhoria de vida a nós catadores. As mudanças já começaram, sabe?  Percebemos que até a triagem nos nossos barracões tem sido feita de modo diferenciado. Precisamos mandar para a Central só coisa boa, devidamente limpa e separada”, ressaltou.

Pelas normas de funcionamento da CVMR, as cooperativas de reciclagem devem encaminhar ao local os resíduos coletados nas ruas e triados previamente nos barracões. Lá, eles serão beneficiados e, posteriormente, vendidos a indústrias de transformação. Da diferença entre o valor pago aos recicladores e o montante obtido pela comercialização dos itens melhorados, 10% ficará reservado à manutenção da própria Central. O restante, ao final de cada exercício, será rateado entre as cooperativas da coleta seletiva de acordo com a quantidade repassada por cada uma delas à Central.

N.com

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