Digite pelo menos 3 caracteres para uma busca eficiente.
Heródoto Barbeiro 20/11/2019  15h18

Ele voltou

O avião proveniente do sul do país pousa no aeroporto bem no centro da cidade. O velho líder está de volta com ampla cobertura da imprensa. Suas declarações o antecedem e acendem os debates políticos entre os seus seguidores e opositores. O velho populista está de volta à cena política, mas na prática mesmo isolado no sul,  nunca se afastou dela. Seus admiradores iam e vinham com suas mensagens, tiravam fotos ao seu lado e publicavam, e o mantinha vivo na mente do povo de todo o Brasil. As entrevistas realizadas durante o período que esteve materialmente isolado  fizeram sucesso, especialmente em revista de circulação nacional. Assim, o “exílio “ forçado tinha sido habilmente convertido em mote político. De lá comandava seus apoiadores e dava pitacos no governo federal. Por isso ninguém estranha que quando o avião pousa, e uma multidão o espera no aeroporto, a direção do partido já tenha uma agenda de viagens para as principais cidades brasileiras. Não fica estacionado em uma só capital.

O velho líder político reitera  que quando governou o Brasil, foi o momento de maior crescimento econômico, com o desenvolvimento da indústria e do agro negócio. Aos desassistidos  lembra constantemente que foi o momento de ascensão social de maior intensidade com muita gente adquirindo melhores condições de vida. Afinal ele  vem do campo e muitas vezes é chamado de pai dos pobres. Nessa nova fase de sua longa carreira política repete os slogans mais conhecidos e sua voz e entonação são nacionalmente identificados. Logo na primeira frase todos já sabem de quem se trata. Muitos artistas e humoristas o imitam e sua imagem não sai das charges publicadas na mídia. Não cansa de repetir que volta para conciliar o país, unificar as divergências, sem rancor e sem ódios. Sente-se um jovem, apesar da idade, capaz de liderar o povo brasileiro em direção a uma sociedade mais justa, igual e solidária. Nem bem está de   volta e já  viaja e é recebido por multidão de admiradores.

As acusações de corrupção não se atenuam mesmo com sua volta. Pelo contrário ocupa amplos espaços na imprensa, e casos antigos são retomados e recontados com mais ênfase. Ele nega que tenha se favorecido e que jamais permitiu que seus parentes de aproveitassem do poder para enriquecer. A atmosfera política se assemelha ao campeonato de futebol, um verdadeiro Fla-Flu, e ao invés de conciliação o que se vê é a  radicalização. Seus apoiadores comparecem em manifestações e cantam o refrão “ deixem o velhinho trabalhar “. Nunca se viu na história do Brasil a vida de um político que, teoricamente estaria morto, ressuscitar e mobilizar multidões. Teme-se que possa implantar uma nova ditadura populista como fez quando liderou o golpe que implantou o Estado Novo. Getúlio está de volta ao palácio presidencial e ninguém sabe se o se governo vai ou não chegar ao fim. Os investimentos nacionais e estrangeiros estão ariscos, há uma desconfiança sobre os destinos da economia, e um clima de instabilidade jurídica. Mas o cantor Francisco Alves, mantem nas paradas de sucesso o hit “ Bota o retrato do velho outra vez, Bota no mesmo lugar, o sorriso do velhinho, faz a gente trabalhar.”

Heródoto Barbeiro, editor chefe e âncora do Jornal da Record News em multi plataforma.  www.herodoto.com.br       https://herodoto.com.br/livros-publicados/

#JornalUnião

Utilizamos cookies e coletamos dados de navegação para fornecer uma melhor experiência para nossos usuários. Para saber mais os dados que coletamos, consulte nossa política de privacidade. Ao continuar navegando no site, você concorda integralmente com os termos desta política.