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A reunião entre o presidente do Brasil e dos Estados Unidos está cercada de incertezas. Há algum tempo a diplomacia brasileira tenta contornar o mal-estar provocado pelas falas e atitudes do presidente brasileiro. O alinhamento entre os dois países que perdurou muitos anos é substituído pela desconfiança mútua entre as duas nações. É verdade que a conjuntura mundial não ajuda, mas nada justifica as publicações na imprensa americana que o Brasil é governado por um presidente que é acusado pela oposição de ter inspirações fascistas. O combate à esquerda é uma das características do atual governo, que a acusa de estar eivada de comunistas favoráveis a mudanças radicais nas estruturas arcaicas da sociedade brasileira. Os apoiadores do governo ocupam os meios de comunicação para lembrar o levante comunista que terminou com a morte de vários militares nos quartéis do nordeste e do Rio de Janeiro. O Departamento de Estado americano se esforça para que haja um encontro entre eles e que seja assinada uma declaração conjunta, colocando os dois países em busca de um mesmo ideal.

A guerra na Europa desorganiza a economia mundial. As nações beligerantes intensificam os bloqueios marítimos com sua frota de superfície e de submarinos. O Brasil se ressente da perda de mercados e de oportunidades para escoar sua produção agrícola. É verdade que os Estados Unidos compram o produto brasileiro, mas os países europeus – nem que quisessem! – poderiam ter acesso a ele, uma vez que os portos estão fechados. Um encontro entre os chefes de Estado pode recuperar a imagem do Brasil no exterior, desgastada com as idas e vindas da diplomacia tupiniquim. Diplomatas se esforçam para escolher um local que seja acessível ao presidente americano, que não tem disposição, nem saúde para ir até a capital do Brasil. Isso é compensado com uma reunião pessoal, coisa que poucos dirigentes mundiais já conseguiram. Um tête-à-tête entre um líder do partido democrata e um chefe de Estado acusado de dar golpes, restringir a democracia, amordaçar a imprensa e se apoiar nos militares para se manter no poder. Aparentemente esse encontro tem tudo para dar errado. A imprensa internacional acompanha com interesse e está pronta para publicar o que não se vê na mídia brasileira.

O presidente brasileiro, até agora, tem dito que o Brasil não é mais um país neutro no conflito que se desenrola na Europa. Isso não diminui as suspeitas da afeição pelo fascismo. O presidente americano impõe um encontro em Natal, no Rio Grande do Norte, sede de uma base militar ianque, onde navios e aviões fazem uma parada na transferência de material de guerra para o norte da África. O democrata Franklin Dela­no Roosevelt convida o ditador Getúlio Vargas para uma conversa a bordo do navio de guerra que o conduziu desde Casablanca, no Marrocos, onde se encontrou com outros líderes aliados em 1943. É divulgada a tão esperada declaração conjunta que abre as portas para um empréstimo para a construção de uma usina siderúrgica em Volta Re­donda. Em troca, o Brasil facilita a exportação de minérios estratégicos para a máquina de guerra americana e cede bases no litoral nordestino. Uma delas é a de Natal, local do encontro. Com essa aproximação, os militares que eram simpáticos ao Eixo e acredi­tavam que Hitler venceria a guerra, perdem influência no governo. Os submarinos ale­mães tentam impedir o fornecimento dos materiais estratégicos e afundam mais navios brasileiros. Esta foi a alavanca para que o Brasil declarasse guerra à Alemanha nazista e à Itália fascista. Nessa conferência, também se decide que uma força expedicionária brasileira se juntará para combater ao lado dos americanos na Itália. O que não se sabe é até quando os democratas vão prestigiar os presidentes brasileiros.

Heródoto Barbeiro é jornalista do R7,  Record News e Nova Brasil fm, além de autor de vários livros de sucesso. Acompanhe no YouTube “Por dentro da Máquina”,

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* Os textos (artigos) aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do GRUcom -  Grupo União de Comunicação.

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