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Um confronto com uma nação militarmente poderosa é um risco imenso. Ainda assim, os dirigentes nacionais acham que têm chances de vitória. Proclamam que não vão perder um palmo de território pátrio para uma potência imperialista que quer ter uma atuação destacada na geopolítica mundial. Certamente a opinião pública nacional vai se aglutinar em uma postura nacionalista contra um inimigo perigoso e que ameaça a integridade da pátria. Ninguém acredita que uma guerra possa ameaçar a capital do país. Parte da opinião pública mundial não cogita que o conflito possa se espalhar por outras regiões. O conflito ressuscita o mito da luta entre Davi e Golias e a tendência no continente é ficar do lado mais fraco contra uma potência mundial. As forças armadas nacionais se declaram aptas a repelir qualquer ataque vindo do exterior. Por sua vez, a potência militar elege a marinha nacional como o pilar mais importante para a supremacia militar.

O bom senso manda que a disputa do território seja feita por meio de negociações diplomáticas para evitar o pior, ou seja, um confronto militar. Todos sabem que só quando a política se esgota é que sobrevém a guerra. Portanto, é preciso negociar exaustivamente para que não haja perda de soldados e civis, além de material bélico. A diplomacia divulga através dos canais de comunicação do país que todos os meios estão sendo tentados para evitar o confronto. Contudo, quando a nação está sob o domínio de uma ditadura, os meios de comunicação são censurados e a população só tem acesso aos informes oficiais. Publicar notícias que retratam a realidade é considerado um crime e um ato de traição. A pena é a execração pública e cadeia para os jornalistas que podem estar a soldo da potência estrangeira. A repressão policial é forte, e casos de prisão sem direito a julgamento, tortura de opositores são divulgados no exterior. É impossível impedir que veículos independentes apurem e divulguem o que está por trás do confronto. De um modo geral, a opinião pública mundial entende que a ditadura quer desviar para um problema externo as agruras que o povo vive.

A principal força do inimigo está no mar. Tem uma das maiores frotas navais do mundo com os equipamentos mais modernos e eficazes. O míssil é certeiro e atinge em cheio o cruzador, o símbolo da marinha. O moral das tropas se abate diante do sucesso do inimigo. É um prenúncio da derrota, O submarino atômico Conqueror põe à pique o navio argentino. A guerra pela posse das ilhas Malvinas, ou Falklands, no meio do Atlântico chega a um momento decisivo. A ditadura militar não tem mais como se manter no poder, depois da morte de mais de 500 marinheiros, a metade das perdas nacionais no conflito. Os militares tentam se justificar diante da derrota com o argumento que o Belgrano navegava fora da zona de exclusão britânica, e foi atacado covardemente. Não adianta. O vexame de 8 de maio de 1982 é um fator decisivo para o início da volta da democracia na Argentina. A guerra acaba aí, mas a polêmica só se inicia. Políticos acusam a Dama de Ferro, primeira ministra Margaret Thatcher, de buscar a popularidade para se manter no poder. Ela fica à frente do governo do Reino Unido por 11 anos.

Heródoto Barbeiro é jornalista do R7,  Record News e Nova Brasil fm, além de autor de vários livros de sucesso. Acompanhe no YouTube “Por dentro da Máquina” - https://www.youtube.com/channel/UCAhPaippPycI3E1ZRdLc4sg

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