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Bombardeios russos destroem cidades, matam pessoas enquanto governo Putin faz parecer que tudo está bem no país vizinho

As estradas estão cheias de cadáveres. Os soldados russos invadem as casas no campo, sem nenhuma defesa, e pilham o que podem. Levam os estoques de grãos, os alimentos já preparados, roupas, enfim tudo o que podem carregar. Os animais no pasto ou são abatidos ou levados em grandes rebanhos não se sabe para onde. Mulheres são estupradas. Qualquer reação dos homens é seguida de fuzilamento sumário. Tudo isso é necessário para manter a Mãe Rússia, ainda herdeira dos tempos do czar, quando Pedro, o Grande, derrotou a Suécia e tomou a região norte onde construiu a capital do império, São Petersburgo, em homenagem a si mesmo. É a Veneza do Norte.

À multidão de ucranianos não resta alternativa senão abandonar sua casa pilhada e partir sem rumo em direção aos confins gelados da Sibéria. A fome atinge a todos, e há relatos de canibalismo. Os que conseguiram esconder alguma comida vivem de um pouco de fubá barato, palha de trigo, folhas secas de urtigas e outras ervas daninhas. É a alternativa para não morrer de fome em uma região próspera na produção de trigo e outros cereais.

A  vida se tornou um inferno mesmo que os habitantes não se envolvessem em emboscadas contra os soldados russos. As escolas estão abandonadas e apenas poucos alunos ainda conseguem estudar. A maioria emigrou com os pais, ou os estudantes morreram ou simplesmente sumiram, muitos vagam como zumbis nas estradas do interior da Ucrânia. Aldeias inteiras são dizimadas, e em algumas regiões a taxa de mortalidade chega a 30%.

A área rural do país, conhecida mundialmente como o lar da terra negra, fecunda, produtiva, é reduzida a um deserto cujo silêncio é quebrado por tiros das tropas de ocupação nas pequenas fazendas. O governo da Mãe Rússia manobra para que notícias sobre mortes e expulsão da população ucraniana não cheguem ao Ocidente. Alguns veículos até tentam, mas há uma proibição para que repórteres possam constatar o que os boatos disseminam em Moscou. Só o noticiário oficial sob controle da ditadura é fornecido. Imprensa independente nem pensar. Há suspeita de que alguns jornalistas americanos são corrompidos e um deles chega a ganhar o prêmio Pulitzer com uma reportagem em que tudo está em paz atrás das fronteiras da Ucrânia.

A desgraça que se abate sobre o país tem nome e sobrenome. O ditador é o responsável pela morte de tanta gente. As estatísticas divergem entre 3 milhões e 4 milhões de mortos. Um verdadeiro genocídio.

Anda estão na memória da população as barbaridades perpetradas pelos nazistas durante a 2ª Guerra Mundial, quando promoveram o assassinato em massa de milhões de judeus, ciganos, testemunhas de Jeová, homossexuais e outras minorias. Um dos campos de extermínio é Babi Yar. Josef Stalin, ditador da União Soviética, quer submeter o campesinato ucraniano que rejeita perder as suas propriedades e torná-las parte de uma exploração coletiva, como manda o modelo comunista soviético. Coletivização quer dizer domínio do Estado sobre os ricos recursos agrícolas da Ucrânia para a exportação. A URSS precisa de uma moeda forte para financiar o processo de industrialização e a indústria bélica. Sem esta, não é possível manter unida uma grande quantidade de regiões. É preciso força, violência e determinação de construir a pátria do comunismo. Nem que isso custe morte, destruição e toda sorte de terror.

Heródoto Barbeiro é jornalista do R7, comentarista da Record News e Nova Brasil FM, além de autor de vários livros de sucesso. Acompanhe-o por seu canal no YouTube “Por dentro da Máquina”. www.herodoto.com.br

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