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O Laboratório de Películas, Superfícies e Interfaces (Lab PSI) da UEL acaba de receber uma máquina de produção de películas a plasma de última geração, adquirida com recursos de um edital lançado em 2013 pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), destinado a equipar laboratórios multiusuários.

A máquina custou 120 mil dólares - mais de R$ 400 mil, no câmbio atual. Não é a única no Paraná com suas características, mas é certamente a primeira do Estado com diversos acessórios que a compõem, segundo o professor Alexandre Urbano, do Departamento de Física (CCE), coordenador do Lab PSI. As películas que a nova máquina pode produzir também são chamadas de filmes finos. Têm larga aplicação industrial e são fonte de pesquisa em diversos âmbitos na academia - no caso da UEL, principalmente nas áreas de Física e Química.

Os filmes finos confeccionados pela máquina são, na verdade, filmes finíssimos, produzidos por uma técnica chamada, em inglês, "sputtering", relacionada à deposição de material para recobrir uma superfície por pulverização catódica. Para se ter ideia da espessura desses filmes, o professor Urbano informa que uma lente antirreflexo de óculos contém duas camadas (uma de cada lado) de 10 a 12 películas feitas por máquinas desse tipo. São até 24 películas que um observador, a olho nu, não supõe que estejam recobrindo a lente.

O processo a plasma diz respeito à forma como as películas são produzidas: a partir de gases que, ionizados, tornaram-se condutores de eletricidade. O plasma é considerado, na Física, o quarto estado da matéria (além do sólido, líquido e gasoso).

A máquina trabalha em baixa pressão, afirma o professor Alexandre Urbano. "Para produzir uma película de qualidade, nós temos que reduzir a pressão atmosférica, no interior da máquina, em nove ordens de grandeza. Isso significa um bilhão de vezes, e é conseguido através de um sistema de vasos e bombas turbomoleculares".

Esse sistema é um dos fatores que caracterizam o equipamento como de última geração. Outros são acessórios como um medidor de textura, que permite monitorar a espessura de uma película em tempo real, enquanto ela está crescendo. Também é possível controlar a temperatura do sistema, a aplicação de radiofrequência é autoajustável e o controle da quantidade de gás inserido na câmara é automatizado, de forma que a possibilidade de repetir amostras produzidas na máquina é muito grande.

Multiusuário - Vários setores de pesquisa da UEL serão usuários da máquina. Um deles é o Laboratório de Filmes Finos do Departamento de Física, que analisa a ótica de películas para investigar seu potencial de emprego tecnológico. "Hoje é possível mudar a propriedade ótica de uma película por meios elétricos", explica o professor Urbano. "São as chamadas películas eletrocrômicas, que podem passar do estado claro para o estado escuro. Já existem em alguns retrovisores de automóveis. Permitem não só controlar a luminosidade de ambientes, mas também a temperatura. Têm grande potencial de aplicação".

Já o Grupo de Ótica estuda dispositivos fotovoltaicos feitos de material orgânico, cuja construção depende de filmes finos, porque estes detêm duas propriedades essenciais a essa finalidade ao mesmo tempo: são condutores de eletricidade e são transparentes à luz visível. A máquina pode produzi-los.

No Departamento de Química, o Grupo de Eletroquímica utiliza películas que, interagindo com a luz do sol, conseguem quebrar moléculas orgânicas, como as dos agrotóxicos. "É um trabalho voltado para a remediação ambiental", diz o professor. Para fazer seu trabalho experimental, os pesquisadores do grupo utilizam lâminas de vidro planas nas quais estejam depositados filmes finos como os que podem ser feitos pela nova máquina. Essas lâminas eram importadas, mas agora poderão ser produzidas na própria UEL. "É material de uso rotineiro nos Departamentos de Química e Física, e eu calculo que cada conjunto de 10 lâminas custe coisa de 1.200 dólares - um valor que poderemos deixar de gastar, pois conseguiremos produzir aqui, com toda qualidade", afirma Urbano.

Parceria - Outro âmbito no qual a máquina será útil é o da parceria com empresas. No projeto enviado à FINEP, em 2013, já se apresentavam empresas interessadas nessa parceria. Uma delas, pensando em adotar inovações tecnológicas, produz filtros de combustível, que são necessários em bombas de óleo diesel, porque esse combustível agrega água facilmente. "O filtro tem que ser repelente de água, mas não de diesel, e a máquina tem capacidade para produzir películas que desenvolvem essa ação", explica o professor Urbano. 

Agência UEL

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