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Centros industriais são forçados a enfrentar problemas crescentes relacionados com o abastecimento dos derivados de petróleo

A culpa é do governo. Os preços dos combustíveis estão afixados nos postos de gasolina espalhados pelas cidades brasileiras. Aos motoristas só resta rodar atrás de ofertas mais camaradas. A alta dos preços atinge os mercados mundiais. O barril de petróleo sobe 400% em pouco tempo, coisa impensável até então.

Afinal a opinião pública mundial toma consciência de que o produto é finito, ainda que novas jazidas tenham sido encontradas, especialmente na plataforma continental. O cartel da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) transforma essa commodity em um instrumento político.

Diminui drasticamente a produção, e com isso os preços sobem. A crise energética atinge as principais economias do mundo, especialmente os países industrializados, em particular os Estados Unidos, os da Europa Ocidental, Canadá, Austrália e Japão. Nesses países, a escassez real proporciona o aumento desproporcional do petróleo e seus derivados.

Boa parte do noticiário se reporta à crise, e as perspectivas para a economia não são as melhores. Há quem afirme que o crescimento do PIB vai encolher e alguns países vão entrar em recessão. A crise leva ao crescimento econômico estagnado em determinados países. A combinação de crescimento estagnado e inflação de preços leva à cunhagem do termo “estagflação”.

Os efeitos sociais são inevitáveis, uma vez que o combustível faz parte da cadeia de produção e transporte dos produtos. Os consumidores atestam isso nos supermercados, com os carrinhos cada vez mais vazios, uma vez que a inflação come o poder aquisitivo da moeda. Sobra espaço para a guerra, que na visão de muitos é a grande responsável pela desorganização da produção de petróleo.

Centros industriais são forçados a enfrentar problemas crescentes relacionados com o abastecimento dos derivados de petróleo. O controle da oferta se torna sério problema. Os dólares fluem dos países mais ricos e se acumulam nos cofres dos produtores, especialmente no Oriente Médio. É o nascimento do chamado “petrodólar”.

Surgem várias propostas para driblar os preços e a falta de combustível. O governo brasileiro faz apelo para que os motoristas consumam menos gasolina. Baixa uma norma que impõe o fechamento dos postos das 23hs às 6 da manhã e o fechamento nos sábados, domingos e feriados. Adeus, fim de semana na praia ou pescaria no interior do país. Consumidores tentam se adequar à nova situação, mas a conjuntura aprofunda a crise que vive o regime militar. A matriz de transporte brasileira é sobre pneu e motor tocado a diesel.

Caminhões, locomotivas e até navios dependem do combustível. Não se muda a matriz de transporte de uma hora para outra, ainda que haja um lamento saudosista de quando as estradas de ferro suportavam boa parte da carga no país. Elas estão sucateadas, e florescem as multinacionais produtoras de caminhões de toda ordem. Um paraíso para o capital internacional.

O mercado mundial não tem fôlego para fornecer o produto, e ninguém sabe até onde isso pode chegar. O embargo proclamado pelos países árabes exportadores de petróleo é uma resposta à decisão dos Estados Unidos de voltar a fornecer assistência aos militares israelenses durante a Guerra do Yom Kippur, que dura até março de 1974. Ninguém é capaz de afirmar se com o fim do conflito árabe-israelense o mundo não estará no futuro sujeito a uma nova falta do produto.

Heródoto Barbeiro é jornalista, comentarista do R7, Record News e Nova Brasil FM, além de autor de vários livros de sucesso. Acompanhe-o por seu canal no YouTube ”Por dentro da Máquina”, clicando no link: http://https://www.youtube.com/channel/UCAhPaippPycI3E1ZRdLc4sg

* Os textos (artigos) aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do GRUcom -  Grupo União de Comunicação

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