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Aluna da primeira turma do curso de auxiliar de confecção ofertado pela Prefeitura de londrina, hoje, dá aula de costura em Tamarana e tem sua própria confecção

A história de Gislaine Gomes na confecção começou de forma despretensiosa. Ela nunca havia sentado em frente a uma máquina de costura até ser aluna da primeira turma do curso de Auxiliar de Confecção Industrial, ofertado pela Prefeitura de Londrina. Hoje, com o suporte que recebeu, tornou-se professora de costura e tem sua própria confecção em Tamarana.

Ela participou da formação profissional oferecida pela Secretaria Municipal do Trabalho, Emprego e Renda (SMTER), em conjunto ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e ao Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Vestuário do Paraná (Sivepar). O curso foi realizado no Distrito de Lerrovile e abriu as portas no mercado de trabalho da confecção industrial para 12 mulheres. Nesta semana, a terceira turma do projeto iniciou a formação, na zona norte. Ao todo, 40 alunas, divididas em duas turmas, vão fazer a formação técnica, de 160 horas. O curso será acompanhado pelas empresas que fazem parte do Sivepar, o que amplia as possibilidades de as alunas saírem empregadas no mercado.

Para o secretário municipal do Trabalho, Emprego e Renda, Gustavo Santos, realizar novas turmas desse curso é possibilitar que mais histórias como a de Gislaine possam se tornar realidade. “Quando vemos uma menina que nunca havia costurado e que, a partir de um curso da Prefeitura, se tornou empresária e professora de costura, temos a certeza de que valeu a pena toda a dedicação do poder público e dos parceiros. Com certeza, daqui um tempo teremos histórias semelhantes das alunas que começaram o curso nesta semana”, vislumbrou o secretário.

Para Gislaine, um dos diferenciais do curso foi ter o suporte da Prefeitura de Londrina durante todo o processo. Isso porque, desde o início do curso, quando ela e outras alunas decidiram montar um grupo e empreender em Lerroville, receberam muito apoio da SMTER, do Senai e do Sivepar. “Foram desde dicas práticas da professora Bianca sobre costura e como montar um negócio, até as informações sobre nosso grupo, repassadas pela Secretaria do Trabalho e do Sindicato, para que empresários trouxessem serviço para gente. Sem esse apoio, não teríamos conseguido nos firmar costureiras”, contou.

Se hoje Gislaine está tocando sua confecção dentro da sua cidade, Tamarana, é porque o caminho que ela trilhou permitiu que aprendesse não só a costurar, mas a se desenvolver como empresária. Dedicação, estudo e perseverança foram a chave do sucesso.

O começo

Quando olhava para uma máquina de costura, Gislaine nunca se imaginava costureira. Pelo contrário, enxergava a ideia até com certo preconceito. Quando o curso começou, ela estava com 25 anos e pensava que não era o momento de sentar e aprender a mexer no equipamento. “Existe uma ideia de que a costura é uma prática que nossas avós fazem. Mas, a grande verdade, é que tudo que o mundo veste, obrigatoriamente, tem a mão de uma costureira. É uma profissão que sempre estará em alta”, disse.

A costureira e empresária explicou que nunca havia imaginado fazer o curso, mas viu nele a possibilidade de ter uma fonte de renda. “Quando a Prefeitura trouxe a formação para Lerrovile, vi uma oportunidade de ter um conhecimento novo e, naquela época, era só isso. Sem a iniciativa da Prefeitura, jamais teria sequer começado. Mas, comecei e conforme fui aprendendo, me destacando e vendo as possibilidades que se abriam, me descobri costureira e entendi que meu futuro estava na confecção”, disse.

O grupo de Lerrovile

A turma de Lerrovile se formou há quatro anos e daquelas alunas surgiu o grupo Retraço Novo. A cooperativa era formada por quatro alunas, que concluíram o curso juntas e decidiram empreender na confecção industrial. Com a Prefeitura e os parceiros intermediando um local para início das atividades e prospectando serviços para o grupo, aos poucos ele se consolidou e passou a gerar renda. “Começamos recebendo pequenas encomendas e fomos nos estruturando. Nesse ramo, faz toda a diferença entregar tudo com qualidade e dentro do prazo. Por isso, fomos dando os passos conforme era possível e crescendo devagar”, explicou.

O Retraço Novo fez grandes entregas e trabalhou com uma diversidade de linhas e produtos. No início da pandemia, as integrantes auxiliaram no combate ao Coronavírus, entregando grandes encomendas de máscaras e aventais hospitalares. Com o tempo, a cooperativa se dissolveu e, hoje, Gislaine tem sua própria confecção, mas a troca de experiências entre as antigas cooperadas continua. “Foi uma experiência maravilhosa para todas nós. Aprendemos a gerir negócios, a precificar os produtos, a negociar com fornecedores, crescemos como empreendedoras e costureiras e conseguimos levar renda para dentro do distrito. Até hoje, a gente conversa e se ajuda bastante. O Retraço Novo me deu condições de, na prática, entender sobre negócios e me moldar como empresária”, contou agradecida.

Geração de renda no distrito

Para aqueles que residem na zona rural de Londrina, é comum levar algumas horas no deslocamento via transporte público até o centro da cidade. Inconformada com isso, Gislaine viu no curso da Prefeitura uma ferramenta de geração de renda dentro do próprio distrito. “Quando conseguimos trazer serviço para a zona rural, nós estamos desenvolvendo os distritos. Toda a cidade e o entorno crescem. Hoje, graças a Deus, além de não me faltar serviço, consigo ajudar outras pessoas da minha cidade e da zona rural”, pontuou.

Segundo a empresária, existe um potencial de crescimento para as confecções da zona rural expandirem seus negócios, basta que as empresas de vestuário olhem para as pequenas confecções que já existem nos distritos. “As grandes empresas precisam ampliar os horizontes e buscar as facções em distritos e lugares mais periféricos. É preciso entender que a cidade não é só a zona urbana. Mais do que a localização, é preciso pesar a qualidade e a produtividade das costureiras. A distância não deve ser um obstáculo”, afirmou.

Ensinando e aprendendo

Gislaine se desenvolveu tanto na confecção que recebeu um convite para ser professora de costura de um projeto de uma empresa de Tamarana. Desde 2021, aquela menina que não sabia passar a linha na máquina começou a formar mão de obra para o mercado de trabalho. Gislaine conta que a primeira turma do projeto formou oito alunas e que, agora, aguarda as próximas aprendizes. “Ensinar a costurar para mim é um grande prazer e um aprendizado diário. Passo às alunas as técnicas que aprendi e as formas de começar produzir. A partir disso, elas poderão desenvolver seus próprios estilos de costura e imprimir sua identidade nas peças. Poder contribuir, assim com o contribuíram comigo, para que essas mulheres, caso desejem, tenham também sua confecção é muito gratificante”, comemorou a professora.

Quem vê Gislaine falando com tanta propriedade sobre negócios precisa entender que, para conquistar essa confiança, foi preciso muita perseverança e estudo. Segundo ela, houve momentos em que faltou serviço e que o desânimo, as dúvidas e as incertezas apareceram. Mas, todos superados e deram lugar a uma sensação de conquista. Hoje, ela acredita que as pequenas vitórias precisam ser comemoradas. “Elas são o principal combustível para não deixar que o cansaço e os problemas vençam a determinação. Acreditar no seu propósito e manter o aprendizado constante farão com que você alcance seus objetivos”, motivou a empresária.

Próximos passos 

Para o futuro, Gislaine espera transformar sua confecção em uma grande indústria, além de continuar formando costureiras. Inclusive, ela já formou a própria irmã, a Talita. “A gente investe para poder crescer. Montar uma fábrica aqui e envolver mais mulheres é um objetivo que, com muito foco e determinação, vamos alcançar. Lançar nossa própria marca de roupas também é um desejo. Sei que, quando precisar, tenho o apoio de todos que fazem parte dessa trajetória. Tenho clientes, que conheci ainda no começo da carreira, por meio da Prefeitura de Londrina e acredito que a confiança faz a diferença, assim continuaremos crescendo”, concluiu.

NCPML

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